MENESES,
Djacir
*jornalista; reitor UFRJ 1969-1973.
Djacir Lima Meneses nasceu
em Maranguape (CE) no dia 16 de novembro de 1907, filho de Paulo Elpídio
Meneses, advogado e procurador fiscal do Ceará, e de Oda Freire Lima Meneses.
Fez
seus estudos primários de 1915 a 1920 no Instituto Miguel Borges, hoje Colégio
Castelo Branco, em Fortaleza. Em 1921 ingressou no Liceu do Ceará, também na
capital, onde fez o curso secundário. Nessa época tornou-se colaborador no
órgão estudantil do liceu A Idéia, cuja direção assumiu em 1924,
ao lado de José Agostinho Nogueira. Em 1925 concluiu o secundário e no ano
seguinte ingressou na Faculdade de Direito do Ceará. Enquanto estudante,
colaborou num mensário acadêmico de Fortaleza, a revista A Farpa, foi
professor no Colégio Nogueira, dirigiu o jornal Os Párias e
colaborou no matutino O Ceará, fundado e dirigido por Júlio de
Matos Ibiapina. Em 1927 entrou para a redação de O Ceará, passando a
publicar uma seção diária intitulada “A mensagem dos fatos”. No final do ano,
deixou a Faculdade de Direito do Ceará.
No início de 1928 transferiu-se para o Rio de Janeiro, então
Distrito Federal, e aí deu prosseguimento ao seu curso universitário
ingressando na Faculdade de Direito. No ano seguinte tornou-se professor do
Colégio Aldridge e passou a colaborar na Folha Acadêmica, publicação
dirigida pelo professor Bruno Lobo, cujo objetivo era lutar pela autonomia
didática e administrativa da universidade. Bacharelou-se no final de 1930.
Nos primeiros meses de 1931 retornou ao Ceará, onde logo em
seguida iniciou o curso de doutorado na Faculdade de Direito, que concluiu em
1932. Em maio desse ano foi nomeado inspetor regional de ensino, cargo que
ocuparia até 1938. Em maio de 1933 tornou-se professor catedrático de
psicologia na Escola Normal do Instituto Justiniano de Serpa — atual Instituto
de Educação —, onde permaneceu até julho de 1939, e tomou posse na cadeira de
José Carvalho no Instituto do Ceará, presidido pelo barão de Studart.
Ingressou
na Associação Cearense de Imprensa em março de 1935, assumindo interinamente,
na ocasião, a cadeira de sociologia no Liceu do Ceará. Ainda em 1935 tornou-se
professor de economia política na Academia de Comércio Padre Champagnat, do
Colégio Cearense, e professor interino de psicologia no curso de
aperfeiçoamento da Escola Normal.
Contratado
em outubro de 1937 para reger a cadeira de filosofia no Colégio Militar do
Ceará, em novembro do ano seguinte fundou e passou a dirigir a Faculdade de
Ciências Econômicas do Ceará, onde assumiu ainda a cátedra de economia
política. Em junho de 1939 foi eleito membro da National Geographic Society, de
Washington, e desse ano até 1941 lecionou história da filosofia e da educação
no curso técnico-normal do Colégio Santa Cecília. Ainda em 1939, foi nomeado
professor catedrático de introdução à ciência do direito na Faculdade de
Direito do Ceará. Em 1940 fundou a Academia de Comércio do Ceará, onde passou a
lecionar economia política, nela permanecendo até maio de 1941, quando deixou
também a mesma cadeira na Faculdade de Ciências Econômicas. Ainda em maio foi
designado para representar a Faculdade de Direito do Ceará no I Congresso de
Direito Social, reunido em São Paulo, e nomeado membro da câmara de previdência
social do Conselho Nacional do Trabalho.
Transferindo-se para o Rio de Janeiro em meados de 1941,
lecionou história econômica da América e fontes de riqueza nacional na
Faculdade de Ciências Econômicas e Administrativas, até dezembro de 1942.
Durante esse período foi também professor de sociologia e de história no
Colégio Andrews e tornou-se membro efetivo da Sociedade Brasileira de
Antropologia, sediada no Rio de Janeiro. Passou a escrever, a convite do
escritor Cassiano Ricardo, no jornal A Manhã com o qual
colaboraria até janeiro de 1945. Durante o ano de 1942 lecionou direito
administrativo nos cursos de aperfeiçoamento do Departamento Administrativo do
Serviço Público (DASP).
Professor catedrático interino de economia política e
história das doutrinas econômicas da Faculdade Nacional de Filosofia da
Universidade do Brasil em abril de 1943, no mês seguinte foi eleito membro
efetivo da Sociedade Brasileira de Filosofia. Em novembro de 1943 representou a
Faculdade Nacional de Filosofia no Congresso Brasileiro de Economia, onde
apresentou a tese O dirigismo econômico das democracias.
Em
1944 foi nomeado professor de economia política da Faculdade de Economia da
Associação Cristã de Moços (ACM) e tornou-se membro da Associação Brasileira de
Imprensa (ABI) e do Sindicato dos Jornalistas Profissionais no estado. Ainda em
1944 foi representante do Ministério da Educação e Cultura (MEC) junto à
comissão encarregada de examinar o programa do Congresso Técnico
Interamericano, reunido no Itamarati.
