ARNON AFONSO DE FARIAS MELO

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Nome: MELO, Arnon de
Nome Completo: ARNON AFONSO DE FARIAS MELO

Tipo: BIOGRAFICO


Texto Completo:
MELO, ARNON DE

MELO, Arnon de

*jornalista; gov. AL 1951-1956; sen. AL 1963-1981.

 

Arnon Afonso de Farias Melo nasceu no engenho de Cachoeirinha, no município de Rio Largo (AL), no dia 19 de setembro de 1911, filho de Manuel Afonso de Melo e de Lúcia de Farias Melo. Seu pai era um rico senhor de engenho, arruinado em virtude da proibição da exportação do açúcar durante o governo de Epitácio Pessoa (1919-1922).

Fez os estudos secundários no Colégio Diocesano e no Ginásio de Maceió, ambos na capital do estado, concluindo-os em 1929. Ainda adolescente, juntou-se ao grupo de intelectuais de Maceió, entre os quais Jorge de Lima, Aurélio Buarque de Holanda, Raul Lima, Valdemar Cavalcanti, Manuel Diegues Júnior e José Lins do Rego, sob a influência de Gilberto Freire, exercida de Recife. Acompanhando a migração gradativa daquele grupo para a capital do país, transferiu-se para o Rio de Janeiro no início de 1930 e matriculou-se na Faculdade de Direito. Nesse mesmo ano iniciou suas atividades profissionais como repórter do diário A Vanguarda, de Oséias Mota.

Ao irromper a Revolução de 1930, o diário em que trabalhava foi fechado. Passou então a escrever no Diário de Notícias, de Orlando Dantas. Nesse jornal publicou uma série de entrevistas com políticos afastados do poder pela revolução, reunidas no livro Os sem-trabalho da política, publicado em 1931. Nesse mesmo ano foi convidado por um dos entrevistados, Humberto de Campos — então o maior cronista da imprensa — para trabalhar nos Diários Associados. Em 1932, como correspondente de guerra dos Diários Associados, acompanhou as forças paulistas em operação no vale do Paraíba, durante a Revolução Constitucionalista, deflagrada em julho desse mesmo ano contra o Governo Provisório de Getúlio Vargas.

Em 1933 bacharelou-se em direito e publicou o livro São Paulo venceu!, descrevendo os acontecimentos que testemunhou durante a luta dos paulistas contra o governo federal. Ainda em 1933 passou a trabalhar no Diário Carioca e em O Jornal. Nomeado advogado da Associação Comercial do Rio de Janeiro em 1934, foi secretário de seu departamento jurídico. Em 1935, tornou-se secretário-geral da Liga do Comércio do Rio de Janeiro e visitou os Estados Unidos em missão jornalística pelos Diários Associados. No ano seguinte assumiu a direção da Gazeta de Alagoas, embora residindo no Rio de Janeiro.

Participou em 1937 da campanha eleitoral de Armando de Sales Oliveira, candidato à presidência da República nas eleições previstas para 1938, pleito que não se realizou em conseqüência do golpe do Estado Novo, deflagrado em novembro de 1937. Afastando-se da atividade jornalística, fundou com dois amigos a Imobiliária Norte-Sul do Brasil. A convite da Associação Brasileira de Imprensa (ABI), de cujo conselho-diretor era membro, e por indicação do embaixador Heitor Lira, integrou, como representante da imprensa brasileira, a comitiva do general Antônio Oscar de Fragoso Carmona, presidente de Portugal, que, de junho a setembro de 1939, visitou a África portuguesa e a África do Sul. Em seguida, viajou pela França, Espanha e Portugal. Retornando ao Brasil, publicou em 1940 o livro África, onde reuniu suas impressões sobre a viagem ao continente africano. Nesse mesmo ano foi admitido como membro da Sociedade Brasileira de Antropologia, presidida por Artur Ramos.

Em junho de 1945 participou da comissão provisória da Esquerda Democrática (ED), denominação assumida por um grupo de intelectuais e políticos, de tendência predominantemente socialista, que se reuniram nos primeiros meses de 1945 para consolidar, num só movimento, a oposição comum ao Estado Novo e a Getúlio Vargas. A ED surgiu publicamente em junho de 1945, ao apresentar uma moção de apoio à candidatura do brigadeiro Eduardo Gomes à presidência da República, lançada pela União Democrática Nacional (UDN). Após ter participado da campanha presidencial de 1945 ao lado da UDN, a ED transformou-se, em 1947, no Partido Socialista Brasileiro (PSB).

Com a desagregação do Estado Novo (1937-1945) e a reconstitucionalização do país, candidatou-se em dezembro de 1945 a deputado à Assembléia Nacional Constituinte pelo estado de Alagoas, na legenda da UDN, obtendo apenas uma suplência. Nesse mesmo pleito, Eduardo Gomes, candidato udenista à presidência da República, foi derrotado pelo general Eurico Gaspar Dutra, candidato do Partido Social Democrático (PSD).

