COUTINHO,
Flávio Ribeiro
*dep. fed. PB 1930; gov. PB 1956-1958.
Flávio Ribeiro Coutinho nasceu
na fazenda Chaves, no município de Pilar (PB), no dia 20 de julho de 1882,
filho do “coronel” João Ribeiro da Silva Coutinho e de Ana Ferreira de Castro
Ribeiro Coutinho. Descendia de uma família de grandes produtores de
cana-de-açúcar e de algodão na Paraíba, na qual se destacaram João Úrsulo
Ribeiro Coutinho Filho, constituinte de 1946, deputado federal pela Paraíba de 1946 a 1951, e de 1955 a 1963; Odilon Ribeiro Coutinho, deputado federal pelo Rio Grande do Norte de 1963 a 1967; Flaviano Ribeiro Coutinho Filho, deputado federal pela Paraíba de 1963 a 1971; e Renato Ribeiro Coutinho, deputado federal pela Paraíba de 1967 a 1971.
Realizou os primeiros estudos no Colégio Pio X e no Liceu
Paraibano, em sua cidade natal, bacharelando-se pela Faculdade de Medicina da
Bahia em dezembro de 1907.
Transferiu-se
em seguida para Belém, onde começou a clinicar, instalando seu consultório na
Farmácia Galeno. De volta à Paraíba, dedicou-se à produção açucareira,
iniciando sua carreira política ao lado de Epitácio Pessoa em 1915, quando
chefiou o diretório do Partido Republicano da Paraíba em Itabaiana, cuja
prefeitura ocupou por pouco tempo. Em 1922 tornou-se proprietário da usina
Santa Helena.
Eleito
deputado estadual para o período de 1924-1926, renunciou ao mandato por haver
sido empossado como segundo-vice-presidente de seu estado durante a gestão de
João Suassuna (1924-1928), permanecendo nesse cargo até 1928. Adversário da
Aliança Liberal (1929-1930), elegeu-se deputado federal em março de 1930,
assumindo o mandato em maio do mesmo ano. Com a vitória da Revolução de 1930,
perdeu o mandato em virtude do fechamento de todos os órgãos legislativos do
país, voltando então às atividades industriais.
Convidado
por Otacílio de Albuquerque a integrar o diretório do Partido Democrático da
Paraíba, não aceitou, só retornando à vida política em 1933, com a criação do
Partido Progressista da Paraíba. Em 1937, já durante o Estado Novo (1937-1945),
integrou o Conselho de Administração do Estado. De 1937 a 1941 presidiu a Associação Comercial da Paraíba, tendo ocupado ainda, de 1939 a 1940, a presidência do Departamento Administrativo do Estado.
Com
a desagregação do Estado Novo e a conseqüente redemocratização do país,
participou em 1945, ao lado de José Américo de Almeida e de Argemiro de
Figueiredo, da fundação da União Democrática Nacional (UDN) na Paraíba, tendo
chegado, ainda nesse ano, à presidência do diretório regional do partido, na
qual permaneceria até 1958. No pleito de janeiro de 1947 elegeu-se na legenda
da UDN deputado à Assembléia Constituinte da Paraíba. Assumindo o mandato em
março seguinte, foi escolhido presidente da Assembléia. Ainda em 1947 fundou o
Banco Comércio e Indústria e durante dois dias, entre 30 de setembro e 2 de
outubro, na qualidade de presidente da Assembléia Legislativa, substituiu
Osvaldo Trigueiro de Albuquerque Melo no governo estadual. Após a promulgação
da nova Carta estadual, permaneceu no exercício do mandato até janeiro de 1951,
tendo concorrido ainda à Câmara dos Deputados, sempre na legenda da UDN, no
pleito de outubro de 1950. Obteve então apenas a segunda suplência, não
chegando a exercer o mandato.
Com base num acordo pluripartidário articulado pelo então
governador paraibano José Américo de Almeida, candidatou-se em 1955 ao governo
do estado. Entretanto, surgiram algumas dificuldades para a obtenção do acordo,
uma vez que o Partido Social Democrático (PSD) reivindicara indicar o candidato
a governador, pois, no pleito de 1950, indicara o vice-governador, favorecendo
com isso a UDN. O PSD acabou por aceitar a candidatura de Flávio Ribeiro
Coutinho em agosto de 1955, lançando para a mesma chapa como vice-governador
Pedro Moreno Gondim. O Partido Republicano (PR) apoiou a chapa UDN-PSD,
sagrando-se afinal Flávio Ribeiro Coutinho candidato único dos grandes
partidos.
Eleito governador em 3 de outubro de 1955, tomou posse em 31
de janeiro do ano seguinte. Nomeou um secretariado que contava com a
participação de representantes da UDN, do PSD e do Partido Libertador (PL),
consolidando assim a política de pacificação estadual iniciada por José
Américo. Durante sua gestão criou a empresa Armazéns e Silos do Estado da
Paraíba (Casep) e ampliou a Universidade Federal da Paraíba, com a inclusão das
escolas de Engenharia, de Farmácia, de Odontologia e de Serviço Social, e a
aquisição do terreno destinado à edificação da Cidade Universitária. Suas
medidas visaram sobretudo à área rural e à educação. Deixou o governo em 4 de
dezembro de 1957 devido a problemas de saúde, viajando para o Rio de Janeiro,
então Distrito Federal, a fim de tratar-se. Solicitou à Assembléia Legislativa
licença de 180 dias para tratamento de saúde, sendo substituído pelo
vice-governador Pedro Gondim em 4 de janeiro do ano seguinte e não mais
retornando ao exercício do cargo.
Foi ainda fundador e presidente do Sindicato da Indústria do
Açúcar.
Após longo período de tratamento, faleceu no Rio de Janeiro
no dia 26 de maio de 1963.
Era casado com sua sobrinha Berenice Mindelo Ribeiro
Coutinho, com quem teve seis filhos.
A seu respeito publicou-se em 1977 a obra Flávio Ribeiro Coutinho, história de uma vida e uma época e, em 2000, Flávio
Ribeiro Coutinho, sétimo volume da Série Histórica Paraíba — Nomes do
Século —, iniciativa da Editora União, do governo da Paraíba.
FONTES: Almanaque
da PB; Grande encic. Delta; MAIA, B. Governadores; MAIA, S. Crônicas;
NÓBREGA, A. Chefes; PINTO, L. Fundamentos; SILVA, R, Bacharéis;
TRIB. SUP. ELEIT. Dados (1, 2 e 3).