FIGUEIREDO
FILHO, Euclides
*militar; comte Comdo Mil. Amazônia 1982-1983; comte
ESG 1983-1985.
Euclides de Oliveira Figueiredo Filho nasceu no Rio de Janeiro, então Distrito Federal, no dia 10
de outubro de 1919, filho de Euclides de Oliveira Figueiredo e de Valentina
Silva de Oliveira Figueiredo. Seu pai, também militar, opositor de Getúlio
Vargas, participou da Revolução Constitucionalista de 1932, foi preso ao
participar do fracassado putsch integralista de 1938, e foi deputado
federal constituinte em 1946 na legenda da União Democrática Nacional (UDN). Dois
de seus irmãos seguiram igualmente a carreira militar: João Batista de Oliveira
Figueiredo, presidente da República de 1979 a 1985, e Diogo de Oliveira Figueiredo, comandante da Escola de Comando e Estado-Maior do Exército (ECEME). Outro
irmão conhecido publicamente foi o escritor Guilherme Figueiredo.
Ingressou na Escola Militar do Realengo no ano de 1938, sendo
declarado aspirante da arma de cavalaria em 1940. Serviu na guarnição de
Uruguaiana (RS) até 1942, período no qual foi promovido a segundo-tenente.
Nesse ano foi transferido para o 4º Regimento de Cavalaria Divisionária (RCD),
em Juiz de Fora (MG), onde permaneceu até 1943, quando foi transferido para o
1º RCD, sediado no Distrito Federal, e recebeu a promoção a primeiro-tenente.
No ano seguinte fez o curso para instrutores de transmissão na Escola de
Transmissões e assumiu o comando da 7ª Companhia de Instrução do Centro de
Instrução Especializada (CIE). Em 1945, já na Escola Militar de Resende, foi
instrutor-chefe da arma de cavalaria e foi promovido a capitão. Retornou ao CIE
como instrutor de guerra química em 1946.
Cursou
a Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais (EsAO) em 1947 e, nesse mesmo ano,
tornou-se comandante do esquadrão de metralhadoras e morteiros do Regimento
Escola de Cavalaria (REC), onde ficou até 1950, com um breve interregno em
1948, quando fez o curso de fotoinformação na Escola de Instrução Especializada
(EsIE). Em 1950 foi transferido para o Quartel-General da Zona Militar do
Centro, como ajudante-de-ordens do comandante, e aí ficou lotado até 1952,
quando se matriculou na ECEME. Promovido a major, deixou a ECEME dois anos
depois e fez estágio no Quartel-General da 4ª Divisão de Cavalaria de Campo
Grande (MS). Em 1955 foi incorporado ao Estado-Maior do Exército (EME) e foi
transferido para o Quartel-General da Guarnição de Juiz de Fora (MG). De 1956 a 1963 foi diretor de ensino da Escola de Motomecanização e instrutor da seção de cavalaria e
blindados da ECEME, além de ter recebido a promoção a tenente-coronel em 1961.
Em 1963 foi designado diretor da Coudelaria de Campinas, onde
ficou por dois anos até ser designado chefe da 1ª/2ª seções do EME, na
Guanabara. Promovido a coronel, foi transferido para o REC, do qual foi comandante.
Após a tomada do poder pelos militares em 31 de março de 1964, foi secretário da
Comissão Sumária do Exército, responsável pela identificação de pessoas
potencialmente subversivas. Em 1969 foi para o Quartel-General do I Exército
como encarregado de um inquérito-policial-militar (IPM). Nesse mesmo ano
tornou-se subchefe do Exército do Gabinete Militar da Presidência da República,
chefiado pelo general Emílio Garrastazu Médici. Designado adido militar das
Forças Armadas na embaixada brasileira na Colômbia em 1971, retornou ao Brasil
em 1973. Foi então promovido a general-de-brigada e assumiu o comando da 2ª
Brigada de Carros Mecanizados na 3ª Região Militar, em Uruguaiana (RS), tendo
lá permanecido por dois anos, até ser designado para cursar a Escola Superior
de Guerra (ESG), em 1975.
