AMORIM, Ernandes
*sen. RO 1995-2000; dep. fed. RO 2007-2011
Ernandes
Santos Amorim nasceu
em Itagibán (BA) no dia 22 de outubro de 1946, filho
de Francisco Pereira Amorim e de Lindaura Rodrigues dos Santos. Seu irmão,
Osmar Amorim, foi presidente da Câmara de Vereadores de Ariquemes (RO).
Técnico em administração e bacharel em
educação física pela Universidade Católica
da Bahia, transferiu-se em 1977 para Rondônia e passou a atuar na área de mineração, no município de Ariquemes. Com a transformação de Rondônia
em estado, em 22 de dezembro de 1981, candidatou-se no pleito de novembro do
ano seguinte a deputado estadual na legenda do Partido do Movimento Democrático
Brasileiro (PMDB), e obteve a terceira suplência. Dois anos depois, assumiu uma cadeira na Assembleia
Legislativa. Em novembro de 1986 foi reconduzido àcAssembleia com a maior votação de Rondônia.
Em outubro de 1988 concorreu com êxito àiprefeitura de Ariquemes. Deixando a Assembléia,
foi empossado prefeito em 1ºade
janeiro de 1989.
A comissão parlamentar de inquérito
(CPI) instalada na Câmara dos Deputados em 1991 para
investigar o narcotráfico acusou-o de pertencer a uma rede de
traficantes de cocaína. Foi citado também
no verbete ‘narcotráfico’ida Enciclopédia
Britânica do
Brasil. Em
1992, ainda prefeito de Ariquemes, agrediu a socos o radialista Osmar Silva,
que criticara sua administração.
Em
outubro de 1994 candidatou-se ao Senado, na legenda do Partido Democrático
Trabalhista (PDT). Eleito para a segunda vaga de Rondônia,
assumiu o mandato em fevereiro de 1995 e foi eleito para a quarta secretaria da
mesa diretora da casa. Ainda nesse mês, sua ex-mulher e
ex-vereadora de Ariquemes, Hélia Santana Amorim, condenada a três anos de prisão por tráfico
de drogas, acusou-o de ser o líder de um esquema de compra, venda e
distribuição de grandes partidas de cocaína de Rondônia
para Minas Gerais, Espírito Santo e São Paulo. Acusou-o ainda
de contrabando de cassiterita, de lavagem de dinheiro, e de ter sido o mandante
do assassinato do garimpeiro JoséiCatarino. Uma investigação foi
realizada, mas em maio o Senado negou a autorização para que Amorim fosse
investigado pela Comissão de Ética, e o processo foi arquivado. Em
maio e junho o Supremo Tribunal Federal (STF) apresentou dois pedidos de licença ao
Senado, a fim de processá-lo sob a acusação de prática
de crime comum quando estava àifrente da prefeitura
de Ariquemes.
Ainda em
1995, deixou o PDT e retornou ao PMDB. Nas votações das emendas constitucionais
então propostas pelo governo Fernando Henrique Cardoso, votou a favor da quebra
do monopólio estatal das telecomunicações, da
Petrobras na exploração de petróleo, e dos estados na distribuição de gás
canalizado, e da criação da Contribuição
Provisória
sobre Movimentação Financeira (CPMF), que substituiu o Imposto Provisório
sobre Movimentação Financeira (IPMF), imposto de 0,2% sobre transações bancárias criado como fonte complementar de recursos para a saúde.
Votou contra a mudança no conceito de empresa nacional
(apenas em primeiro turno, pois faltou à votação em segundo turno) e esteve ausente
na votação da quebra do monopólio das embarcações nacionais na
navegação de cabotagem.
Em
fevereiro de 1996, propôs um projeto que criava 162 cargos
comissionados, de chefe e subchefe de gabinete para cada senador, para os
integrantes da mesa e líderes dos partidos, alegando a
necessidade de separar as funções políticas e administrativas de cada
gabinete. Ainda nesse mês faltou à votação da prorrogação do Fundo Social de
Emergência (FSE), rebatizado de Fundo de
Estabilização Fiscal (FEF), que permitia que o governo gastasse 20% da
arrecadação de impostos sem que essas verbas ficassem obrigatoriamente
vinculadas aos setores de saúde e educação.
Em
novembro de 1996 deixou o PMDB e permaneceu sem partido até março do ano seguinte, quando se filiou ao Partido Progressista Brasileiro
(PPB). Apesar de declarar-se contrário ao direito de reeleição para os
mandatários da época, pois pretendia disputar o governo
de Rondônia no pleito de outubro de 1998 e não
desejava a concorrência do então governador Valdir Raupp,
no início de 1997 votou a favor da emenda da reeleição para
presidente da República, governadores e prefeitos. Em
outubro desse ano faltou àlvotação da reforma da Previdência, que acabou com a aposentadoria por tempo de serviço,
e em março de 1998 votou contra a reforma administrativa, que permitia a demissão de servidores públicos
por mau desempenho ou excesso de gastos com a folha de pagamento, e estabelecia
um teto salarial para o serviço público. No período,
participou dos trabalhos legislativos como titular das comissões de Assuntos
Sociais e de Infraestrutura.
