CARVALHO, Agenor Francisco Homem
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militar; ch. Gab. Mil. 1990-1992.
Agenor
Francisco Homem de Carvalho nasceu no Rio de Janeiro, então
Distrito Federal, no dia 23 de novembro de 1933, filho de Agenor Homem de
Carvalho e de Ana Flor Maria de Oliveira.
Após
concluir o curso do Colégio Militar do Rio de Janeiro, ingressou na Academia
Militar das Agulhas Negras (AMAN), em Resende (RJ) em fevereiro de 1953,
permanecendo como cadete até fevereiro de 1955. Saindo aspirante da arma de
artilharia, foi promovido a segundo-tenente em setembro deste ano e a
primeiro-tenente em novembro. Em novembro de 1959, foi transferido para o
Centro de Preparação de Oficiais da Reserva (CPOR) do Rio de Janeiro, como
instrutor- auxiliar do curso de artilharia.
Capitão em abril de
1961, em janeiro de 1963 foi designado para a Escola de Comando do Estado-Maior
do Exército (ECEME), no Rio de Janeiro e um ano depois tornou-se chefe da Seção
de Educação Física do Departamento de Ensino e Pesquisa (DEP) do Exército. Sob
o comando do general Jurandir de Bizarria Mamede, participou do movimento
político-militar de 31 de março de 1964 que depôs o presidente João Goulart
(1961-1964). Entre agosto e dezembro de 1964 cursou a Escola de Especialização
e Aperfeiçoamento para Oficiais (EsAO), e entre fevereiro de 1968 e novembro
de 1969 fez o curso da Escola Superior de Comando do Estado-Maior do Exército
(EsCEME). Nesse período, em janeiro de 1969 foi promovido a major.
Entre
agosto de 1972 e agosto de 1973 fez o curso superior de comando e estado-maior
na Itália. De volta ao Brasil em setembro de 1973, passou dois anos depois a
tenente-coronel. Instrutor da ECEME de dezembro de 1978 a novembro de 1979,
nesse mês tornou-se chefe da Seção de Técnica de Ensino, e em janeiro de 1980,
da Seção de Planejamento. Promovido a coronel em novembro de 1980, em fevereiro
de 1981 iniciou o curso superior de comando da Escola de Guerra Naval (EGN),
concluído em janeiro do ano seguinte. Comandante do Colégio Militar do Rio de
Janeiro do início de 1982 a abril de 1984, e adido militar junto à embaixada do
Brasil na Itália de março de 1985 a abril de 1987, um ano depois foi promovido
a general-de-brigada e nomeado comandante da 11ª Brigada de Infantaria Blindada
(DF). Em 15 de março de 1990, por ocasião da posse de Fernando Collor de Melo
na presidência da República, foi nomeado pelo novo chefe do Executivo para
assumir o Gabinete Militar.
Em
março de 1991, por determinação do presidente Fernando Collor de Mello, Agenor
Homem de Carvalho foi mobilizado para aparar as arestas entre os ministros da
Economia Zélia Cardoso de Melo, e da Agricultura, Antônio Cabrera. As
divergências entre os dois ministros tinham como centro a indenização dos
financiamentos agrícolas durante a votação do plano econômico no Congresso Nacional.
Em março do ano seguinte, o general Agenor foi acusado de ter sido omisso em
relação à apuração das denúncias de corrupção contra o ex-ministro do Trabalho
e Previdência Social, Antônio Rogério Magri, encaminhadas por Volnei Abreu
Ávila, ex-diretor de Arrecadação e Fiscalização do Instituto Nacional de
Seguridade Social (INSS). Volnei denunciara Magri por ter recebido dinheiro
para renegociar dívidas de empresas com o INSS, tendo inclusive gravado um
telefonema no qual o ministro teria confessado o suborno. Embora tenha negado
as acusações, Agenor voltou a ser acusado de omissão em relação às denúncias
contra Magri, desta vez pela deputada Cidinha Campos, do Partido Democrático
Brasileiro (PDT) do Rio de Janeiro. Em depoimento prestado na Superintendência
da Policial Federal, Cidinha declarou que no dia 14 de novembro de 1991, na
presença de quatro testemunhas, telefonara para o Palácio do Planalto e falara
com um assessor do general Agenor, o coronel Roberto Pimenta, sobre o
comportamento do ministro. A deputada disse ainda que no mesmo dia recebera um
telefonema do coronel, garantindo-lhe que havia transmitido o fato ao general,
e que ela seria recebida em audiência pelo próprio presidente Collor para
levar-lhe pessoalmente a denúncia. A audiência nunca foi confirmada e Magri foi
demitido dois meses depois, sem que o caso fosse apurado pelo governo. Logo
depois, Pimenta confirmou que o general Agenor tinha conhecimento da denúncia,
assim como da existência da fita gravada por Volnei Ávila.
Chamado
para prestar depoimento, o general teria novamente negado que tivesse sido
omisso no caso. Após seu depoimento, o diretor-geral da Polícia Federal,
delegado Romeu Tuma, afirmou que estava definitivamente descartada a
possibilidade de omissão por parte do general e do ministro Jarbas Passarinho
no inquérito, afastando-os do andamento das investigações. Segundo o delegado,
eles não poderiam ser responsabilizados por não terem tido acesso a qualquer
prova documental.
Com
a aprovação pela Câmara dos Deputados, em 29 de setembro de 1992, do pedido de impeachment
do presidente Collor, acusado de envolvimento em amplo esquema de corrupção
existente no interior do governo, no início de outubro o general Agenor
Carvalho deixou a chefia do Gabinete Militar, sendo substituído no cargo pelo
general Fernando Cardoso, indicado pelo novo presidente, Itamar Franco. Ainda
em outubro, Agenor foi nomeado diretor de Formação e Aperfeiçoamento do
Exército. Promovido a general-de-divisão em julho de 1993, em janeiro do ano
seguinte assumiu o comando da 6ª Região Militar (6ª RM). Em março de 1996 foi
exonerado desse cargo, por ter sido desligado do serviço ativo do Exército.
Casou-se
com Marli de Carvalho Gentil, com quem teve duas filhas.
Mirian Aragão
FONTES:
ARQ. MIN. EXERC.; Folha de São Paulo (3/3/92); Globo (1/3/91,
2/3/92, 11/3/92); Jornal do Brasil (8/3/92, 10/3/92).