PACHECO, Álvaro
* const. 1987-1988; sen.
PI 1987-1989.
Álvaro
dos Santos Pacheco nasceu em Jaícos (PI) no dia 26 de
novembro de 1933, filho de Benedito Pacheco e de Ana Santos Pacheco.
Transferindo-se
para o Rio de Janeiro, então Distrito Federal, ingressou no serviço público em
1951. Lotado no Ministério da Educação e Saúde, passou a trabalhar no Instituto
de Neurologia da Universidade do Brasil, com o professor Deolindo Couto.
Posteriormente, tornou-se editor do Anuário de Arquitetura, publicação
da Faculdade Nacional de Arquitetura, que divulgou os primeiros trabalhos do
arquiteto e urbanista Lúcio Costa sobre o planejamento de Brasília. Mais tarde,
requisitado por Artur César Ferreira Reis, então diretor do Departamento
Nacional de Indústria e Comércio (DNIC) do Ministério da Indústria e Comércio,
integrou a Comissão Brasileira de Turismo, que deu origem à Empresa Brasileira
de Turismo (Embratur).
Formado
pelo Centro de Preparação de Oficiais da Reserva (CPOR), esteve no serviço
ativo do Exército de 1954 até 1956, tendo servido na Escola de Intendência do
Exército e no Batalhão de Engenharia, na Vila Militar, no Rio de Janeiro, e
depois foi para o Espírito Santo, onde serviu no 32o Batalhão de
Caçadores, em Vitória. Nesse último ano começou a trabalhar no jornalismo,
passando, por um breve período, pela revista Manchete, do grupo Bloch, e
pelo O Jornal, dos Diários Associados. Ainda em 1956,
transferiu-se para o Jornal do Brasil, onde passou a integrar a equipe
comandada por Odilo Costa Filho, que comandou a reformulação desse diário.
Dentre as várias funções que ocupou no jornal carioca, foi também crítico de
cinema. Em 1958 bacharelou-se em direito pela atual Universidade Federal do Rio
de Janeiro (UFRJ). Em seguida, tornou-se chefe do grupo que coordenou e
promoveu a conclusão e o lançamento do pavilhão internacional do Campo de São
Cristóvão, local onde se realizou a primeira exposição internacional do Rio de
Janeiro naquele ano.
Em
1962 deixou o Jornal do Brasil para fundar a Editora Artenova Ltda., dedicada,
inicialmente, somente a publicações de revistas especializadas, como Arquitetura,
Revista Brasileira de Energia Elétrica, Economia e Desenvolvimento,
Medicina e ADVendas, entre outras. No ano seguinte, juntamente
com Odilo Costa Filho, Cícero Sandroni e Pedro Penner da Cunha, fundou a
Edigraf, Editora e Gráfica Ltda., com um pequeno parque gráfico na praça da
Cruz Vermelha, no Rio. Como essa editora encerrou suas atividades em 1969,
Álvaro Pacheco concentrou seus esforços na Editora Artenova, transformando-a em
editora de livros e revistas e montando em Benfica um dos mais modernos parques
gráficos do Rio de Janeiro, tornando-se pioneiro na introdução no Brasil da
mais avançada tecnologia da indústria gráfica moderna, inclusive composição
eletrônica e avançados métodos de impressão. A partir de então, recomeçou no
Brasil, após mais de 30 anos, a publicação de A comédia humana, de
Balzac, bem como começou a publicar obras de autores estrangeiros até então
desconhecidos pelos leitores brasileiros, como Kurt Vonnegut Jr., Malcolm
Lowry, Mary MacCarthy, entre s outros, e também de autores nacionais como Rubem
Fonseca, Clarice Lispector, João Ubaldo Ribeiro, na época inteiramente
desconhecido, Carlos Castelo Branco, Odilo Costa Filho, , Paulo Rónai e Alfonsus
de Guimarães Filho.
