ARAÚJO,
João Hermes de
*diplomata; emb. Bras. Argentina 1984-1987;
emb. Bras. França 1988-1991.
João Hermes Pereira de Araújo nasceu no Rio de Janeiro no dia 30 de março de 1926, filho
de Válter Pereira de Araújo e de Maria da Glória da Fonseca Hermes Pereira de
Araújo. Seu tio-avô materno, marechal Hermes da Fonseca, foi presidente da
República entre 1910 e 1914.
Bacharel
pela Faculdade de Direito na Pontifícia Universidade Católica (PUC) do Rio de
Janeiro em 1948, formou-se no curso de preparação à carreira de diplomata do
Instituto Rio Branco, sendo nomeado cônsul de terceira classe em outubro de
1951. Na Secretaria de Estado das Relações Exteriores (SERE), que funcionava no
Palácio Itamarati, no Rio de Janeiro, exerceu a função de assistente da Divisão
de Atos, Congressos e Conferências Internacionais (1951-1954), tendo sido
secretário da Comissão Nacional de Fiscalização de Entorpecentes em 1951 e
estagiário na Academia de Direito Internacional de Haia (Países Baixos) em
1953. Removido para Roma em 1954, lá exerceu as funções de terceiro-secretário
na embaixada do Brasil junto à Santa Sé até 1956, ano em que foi promovido, por
merecimento, a segundo-secretário, continuando nas mesmas funções até 1960.
Nesse período, participou de diversas missões especiais no Vaticano. De volta
ao Brasil, entre 1960 e 1961 foi chefe do cerimonial e vice-chefe do gabinete
do governador da Guanabara, Carlos Lacerda. Em dezembro de 1961, foi promovido
a primeiro-secretário, por merecimento.
Novamente
lotado na SERE, foi assistente do chefe da Divisão das Nações Unidas (1962) e
em 1963 foi chefe substituto do Departamento de Assuntos Jurídicos. No mesmo
ano assumiu os cargos de chefe da Divisão de Atos Internacionais (1963-1964),
secretário da Comissão Nacional de Fiscalização de Entorpecentes (1963-1964) e
membro da Comissão de Estudos para a Orientação do Brasil em Direito do Mar
(1963-1964). Transferido em 1964 para a Argentina, ocupou o cargo de
primeiro-secretário na embaixada em Buenos Aires até 1967, participando da I Reunião da Comissão Consultiva Interamericana do Conselho Administrativo da
Organização Internacional do Trabalho (OIT) em Buenos Aires (1965). Foi promovido a conselheiro em fevereiro de 1967 e permaneceu até 1971 em Buenos Aires, tendo ocupado nesse período diversas vezes o cargo de encarregado de negócios
(1967, 1968, 1969 e 1971).
À disposição do grupo brasileiro na reunião ad hoc
para o Projeto A4 em Buenos Aires em 1969, no ano seguinte participou da
reunião do grupo de peritos para financiamento de projetos do Comitê
Intergovernamental Coordenador dos Países da Bacia do Prata, em Assunção
(Paraguai). Promovido a ministro de segunda classe, por merecimento, em
novembro de 1971, tornou-se no mesmo ano sócio correspondente do Instituto
Histórico e Geográfico Brasileiro (IHGB). De volta à SERE, agora funcionando no
palácio Itamarati de Brasília, foi nomeado chefe da Divisão da Bacia do Prata e
Chile (1972) e, nessa função, representou o Brasil em reuniões no Uruguai e no
Peru, bem como no Conselho de Administração da Itaipu Binacional de 1974 a 1976, quando passou a integrar o conselho como membro, função que exerceria até 1981.