Em
1945 assumiu interinamente a cadeira de sociologia na Faculdade de Economia da
ACM e, em junho desse ano, tomou posse como membro da Academia Brasileira de
Ciências Econômicas e Administrativas. Ainda em 1945 tornou-se catedrático da
Faculdade de Economia e Administração da Universidade do Brasil.
Membro do conselho econômico da Confederação Nacional da
Indústria (CNI) em 1950, em 1953 foi contratado pelo Ministério das Relações
Exteriores para dirigir a seção didática do Instituto Argentino-Brasileiro, em Buenos Aires. Transferiu-se então para a capital argentina, onde regeu a cátedra de
literatura brasileira na Faculdade de Filosofia e Letras da Universidade de
Buenos Aires e, em 1954, fundou e dirigiu o Centro de Estudos Brasileiros no
setor cultural da embaixada do Brasil, chefiada por Orlando Leite Ribeiro.
Retornando
ao Brasil em 1955, tornou-se professor do curso de jornalismo da Faculdade
Nacional de Filosofia. Em 1958 fundou e dirigiu o Instituto Cultural
Bolívia-Brasil, em La Paz, e, no ano seguinte, lecionou literatura brasileira
na Universidade Autônoma do Médico.
De volta ao Brasil no final de 1959, tornou-se vice-diretor e
depois diretor da Faculdade de Economia e Administração da Universidade do
Brasil, cargo que ocupou até 1964. Em 1965 foi nomeado diretor pro tempore do
Instituto de Filosofia e Ciências Sociais da Universidade do Brasil e em 1966
tornou-se membro do Conselho Federal de Cultura. Em 1968 foi nomeado professor
emérito da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) — denominação dada à
Universidade do Brasil em março de 1967 — e, no ano seguinte, tornou-se reitor
da UFRJ, em substituição a Raimundo Muniz de Aragão. Ainda em 1969, tornou-se
sócio efetivo do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro.
Candidatou-se em 1971 à vaga de Álvaro Lins na Academia
Brasileira de Letras, mas o escolhido foi Humberto Sales. Deixando a reitoria
da UFRJ em agosto de 1973 — cargo no qual foi substituído por Hélio Fraga —, no
mês seguinte passou a trabalhar no Instituto de Direito Público e Ciência
Política (Indipo), órgão ligado à Fundação Getulio Vargas. Aí se tornou o
principal colaborador da Revista de Ciência Política, atuando sob
a direção de Temístocles Cavalcanti até 1980 e, a partir de então, de Afonso
Arinos de Melo Franco.
Em julho de 1979 voltou a se candidatar à Academia Brasileira
de Letras, novamente sem alcançar o intento, pois dessa vez o escolhido foi o
jornalista e escritor Oto Lara Resende.
Foi também adido cultural do Brasil na Argentina, no México e
na Bolívia.
Djacir Meneses era membro da Academia Carioca de Letras e da
National Geographic Society.
Faleceu no Rio de Janeiro no dia 7 de junho de 1996.
Era casado com Maria Estela Pontes Meneses, com quem teve
quatro filhos.
Grande estudioso da obra do filósofo alemão Georg Friedrich
Hegel, Djacir Meneses escreveu grande número de livros de direito, economia e
filosofia. Publicou O problema da realidade objetiva
(1932), Diretrizes da educação nacional (1932), Teoria científica do
direito de Pontes de Miranda (1934), O outro Nordeste (1937;
2ª ed. 1970), Preparação ao método científico (1938), O
princípio da simetria e os fenômenos econômicos (1939), O ouro e a nova
concepção da moeda (1941), As elites agressivas (1953), Estudos
de sociologia e economia (1953), Evolução do pensamento literário no
Brasil (1954), Raízes pré-socráticas de teses atuais (1957), Vida
social e criação literária (1957), O Brasil no pensamento
brasileiro (antologia, 1958; 2ª ed. 1970), O sentido antropógeno da
história (1959), Hegel e a filosofia soviética (1959), Crítica
social de Eça de Queirós (1962), Temas de política e filosofia (1962),
Evolucionismo e positivismo na crítica de Farias Brito (1962), Rodolfo
Mondolfo e as interrogações de nosso tempo (1963), Proudhon,
Hegel e a dialética (1965), Textos dialéticos de Hegel
(1968), Poesias heréticas e heresias poéticas (1970), Teses quase
hegelianas (1972), Idéias contra ideologias (1972),
Filosofia do direito (1975), Temas polêmicos (1975), Motivos alemães
(1976), Premissas do culturalismo dialético (1979),
Tratado de filosofia do direito, Juridicidade em Tomás de Aquino e Karl
Marx e Physis: a realidade fundamental.
Sobre sua atuação, A. Machado Paupério e Oliveiros Lintrento
coordenaram a obra Djacir Meneses e as perspectivas do
pensamento contemporâneo (1979).
FONTES: COUTINHO,
A. Brasil; CURRIC. BIOG.; Globo (14/6/96); Grande encic. Delta;
Jornal do Brasil (4/7/79); MENESES, R. Dic.; Perfil (1972).