Em 1976 foi nomeado comandante da 8ª Região Militar em Belém.
Em abril de 1978, denunciou à imprensa “existência de padres subversivos na 8ª
RM” e declarou que “o processo, já em andamento na justiça civil, deveria ser
julgado como os de crime contra a segurança nacional”. Naquele mesmo ano, foi
promovido a general-de-divisão e transferido para o EME em Brasília como
terceiro-subchefe. Assumiu em 1979 o comando da 1ª Divisão de Exército
(Guarnição da Vila Militar) do I Exército (RJ), e aí permaneceu até 1981,
quando foi promovido a general-de-exército.
À frente do Comando Militar da Amazônia a partir de janeiro
de 1982, quando substituiu o general Leônidas Pires Gonçalves, deixou esse
cargo em agosto de 1983, passando-o ao general Ademar da Costa Machado. Ainda
em agosto tornou-se comandante e diretor de estudos da ESG, substituindo o
general Alzir Benjamin Chaloub. Contrário à legalização dos partidos
clandestinos de esquerda, por considerar a iniciativa um risco à segurança e à
soberania nacionais, afastou-se do comando da ESG em novembro de 1985, um mês
depois de ser transferido para a reserva. Seu substituto foi o general Luís
Felipe Carneiro de Lacerda Neto.
Em
fevereiro de 1989, referindo-se às eleições presidenciais que teriam lugar no
final do ano, advertiu que, “se houver baderna no país, a eleição poderá não
ocorrer, e sim o golpe”. Em maio foi punido com dez dias de prisão em cela
especial no Comando Militar do Leste, por ter chamado o ministro do Exército, general
Leônidas Pires Gonçalves, de covarde, por este não ter interferido em favor do
general da reserva Newton Cruz no processo em que era acusado da morte do
jornalista Alexandre von Baumgarten. Após a eleição de Fernando Collor de Melo
no segundo turno do pleito presidencial realizado em dezembro de 1989, defendeu
a redução do número de ministérios militares no futuro governo, além do combate
rigoroso à corrupção. Em sua opinião, segundo o jornal O Globo, a
presença de generais no governo José Sarney fora exagerada.
Em
maio de 1990, dois meses após a posse do novo presidente, discordou da
advertência de Collor aos militares, de que não admitia críticas às suas
decisões. Segundo declarou, sua classe tinha o direito de se manifestar.
Repreendido por suas declarações pelo ministro do Exército, general Carlos
Tinoco, afirmou em julho que impetraria mandado de segurança no Superior
Tribunal de Justiça (STJ) contra aquela medida disciplinar. Sua iniciativa,
contudo, foi negada pelo STJ, ainda em julho. Em agosto de 1991, voltou à
imprensa para alertar para a crise provocada pelos baixos soldos dos militares.
Em maio de 1992, quando a revista Veja publicou uma
entrevista de Pedro Collor, irmão do presidente, em que este denunciava a
existência de um esquema de corrupção no governo sob o comando de Paulo César
Farias, o PC, ex-tesoureiro de campanha de Collor, defendeu a renúncia imediata
do presidente como a melhor solução para a crise política. No início de
setembro, juntamente com outros militares da reserva, pronunciou-se a favor do impeachment
de Collor.
Faleceu no Rio de Janeiro no dia 31 de julho de 2009.
Era casado com Vera Correia de Oliveira Figueiredo.
Moisés
Arioza/Mirian Aragão
FONTES:
ARQ. MIN. EXÉRC.; Estado de S. Paulo (28/7/83,11/5/90, 17/8/91); Folha
de S. Paulo (2/7/82, 12/7/90, 5/9/92); Globo (30/1/82, 30/7/85,
25/12/89, 20/7/90, 26/6/92); Jornal do Brasil (29/4/78, 9 e 17/8/79,
12/10/85, 31/5/89, 26/6 e 5/9/92); Portal Usina de Letras. Disponível em: <http://www.usinadeletras.com.br/exibelotexto.php?cod=26876&cat=Cartas>.
Acesso em: 28 ago. 2009; Veja (14/8/85 e 22/2/89).