Entre 1975 e 1981 foi chefe do Departamento das Américas,
integrando, nesse período, a comitiva do presidente Ernesto Geisel no encontro
presidencial de Rivera (Uruguai) em 1975 e no encontro com o presidente do
Peru, general Francisco Morales Bermudes, em águas fronteiriças do rio Solimões
em Tabatinga (1976). Foi chefe da I Reunião do Grupo de Trabalho de Área Básica
sobre Recursos Hídricos e outros Recursos Naturais dos Países da Bacia do
Prata, reunido em Brasília em 1976, e em maio daquele ano foi promovido, por
merecimento, a ministro de primeira classe. No ano seguinte chefiou a I Reunião
Preparatória do Tratado de Cooperação Amazônica em Brasília e a Conferência das
Nações Unidas sobre a Água em Mar del Plata (Argentina). Ainda em 1978 chefiou
a delegação brasileira à II Reunião Preparatória do Tratado de Cooperação
Amazônica em Brasília, além de ter participado da reunião do Ministério das
Relações Exteriores para a assinatura do Tratado de Cooperação Amazônica, em Brasília. Subchefe da delegação brasileira à I Reunião da Comissão Mista de Cooperação
Brasileiro-Mexicana, em Brasília, em 1979 integrou a comitiva do ministro das Relações
Exteriores, Ramiro Saraiva Guerreiro, em sua visita a Lima para a I Reunião do
Conselho Andino e, em 1980, as comitivas do presidente João Batista Figueiredo
na visita a Assunção (Paraguai) e do ministro Saraiva Guerreiro ao Chile, tendo
integrado ainda a comitiva presidencial em visita a Santiago (Chile). No mesmo
ano, participou da XI Reunião de Chanceleres da Bacia do Prata e da I Reunião
dos Ministros das Relações Exteriores do Tratado de Cooperação Amazônica. Chefe
da delegação brasileira à VI Conferência da Comissão Mista Brasileiro-Francesa
Demarcadora de Limites, realizada em 1981, em Brasília, nesse mesmo ano
tornou-se embaixador em Bogotá (Colômbia) e, nessa função, participou em 1983
da II Reunião de Chanceleres do Tratado de Cooperação Amazônica em Cali
(Colômbia).
Embaixador
em Buenos Aires, em substituição a Carlos Frederico Duarte, permaneceu na
capital argentina de 1984 a 1987, quando cedeu a chefia da embaixada brasileira
a Francisco Thompson Flores Neto. Nesse período, representou o Brasil no Comitê
Intergovernamental Coordenador dos Países da Bacia do Prata e participou, em
1985, do encontro entre os presidentes Raul Alfonsín e José Sarney em Foz do
Iguaçu (PR). Delegado às reuniões de chanceleres de países da Bacia do Prata
realizadas em Buenos Aires em 1986, integrou as comitivas oficiais na visita do
presidente Sarney à Argentina, na visita do presidente Alfonsín ao Brasil e, no
ano seguinte, na visita de trabalho do presidente Sarney à Argentina.
Nomeado
embaixador em Paris em 1988, sucedendo ao embaixador Antônio Correia do Lago,
permaneceu na função até início de 1991, tendo sido sucedido pelo embaixador
Carlos Alberto Leite Barbosa. Em março desse ano, já ministro de primeira
classe há 15 anos, passou para o quadro especial do ministério. Por portaria de
25 de fevereiro de 1992 foi nomeado diretor do Museu Histórico e Diplomático do
Itamarati, que funciona no Palácio Itamarati do Rio de Janeiro, antiga sede do
ministério, cargo que ocuparia até 2005, e tornou-se presidente da Comissão
de Estudos de História Diplomática, responsável, entre outras tarefas, pelas
pesquisas realizadas no Arquivo Histórico do Itamarati. Aposentou-se em 1995,
sem, contudo, ter abandonado essas duas últimas funções.
Sócio do Instituto Histórico-Geográfico Brasileiro, tornou-se
vice-presidente da instituição no biênio 2008-2009.
Casou-se com Maria Amélia Fonseca Costa Pereira de Araújo e
teve cinco filhos.
Publicou A processualística dos atos internacionais
(1958) e, em co-autoria com Rubens Ricupero e Marcos Azambuja, Três ensaios
sobre a diplomacia brasileira (1989). Participou também da organização do
livro Palácio Itamaraty — Brasília — Rio de Janeiro (1994) e foi
responsável pela organização, iconografia e legendas do livro Barão do Rio
Branco, uma biografia fotográfica (1995). Em 1996 publicou, em co-autoria
com Mário Henrique Simonsen e Aspásia Camargo, Aranha, a estrela da
revolução.
Sílvia
Escorel
FONTE: MIN. REL. EXT. Anuário
(1983); www.ihgb.org.br/ihgb27.php (acesso em 29/09/2009).