CALABI, Andrea
*pres. Bco Brasil 1999; pres. BNDES
1999-2000.
Andrea Sandro Calabi nasceu em São Paulo no dia 18 de setembro de 1945, filho de Fábio Calabi e de Amélia Dinepi Calabi.
Graduou-se em economia na Faculdade
de Economia e Administração da Universidade de São Paulo (FEA-USP) em 1970, e
no ano seguinte tornou-se professor dessa universidade, função que exerceria
até 1991. Em 1972 concluiu o mestrado em economia no Instituto de Pesquisas
Econômicas (IPE) da USP e em seguida foi para os Estados Unidos, onde obteve o Master of Arts na Universidade de Berkeley,
Califórnia, em 1975. De volta ao Brasil em 1976, tornou-se professor do
IPE-USP, até 1991, e pesquisador da Fundação de Pesquisas Econômicas (FIPE) da
USP, até 1982. Nesse ano obteve o Philosophy Doctor (Ph.D) em economia, também em Berkeley. Durante seus estudos em Berkeley, foi aluno de Albert Fishlow, que havia estado no
Brasil nos anos 1960 chefiando uma equipe de consultores no Instituto de
Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), onde realizou estudos sobre o
desenvolvimento econômico e social de longo prazo nos países em
desenvolvimento.
Paralelamente à vida acadêmica, entre
1983 e 1985 presidiu a Distribuidora de Títulos e Valores Mobiliários do Estado
de São Paulo e foi assessor do governador Franco Montoro (1983-1987).
Integrante do grupo novos economistas paulistas, formado por José Serra,
Luciano Coutinho, Marcos Fonseca, André Franco Montoro Filho, entre outros,
compartilhava a tese de que o aperto monetário e o ajuste fiscal não eram suficientes
para combater a inflação, sendo necessário buscar o equilíbrio das contas
públicas. Esse grupo chegou ao poder com a ida de João Sayad para Secretaria de
Planejamento da Presidência da República (Seplan) em 1985, no governo José
Sarney (1985-1990).
Convidado por Sayad, Calabi assumiu
os cargos de secretário-geral da Seplan e presidente do IPEA. À frente do IPEA,
buscou recuperar a função institucional do órgão, de produzir pesquisas,
principalmente na área de planejamento. Em 1986, foi criada a Secretaria do
Tesouro Nacional (STN), vinculada ao Ministério da Fazenda e à Seplan, e
encarregada da administração financeira e da auditoria dos gastos do governo. A
STN tinha, na sua composição, representantes desses dois ministérios, e pela
Seplan foi escolhido Calabi, que assumiu o cargo de primeiro-secretário com a
tarefa de implementar um sistema de execução financeira do orçamento do governo
federal. Nesse momento, deixou a presidência do IPEA. Permaneceu na STN até
1988, mesmo após a saída de Sayad, ocorrida em março de 1987. Passou então a
dedicar-se à prestação de consultoria para empresas privadas na área de
reestruturação e planejamento, tendo sido sócio-diretor da Consultoria e
Empreendimentos Industriais (Consemp) até 1994.
Com a posse de Fernando Henrique
Cardoso na presidência da República e de José Serra no Ministério de
Planejamento e Orçamento em janeiro de 1995, voltou a integrar uma equipe
ministerial. Ocupou os cargos de secretário-executivo desse ministério e de
presidente do IPEA, e participou do conselho administrativo do Banco do Brasil
de 1995 a 1996. Nesse período aproximou-se do chamado grupo dos
“desenvolvimentistas”, que reunia, entre outros nomes, André Lara Resende,
então presidente do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social
(BNDES), e Luís Carlos Mendonça de Barros, ministro das Comunicações. Ao deixar
o governo em 1996, retornou à iniciativa privada e realizou reuniões com
empresários na sede de sua consultoria buscando convencê-los das idéias do
grupo.
