BOITEUX, NORTON DEMARIA
BOITEUX,
Norton Demaria
*militar; comte-em-ch. Esquadra 1964.
Norton Demaria Boiteux nasceu
em Florianópolis no dia 8 de dezembro de 1907, filho de Lucas Alexandre
Boiteux, que foi contra-almirante, historiador e cronista, e de Diamantina
Demaria Boiteux. Seu tio Henrique Boiteux, também historiador e cronista, foi
deputado federal pelo estado de Santa Catarina logo após a proclamação da
República, tendo renunciado ao mandato para dedicar-se exclusivamente à
carreira naval, onde alcançou o posto de almirante. Seu irmão, o professor
Bayard Boiteux, era presidente da seção carioca do Partido Socialista Brasileiro
(PSB) quando da eclosão do movimento político-militar de março de 1964, tendo
saído do país devido a perseguições políticas e retornado somente em 1980.
Estudou
no Ginásio Catarinense, transferindo-se depois para o Rio de Janeiro, então
Distrito Federal, onde ingressou no Colégio Pedro II. Iniciou sua carreira
militar em abril de 1925 como aspirante à guarda-marinha na Escola Naval, no
Rio de Janeiro. Promovido a segundo-tenente em outubro de 1928, ascendeu ao
posto de primeiro-tenente em agosto de 1931 e ao de capitão-tenente em dezembro
de 1933. Em março de 1940 tornou-se membro da Igreja Positivista do Brasil. Foi
comandante da corveta Vidal de Negreiros, do navio-auxiliar José
Bonifácio e do navio-tanque Ilha Grande. Comandou
também o navio Soares Dutra, que em outubro de 1955 levou
a tropa do Exército brasileiro para o canal de Suez.
Em
1963, no posto de contra-almirante, assumiu o comando da Flotilha de
Contratorpedeiros. Em meados desse mesmo ano participou da “Guerra da Lagosta”,
desentendimento diplomático entre a França e o Brasil em relação à pesca da
lagosta no Nordeste. Neste episódio comandou o navio de guerra que apreendeu
dois pesqueiros franceses próximos a Recife, trazendo-os até o Rio de Janeiro.
No
dia 27 de março de 1964, devido à deflagração da Revolta dos Marinheiros, o
ministro da Guerra, Jair Dantas Ribeiro, ordenou aos comandos dos quatro
exércitos que entrassem em rigorosa prontidão. Esse movimento reunia
marinheiros liderados pelo cabo José Anselmo dos Santos, na verdade também marinheiro,
que se recolheram ao Sindicato dos Metalúrgicos, no Rio, em protesto contra
restrições impostas à categoria. No dia seguinte Boiteux, já ocupando o posto
de vice-almirante, foi investido nas funções de comandante-em-chefe da
Esquadra, sucedendo ao vice-almirante Adalberto de Barros Nunes (1963-1964).
Permaneceu nesta função até 2 de abril, quando foi substituído pelo
vice-almirante Zilmar Campos de Araripe Macedo. Nesse ínterim, em 31 de março,
o presidente João Goulart foi deposto.
Em julho de 1966 passou para a reserva no posto de
almirante-de-esquadra.
Ao
longo de sua carreira militar, além do curso da Escola Naval, fez o curso de
especialização e aperfeiçoamento de máquinas, o fundamental e o superior de
comando da Escola de Guerra Naval e o da Escola Superior de Guerra.
Faleceu no Rio de Janeiro no dia 10 de novembro de 1969.
Foi casado com Nanci de Andrade Melo Boiteux, com quem teve
um filho.
Publicou Primeiro centenário subjetivo de Elisa
Mercoeur (1936).
FONTES: CORRESP.
SERV. DOC. GER. MAR.; Jornal do Brasil (22/8/77 e 27/4/80); MIN. MAR. Almanaque
(1961); VELHO SOBRINHO, J. Dic.; VÍTOR, M. Cinco.