Em
outubro de 1998 candidatou-se ao governo de Rondônia
na legenda do PPB, mas não foi eleito. Retornou, então, aos trabalhos no
Senado. Em junho de 2000, além de Jader Barbalho, foi o único
senador que defendeu o senador Luís Estevão (PMDB-DF) na sessão que determinou sua cassação por envolvimento na obra
superfaturada da sede do Tribunal Regional do Trabalho de São Paulo.
Em 1º de agosto de 2000 licenciou-se do Senado
por quatro meses para concorrer à prefeitura de
Ariquemes, deixando sua vaga para o suplente Fernando Matusalém
(PPB). Ainda em agosto, teve o mandato cassado por abuso de poder nas eleições
de 1994, mas escapou da punição de tornar-se inelegível por três anos, pois o período de aplicação
da pena se esgotara em 1997. Dessa forma, pôde
eleger-se prefeito de Ariquemes. Tomou posse em janeiro de 2001, e em agosto o
Tribunal Superior Eleitoral (TSE) confirmou a cassação de seu mandato de senador
e de seus suplentes. Diante disso, o preenchimento da vaga gerou uma disputa
judicial entre Francisco Sartori, do Partido da Social Democracia Brasileira
(PSDB), e Eduardo Valverde, do Partido dos Trabalhadores (PT), que chegou a ser
diplomado senador, mas teve sua diplomação sustada por ato do TSE.
Deixou a
prefeitura de Ariquemes em 2002 para candidatar-se ao governo de Rondônia.
Na ocasião,
Daniela Santana Amorim, sua filha, que era a vice-prefeita, assumiu o cargo.
Não tendo afinal se candidatado nas eleições de outubro, continuou a chefiar a
prefeitura de Ariquemes extraoficialmente, conforme investigação posterior da
Polícia Federal divulgada pela Folha Online em 24 de junho de 2009.
Em
agosto de 2004, foi preso durante a “Operação Rondônia/Mamoré”, acusado de comandar um esquema de
corrupção na prefeitura de Ariquemes. Conforme divulgado pela Folha Online em 30 de outubro de 2004, a operação,
iniciada no ano anterior, visava a apurar indícios de corrupção,
desvio de dinheiro público e tráfico
de drogas, armas e minerais no estado de Rondônia.
Foi solto em outubro, por determinação do ministro do Superior Tribunal de
Justiça (STJ) Paulo Medina, que decidiu que a Justiça
Federal era incompetente para julgá-lo, pois os crimes denunciados eram da
esfera estadual.
Em 2005
filiou-se ao Partido Trabalhista Brasileiro (PTB) e no ano seguinte foi eleito
deputado federal por Rondônia nessa legenda. Assumindo o mandato
na Câmara em fevereiro de 2007, tornou-se membro titular da
Comissão de Minas e Energia e das seguintes comissões especiais: de Tarifa
Social de Energia Elétrica, de Exploração dos Recursos Minerais em Terras Indígenas,
dos Servidores de Rondônia, de Fontes Renováveis
de Energia e dos Seringueiros. Participou ainda da CPI da Dívida
Pública.
Em
outubro de 2008, foi autuado pela Secretaria de Desenvolvimento Ambiental do
Estado de Rondônia por desmatar a floresta amazônica na região de Campo Novo. Na época, negou que tivesse propriedades
naquele município. Em março
de 2009, tornou-se objeto de inquérito no STF, acusado do desmatamento de
1,6 hectare da floresta amazônica em fazendas de sua propriedade no
município de Machadinho D’Oeste,
também em Rondônia. Essas ações fizeram parte da “Operação
Arco de Fogo”, iniciada em fevereiro de 2008,
reunindo fiscais do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos
Naturais Renováveis (IBAMA), da Polícia
Federal e da Força Nacional de Segurança
para combater o desmatamento ilegal e o comércio
clandestino de madeira na Amazônia Legal.
Em junho
de 2009, junto com sua filha, a então deputada estadual Daniela Amorim, foi
denunciado à Justiça Federal pelo Ministério Público
Federal em Rondônia (MPF/RO), por improbidade
administrativa na época em que haviam exercido os cargos de
prefeito e vice-prefeita de Ariquemes. Seu irmão, o comerciante Osmar Santos Amorim, e três empresas do ramo de construção também
foram processados. Suspeito de participar de esquema de fraude na Previdência Social, em nota oficial classificou de mentiras o
rol de acusações feitas pelo MPF/RO. Conforme a investigação conduzida pelo
MPF, a Polícia Federal e a Controladoria-Geral da
União (CGU), teria sido montado um esquema de fraude nas licitações da
prefeitura, que sempre beneficiavam as empresas do grupo de Amorim. O grupo
utilizaria “empresas fantasmas”e “laranjas” ou “testas de ferro”.
Entre os casos apontados pelo MPF, figurava um convênio de 77 mil reais firmado pela prefeitura de Ariquemes
com o Fundo Nacional de Saúde (FNS) para ampliar uma unidade de saúde
que nunca existiu. Na ocasião, o MPF/RO pediu à Justiça Federal a condenação dos acusados de
acordo com as várias penas do artigo 12 da Lei nºi8.429/92, entre elas a perda do cargo,
emprego ou função pública desempenhada, e a suspensão dos
direitos políticos.