Em janeiro de 1999, quando teve
início o segundo mandato do presidente Fernando Henrique Cardoso, assumiu o
cargo de presidente do Banco do Brasil em substituição a Paulo César Ximenes,
segundo a revista Veja (3/2/1999), por indicação de José
Serra. Em seu discurso de posse, ressaltou que daria continuidade à
reestruturação e ao fortalecimento do Banco do Brasil. Durante sua gestão, foi
aprovada no Senado Federal uma resolução que obrigava o Banco a refinanciar
títulos precatórios emitidos pela Prefeitura de São Paulo em 13 de dezembro de
1995, o que significaria um prejuízo de R$ 6,1 bilhões de reais. Enviou uma
carta ao Senado afirmando que a instituição sofreria um forte impacto se a
resolução entrasse em vigor e provavelmente quebraria. Na época foi aberta uma
comissão parlamentar de inquérito (CPI) no Senado, chamada dos Precatórios, que
concluiu que o Banco do Brasil não deveria assumir a dívida.
Em meados de 1999 o governo Fernando
Henrique assistia a uma disputa em torno do novo desenho do setor produtivo
brasileiro e da orientação da política econômica. Por indicação de José Serra,
Calabi foi convidado para assumir a presidência do BNDES. Sua nomeação foi
considerada, por parcela da imprensa, uma vitória dos “desenvolvimentistas”.
Deixando a presidência do Banco do Brasil, onde foi substituído por Paolo
Zaghen, assumiu no BNDES em julho de 1999, no lugar de Pio Borges. Em sua
posse, apontou como principal objetivo de sua gestão o incentivo às exportações
e a criação de condições no setor produtivo para esse aumento, alavancando
assim o papel de financiador do banco. Estabeleceu como diretriz atuar na
reestruturação de importantes setores industriais, tais como o petroquímico, a
siderurgia e a mineração, incentivando a formação de conglomerados nacionais e
procurando impedir que fossem controlados por capitais estrangeiros. Ainda
assim, em sua gestão, o BNDES concedeu empréstimos à Ford, que com os recursos
abriu uma fábrica na Bahia, e à norte-americana AES, que com o crédito comprou
a Companhia Energética de São Paulo (CESP-Tietê).
Em fevereiro de 2000, Calabi foi
substituído na presidência do BNDES por Francisco Gros. A revista Veja (1/3/2000) afirmou que a razão de
sua saída fora sua independência em relação ao então ministro do
Desenvolvimento Alcides Tápias, a quem o banco se subordinava, já que tomava
parte em negociações envolvendo grandes interesses econômicos e decidia sobre
quem seria o beneficiado sem consultar o ministro Tápias.
Após deixar o governo, Calabi tirou,
espontaneamente, um ano sabático. Em 2002 tornou-se membro do conselho de
administração da Caixa de Previdência dos Funcionários do Banco do Brasil
(Previ). Nesse período, participou da campanha de José Serra para a presidência
da República. Em 2003 assumiu a Secretaria de Economia e Planejamento do Estado
de São Paulo, na gestão Geraldo Alckmin. Ocupou o cargo até janeiro de 2005,
quando pediu demissão, segundo o jornal Valor Online (14/1/2005), alegando motivos
pessoais. Durante sua gestão, aprovou o projeto das Parcerias Público-Privadas
no estado de São Paulo, com o qual, segundo esperava, o Estado assumiria o
papel de regulador e indutor do capital privado, trazendo assim investimento
privado e ao mesmo tempo reduzindo os recursos públicos.
Foi ainda membro dos conselhos
administrativos da Cyrela Brazil Realty, da FIPE – USP, da Fundação Faculdade
de Medicina (FFM) da USP, do Fundo Social de Solidariedade do Governo do Estado
de São Paulo (Fussesp), da Caixa Econômica Federal, da Telecom Itália e da
Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp). Em 2009
tornou-se professor da Fundação Getúlio Vargas.
Teve duas filhas e casou-se com Marta
Grostein.
Patricia Burlamaqui
FONTES: Época (online). Disponível em : <http://epoca.globo.com/especiais/2anos/presiden
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28/7/04, 14/1/05, 27/1 e 6/2/07, 1 e 30/6/08); Gazeta Mercantil (23/2/00); IPEA. IPEA: 40 anos apontando caminhos; Jornal do Brasil (online) 02 jan. 2003. Disponível em
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