JORGE, Artur Guimarães de
Araújo
*diplomata;
emb. Bras. Chile 1935; secr. Pres. Rep. 1935;
emb. Bras.
Portugal 1936-1943.
Artur Guimarães de Araújo Jorge nasceu em Paulo Afonso (AL) no dia 29 de setembro de 1884,
filho de Rodrigo Afonso Araújo Jorge e de Emília Guimarães de Araújo Jorge.
Matriculou-se
em 1900 na Faculdade de Direito de Recife, pela qual se bacharelou em 1904. A partir desse ano tornou-se professor de história natural e filosofia do direito do Instituto
Leibnitz, onde foi diretor da Revista Jurídica, além de colaborar
por dois anos na revista Cultura Acadêmica, ambas em Recife. Ainda nessa cidade fundou o semanário A Tribuna.
Nomeado em junho de 1905 secretário-auxiliar do Tribunal
Arbitral Brasileiro-Boliviano, sediado no Rio de Janeiro, então Distrito
Federal, em janeiro do ano seguinte exerceu a mesma função no Tribunal Arbitral
Brasileiro-Peruano, também com sede no Rio de Janeiro. Os objetivos dessas
cortes eram fixar de comum acordo as fronteiras entre os países interessados.
Em abril de 1906 entrou para o serviço regular do Ministério
das Relações Exteriores como amanuense, sendo designado em julho seguinte
secretário da delegação brasileira à III Conferência Internacional Americana.
Promovido a terceiro-oficial em agosto de 1907, passou a atuar como
oficial-de-gabinete do ministro José Maria da Silva Paranhos, barão do Rio Branco (1902-1912), de quem se tornou secretário particular e acompanhante em suas missões
diplomáticas. Graças ao patrocínio de Paranhos, fundou em 1909 a Revista Americana, editada mensalmente no Rio de Janeiro, sendo promovido a
segundo-oficial em março de 1911.
Com a morte do barão do Rio Branco no ano seguinte, deixou a
função de oficial-de-gabinete, seguindo em fevereiro de 1913 para a Alemanha em comissão. Em maio do mesmo ano foi promovido a primeiro-oficial e, após visitar o Oriente, o
Egito e o norte da África, retornou à Secretaria do Itamarati, no Rio de
Janeiro, em março de 1914, aí assumindo, por alguns meses, a direção da Seção
de Negócios Políticos e Diplomáticos da Europa, função que exerceu até 1915. De
abril a junho desse ano atuou como secretário do ministro das Relações
Exteriores Lauro Müller (1912-1917) em sua viagem à Argentina e ao Chile por
ocasião da assinatura, por esses países, do Tratado do ABC. Em agosto seguinte
tornou-se oficial-de-gabinete do subsecretário Gastão da Cunha, tendo estado em
comissão nos Estados Unidos entre novembro de 1915 e janeiro do ano seguinte,
quando assistiu ao II Congresso Científico Pan-Americano, reunido em
Washington.
Entre 1916 e 1917 exerceu na Secretaria do Itamarati a função
de diretor dos Negócios Políticos e Diplomáticos da América, tornando-se chefe
de seção em abril de 1918, quando foi designado para chefiar a Seção de
Negócios Econômicos e Comerciais. No ano seguinte assumiu a chefia da Seção dos
Negócios Consulares e Comerciais, passando também a responder pela direção
geral dos Negócios Econômicos e Consulares. Permaneceu nessa última seção até
1920, quando foi nomeado diretor-geral da Seção dos Negócios Políticos e
Diplomáticos, ocupando esse cargo até o ano seguinte. Em dezembro de 1923
voltou a ser designado para a Seção dos Negócios Políticos e Diplomáticos da
América e, em março do ano seguinte, para a Seção de Limites e Atos
Internacionais.
Nomeado
em julho de 1925 enviado extraordinário e ministro plenipotenciário do Brasil
em missão especial em La Paz, na Bolívia, permaneceu no posto por dois meses,
retornando então ao Rio de Janeiro. Em novembro de 1926 foi novamente designado
enviado especial e ministro plenipotenciário, dessa vez para servir em Cuba e
na América Central, assumindo o posto em Havana em fevereiro de 1927. A partir desse ano visitou diversos países centro-americanos, tendo representado o Brasil em
1928 na Conferência de Conciliação e Arbitragem, realizada em Washington. Removido para Assunção, no Paraguai, assumiu o posto em julho do ano seguinte,
sendo transferido em fevereiro de 1931 para a embaixada brasileira em Montevidéu. Permaneceu na capital uruguaia até agosto de 1933, sendo removido para Berlim em
outubro do mesmo ano.
Promovido
a embaixador em fevereiro de 1935, foi comissionado em Santiago do Chile, onde
substituiu Carlos Celso de Ouro Preto, permanecendo no posto até o mês
seguinte, quando retornou ao Brasil para se tornar secretário do presidente
Getúlio Vargas. Exerceu essa função de abril a julho de 1935, data a partir da
qual reassumiu o posto em Santiago. Deixou a capital chilena em dezembro do mesmo
ano, sendo substituído por Gilberto Amado e transferido ainda nesse mês para a
embaixada brasileira em Lisboa, onde assumiu suas funções em maio de 1936 em
substituição a Luís Guimarães Fernandes Pinheiro. Em 1941 representou o Brasil
no Congresso Luso-Brasileiro de História, reunido em Lisboa. Aposentado por limite de idade em abril de 1943, foi substituído por João Neves da
Fontoura à frente da embaixada brasileira em Portugal.
Historiador e escritor, foi membro do Instituto de Coimbra e
da Academia Portuguesa de História, além de sócio-correspondente da Academia de
Ciências de Portugal e secretário, no Brasil, da Carnegie Endowment for
International Peace.
Casou-se com Helena Caneco de Araújo Jorge, com quem teve um
filho.
Publicou Problemas de filosofia biológica (1905),
Jesus Cristo e a psicologia mórbida (1909), Ensaios da história
diplomática do Brasil no regime republicano: 1ª série 1889-1902 (1912),
História diplomática do Brasil holandês (1914), História
diplomática do Brasil francês (1915), Ensaios de história e crítica
(1915) e Introdução às obras do barão do Rio Branco (1945),
além de artigos que escreveu para a Revista Americana e a Revista
do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro.
FONTES: ARQ. GETÚLIO
VARGAS; COUTINHO, A. Brasil; Diário do Congresso Nacional; GUIMARÃES,
A. Dic.; MIN. REL. EXT. Anuário; OLIVEIRA, J. Dic.;
PEIXOTO, A. Getúlio; SILVA, I. Dic.