Em outubro de 1950 elegeu-se deputado federal por Alagoas na legenda da UDN, mas não assumiu o mandato, pois foi eleito, no mesmo pleito e na mesma legenda, governador de seu estado. Sucedendo a Silvestre Péricles de Góis Monteiro, tomou posse em janeiro de 1951. Durante seu governo foi inaugurada, em 1955, a usina hidrelétrica de Paulo Afonso. Em janeiro de 1956 deixou o governo de Alagoas, substituído por Sebastião Marinho Muniz Falcão, aderindo ao Partido Democrata Cristão (PDC). Em seguida retornou ao Rio de Janeiro para dedicar-se à direção de sua empresa imobiliária.

Elegeu-se no pleito de outubro de 1962 senador por Alagoas, na legenda do PDC, assumindo o mandato em fevereiro do ano seguinte. Em agosto de 1963 foi eleito presidente do Grupo Brasileiro da Associação Parlamentar Mundial. Em dezembro seguinte discursou no Senado defendendo-se de acusações do senador Silvestre Péricles de Góis Monteiro. Ao sentir-se fisicamente ameaçado por este, alvejou-o com um tiro, que feriu mortalmente Kairala José Kairala, suplente do senador pelo Acre José Guiomard dos Santos. Detido na ocasião, permaneceu preso até 1964, quando retornou ao Senado, tornando-se vice-líder do Bloco Parlamentar Independente e líder do PDC a partir de junho.

Com a dissolução dos partidos políticos pelo Ato Institucional nº 2, editado no dia 27 de outubro de 1965, e a posterior instauração do bipartidarismo, filiou-se à Aliança Renovadora Nacional (Arena), partido de apoio ao regime militar instalado no país em abril de 1964. No Senado integrou as comissões de Relações Exteriores e de Transportes, Comunicações e Obras Públicas, foi suplente das comissões de Indústria e Comércio e de Constituição e Justiça e presidiu a Comissão de Serviço Público Civil. Foi também presidente da comissão do Senado sobre assuntos da Associação Latino-Americana de Livre Comércio (ALALC) e em 1968 representou essa mesma casa na Conferência de Energia Nuclear, realizada em Viena (Áustria).

Reeleito no pleito de novembro de 1970, na legenda arenista, foi presidente das comissões de Minas e Energia e de Relações Exteriores, membro das comissões de Constituição e Justiça e de Economia e suplente das comissões de Educação e Cultura e de Polígono das Secas do Senado. Em setembro de 1978 foi eleito pelo colégio eleitoral de Alagoas senador indireto, categoria que a imprensa apelidou de “biônico”. Com a extinção do bipartidarismo em 29 de novembro de 1979 e a conseqüente reformulação partidária, filiou-se ao Partido Democrático Social (PDS), a nova agremiação de orientação governista. Em 1981 licenciou-se do Senado por motivo de saúde, vindo a falecer em Maceió no dia 29 de setembro de 1983. Sua vaga foi ocupada pelo suplente, o usineiro Carlos Lira, sogro do filho mais novo de Arnon, Pedro Collor de Melo.

Foi proprietário do Diário Carioca, da Gazeta de Alagoas e de duas emissoras de rádio e uma de televisão.

Era casado com Leda Collor de Melo, filha de Lindolfo Collor, um dos articuladores da Revolução de 1930 e primeiro ministro do Trabalho, Indústria e Comércio (1930-1932). Com ela teve cinco filhos, um dos quais, Fernando Collor de Melo, foi deputado federal por Alagoas entre 1983 e 1986, governador do estado entre 1987 e 1989 e presidente da República entre 1990 e 1992.

Além das obras citadas publicou Uma experiência de governo (1958). Sobre ele, seu filho Leopoldo Collor de Melo escreveu Em defesa de meu pai (1964).

 

 

FONTES: CAMPOS, Q. Fichário; CONG. BRAS. ESCRITORES I; COUTINHO, A. Brasil; Diário do Congresso Nacional; Globo (30/9/83); Grande encic. Delta; HIPÓLITO, L. Campanha; Jornal do Brasil (20/8 e 1/9/78 e 30/9/83); LEMMANN, O. José; Manchete (14/5/77); MELO, A. Experiência; NABUCO, C. Vida; NÉRI, S. 16; Perfil (1972 e 1980); Rev. Arq. Públ. AL.; SENADO. Dados; SENADO. Dados biográficos (8); SENADO. Endereços; SENADO. Relação; SENADO. Relação dos líderes; SOC. BRAS. EXPANSÃO COMERCIAL. Quem (1955-4).

 

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