Em
1975 fundou no Rio a Artenova Filmes e em Roma a Ariel Cinematográfica,
empresas dedicadas, respectivamente, à produção de filmes brasileiros e à
distribuição de filmes estrangeiros. Com a primeira, produziu os filmes O
caso Cláudia, um dos maiores sucessos do cinema brasileiro, e Terror e
êxtase; com a segunda, acelerou o processo de abertura na censura e
distribuição de filmes, com o lançamento de O império dos sentidos e O
dia seguinte.
Filiando-se
ao Partido da Frente Liberal (PFL), no pleito de novembro de 1986 concorreu a
uma cadeira de senador constituinte pelo seu estado natal nessa legenda,
conseguindo ficar como suplente. Com a nomeação do senador Hugo Napoleão para o
Ministério da Educação em 30 de outubro de 1987, Álvaro Pacheco assumiu sua
vaga no Senado no dia 3 de novembro seguinte. Diante disso, não participou dos
trabalhos das comissões e subcomissões da Assembléia Nacional Constituinte
(ANC), mas somente das discussões e votações em plenário. Votou a favor da proteção
ao emprego contra a demissão sem justa causa, da pluralidade sindical, do presidencialismo
e do mandato de cinco anos para o então presidente José Sarney (1985-1990).
Votou contra a soberania popular, o voto aos 16 anos, a nacionalização do subsolo,
a estatização do sistema financeiro, o limite de 12% ao ano para os juros reais
e a proibição do comércio de sangue. Ligou-se ao Centrão, grupo de
parlamentares conservadores que atuou na Constituinte, mostrou-se contrário a
medidas que possibilitassem a implantação da reforma agrária e também
considerava desnecessária a participação popular no processo legislativo.
Em janeiro de 1988 candidatou-se à cadeira
nº 4 da Academia Brasileira de Letras (ABL), que ficara vaga com a morte do
escritor gaúcho Clodomir Viana Moog, concorrendo com o historiador Hélio Silva
e o jornalista Gerardo de Melo Mourão. O senador, apesar do apoio do presidente
José Sarney, titular da cadeira nº 36 na Academia e de quem era editor, não
conseguiu a votação que o tornaria imortal, já que obteve apenas 19 votos,
quando o quorum era de 20. Dessa forma, mesmo tendo sido o mais votado, não
conseguiu se eleger.
Com a promulgação da nova
Constituição em 5 de outubro desse ano, Álvaro Pacheco passou a exercer somente
o seu mandato ordinário. Permaneceu no Senado até 16 de janeiro de
1989, quando Hugo Napoleão reassumiu sua cadeira na Câmara Alta. A partir de
então, tornou-se assessor especial do presidente José Sarney. Ainda em 1989
voltou a concorrer a uma cadeira na ABL, mas foi derrotado, desta feita pelo
professor Cândido Mendes de Almeida. Em 1997 disputou novamente uma cadeira na
ABL, porém, mais uma vez, foi derrotado, nesta oportunidade por João Ubaldo
Ribeiro.
Foi, ainda, membro do Conselho Nacional de
Cultura e do Conselho Nacional de Política Cultural do Ministério da Cultura,
da União Brasileira de Escritores e da Academia Piauiense de Letras.
Casou-se com Maria Emília Lucindo Pacheco,
com quem teve um casal de filhos.
Publicou
Os instantes e os gestos (1958), Pasto da solidão (1965),
Margem rio mundo (1966), O sonho dos cavalos selvagens (1967), A
força humana (1970), A matéria do sonho (1971), Tempo integral (1973),
O homem de pedra (1975), Itinerários (1983), Seleção de poemas (1984),
Balada do nadador do infinito (1984), Geometria dos ventos (1992), Triptique
pour Vincent (em português, francês e italiano, 1994) e Solstício de
inverno (1998).
Alan
Carneiro
FONTES:
ASSEMB. NAC. CONST. Repertório. (1987-1988); COELHO, J & OLIVEIRA,
A. Nova; CURRIC. BIOG.; Folha de São Paulo (5/11/87; 22/7/88;
25/8/89); INF. BIOG.; Jornal do Brasil (17/1/89; 24/11/93); SENADO. Dados
biográficos (1987-1991).