Em 27 de
agosto de 2009, foi denunciado ao STF por Nelmon Oliveira da Costa, diretor do
Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal (DIPOA), da Secretaria de
Defesa Agropecuária (SDA) do Ministério
da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Amorim havia
solicitado, em 8 de julho, a convocação do ministro Reinhold Stephanes para se
manifestar a respeito da lei que regia a inspeção de produtos de origem animal
e da “Operação
Abate”, realizada nos
estados de Rondônia e Mato Grosso. No requerimento,
acusava Nelmon de chefiar a “quadrilha do DIPOA”,
que estaria promovendo “perseguições a empresários que não
aceitam serem submetidos a chantagens e achaques”. A operação da PF em parceria com o MPF pretendia apurar a prática
de diversos crimes cometidos para favorecer empresas frigoríficas,
laticínios e curtumes fiscalizados pela Superintendência Federal da Agricultura (SFA).
Entre as
proposições de sua autoria que tramitavam na Câmara
em 2009, destacavam-se a que propunha a transferência
sem licitação de
terrenos da Amazônia Legal para quem estivesse de posse
da terra antes de dezembro de 2004, a sugestão ao ministro das Relações
Exteriores de retirada da adesão do Brasil àiDeclaração das Nações Unidas sobre os Direitos
dos Povos Indígenas, a alteração da Lei de
Responsabilidade Fiscal, para dispensar os municípios
com menos de 50 mil habitantes de apresentar contrapartida nas transferências voluntárias
da União, e a que anistiava os cassados por quebra de decoro parlamentar entre
2003 e 2006, em decorrência de envolvimento no “mensalão”, esquema de compra de votos de parlamentares. Apresentou
ainda uma Proposta de Emenda Constitucional (PEC) que estabelecia a coincidência geral dos pleitos para todos os mandatos eletivos,
aumentava para dez anos o mandato de senador, estabelecia o mandato de cinco
anos para todos os cargos eletivos e punha fim àcreeleição para cargos executivos. Votou pela suspensão da CPI do “Apagão Aéreo”, que investigou a crise no sistema aéreo no país
desencadeada após o acidente ocorrido no dia 29 de
setembro de 2006, envolvendo um Boeing 737-800 da Gol (vôo
1907) e um jato Legacy da América ExcelAire. Apoiou também a
chamada “PEC do terceiro mandato”, que pretendia possibilitar uma segunda reeleição para cargos
executivos. Criticada pela oposição, que caracterizou a proposta como um
projeto de manutenção do poder, tendo em vista que posibilitaria ao então
presidente Luis Inacio “Lula” da Silva disputar um terceiro mandato, a PEC
sequer foi votada, tendo sido arquivada pela Comissão de Constituição e Justiça.
Chegou a lançar candidatura
para disputar uma vaga de deputado estadual nas eleições de 2010, mas teve o
regustro inicialmente indeferido pelo Tribunal Superior Eleitoral, em virtude
da condenação por improbidade administrativa sofrida no Tribunal de Justiça, do
período em que foi prefeito de Ariquemes.
Em Rondônia,
foi ainda presidente da Cooperativa de Garimpeiros de Bom Futuro e proprietário
de duas empresas de mineração, além de uma fundição de estanho, a
Fundinorte. Tornou-se criador de gado, com um rebanho avaliado em cerca de dez
mil cabeças. Foi também
subdelegado de polícia de Ariquemes.
Do
casamento com Hélia Santana Amorim, teve três filhos.
FONTES: NICOLAU,
L. Dados; Portal da Câmara dos Deputados. Disponível em:
<http://www.camara.gov.br>. Acesso em 15/11/2009; Portal Globo Amazônia. Disponível em:
<http://www.gloamazonia.com>. Acesso em 15/11/2009; Portal do Jornal do Brasil. Disponível em:
<http://www.jb.com.br/capa>. Acesso em 15/11/2009; Portal do jornal Estado de São Paulo. Disponível em:
<http://www.estadao.com.br>. Acesso em 15/11/2009; Portal do jornal Folha de São Paulo. Disponível em:
<http://www1.folha.uol.com.br>. Acesso em 15/11/2009; Portal do jornal O Globo. Disponível em:
<http://oglobo.globo.com>. Acesso em 15/11/2009; Portal do Jornal Tudo Rondônia. Disponível em:
<http://www.tudorondonia.com>. Acesso em 04/12/2013; Portal do Ministério
Público Federal. Disponível em: <http://cf-internet.pgr.mpf.gov.br>.
Acesso em 15/11/2009; Portal do Senado. Disponível em:
<http://www.senado.gov.br>. Acesso em 15/11/2009; Portal do Supremo
Tribunal Federal. Disponível em: <http://www.stf.jus.br>. Acesso em
15/11/2009; Portal do Tribunal Superior Eleitoral. Disponível em:
<http://www.tse.gov.br>. Acesso em 15/11/2009.