CALDAS,
Breno
*jornalista.
Breno Alcaraz Caldas nasceu em Porto Alegre no dia 3 de julho de 1910, filho de Francisco Antônio Vieira Caldas Júnior e de
Dolores Alcaraz Caldas. Seu pai fundara em 1895 o jornal Correio do Povo, na
capital gaúcha.
Iniciou
os estudos no Colégio Anchieta, em Porto Alegre, bacharelando-se em direito pela Universidade do Rio Grande do Sul. Entretanto, jamais exerceria a
advocacia. Começou suas atividades profissionais em 1929 como jornalista do
Correio do Povo, dirigido na época por seu irmão Fernando Caldas. Assumindo em 1935 a direção do jornal, pretendeu, nesse cargo, manter o caráter “independente, nobre e forte” que
seu pai imprimira ao periódico. Nesse sentido, mesmo após o golpe de 10 de
novembro de 1937, deu ao jornal uma posição de neutralidade em relação ao
regime implantado no país com a decretação do Estado Novo. Em 1943 fez a única
entrevista de sua carreira de jornalista, com o ministro da Guerra, general
Eurico Gaspar Dutra, encampando sua tese da necessidade de liberalização do
regime.
A partir de 1946, apoiou o governo Dutra de maneira discreta
e, por ocasião da articulação da candidatura de Getúlio Vargas à presidência da
República em 1950, deu a esta seu apoio, embora visse com reservas algumas das
teses do programa, caracterizado, segundo ele, “por um extremado nacionalismo”
e por restrições à entrada do capital estrangeiro no Brasil. Todavia, o Correio
do Povo assumiu posição contrária ao monopólio estatal do petróleo e à criação
da Petrobras, que foi amplamente noticiada.
Breno
Caldas apoiou o movimento liderado pelo general Henrique Lott em novembro de
1955 com o objetivo de assegurar a posse de Juscelino Kubitschek na presidência
da República. Combateu posteriormente a candidatura de Jânio Quadros (1960) e
após a renúncia deste, em agosto de 1961, não aprovou a posse do
vice-presidente João Goulart. A tomada da Rádio Guaíba — de sua propriedade —
pelo governador do Rio Grande do Sul, Leonel Brizola, nessa ocasião, aumentou
sua indisposição para com os governos federal e estadual. Após mover intensa
oposição a Goulart, Breno Caldas apoiou o movimento político-militar de março
de 1964. Em entrevista concedida à Folha de S. Paulo em 1979, declarou porém
que movimentos como esse, “depois de um certo tempo, se esgotam... Talvez o de
64 tenha se prolongado demais, e está aí o esgotamento que ele já manifestou de
um tempo para cá”.
Ampliou
o seu grupo empresarial criando os jornais Folha da Tarde, Folha Esportiva e
Folha da Manhã, além das rádios Guaíba AM e FM e da TV Guaíba que, juntamente
com o Correio do Povo, passaram a compor a Companhia Jornalística Caldas
Júnior, da qual foi diretor-presidente.
Em junho de 1984, dado o agravamento da crise financeira em
suas empresas, Breno Caldas foi obrigado a tirar de circulação todos os jornais
do grupo, inclusive o mais importante e acreditado veículo de comunicação, o
Correio do Povo. Após ter liquidado 75% da dívida total, que chegava aos cem
bilhões de cruzeiros, os jornais, rádios e emissoras de TV foram vendidos em
1986, para o empresário gaúcho Renato Ribeiro. Com isso, o Correio do Povo
voltou a circular em 30 de agosto daquele mesmo ano.
Faleceu em Porto Alegre no dia 10 de setembro de 1989.
Era casado com Ilza Kessler Caldas, com quem teve quatro
filhos.
Breno Caldas publicou um livro de memórias, Meio
século de Correio do Povo (1987).
FONTES:
Grande encic. Delta; Jornal do Brasil (11/9/89); Súmulas; Veja
(15/11/72 e 30/1/85); Who’s who in Brazil.