SALES,
Eugênio
*religioso; arceb.
Salvador 1968-1971; arceb. RJ 1971-2001.
Eugênio de Araújo Sales nasceu em Acari (RN) no dia 8 de novembro de 1920, filho de Celso Dantas
Sales e de Josefa de Araújo Sales.
Concluindo os estudos secundários no Colégio Marista de
Natal, fez o curso de filosofia e teologia no Seminário de Fortaleza. Após
ordenar-se sacerdote em novembro de 1943, aos 23 anos — mediante uma
autorização especial do Vaticano, pois a idade mínima era 24 anos — foi nomeado
vigário-cooperador da paróquia de Nova Cruz, em Natal, e posteriormente capelão
do Colégio Nossa Senhora do Carmo, na mesma cidade, exercendo essas funções
durante seis meses. Em 1944, tornou-se capelão do Colégio Marista, no qual havia estudado, e diretor das obras das vocações sacerdotais
da arquidiocese de Natal. Entre aquele ano e 1945, foi professor de apologética do Seminário de São Pedro, em
Natal, e organizou o movimento da Juventude Masculina Católica (JMC), na mesma
arquidiocese. Em 1945, deixou o cargo de capelão do Colégio Marista.
Fundou em 1948 o Serviço de Assistência Rural (SAR),
difundindo em Natal e no interior do estado os Centros Sociais da Comunidade,
destinados a prestar serviços de assistência religiosa e social. Fundou também,
na periferia de Natal, escolas-ambulatório ligadas aos centros comunitários,
assim como a Obra do Bom Pastor e o Lar das Mães. Quando dirigia as obras
sociais da arquidiocese da capital de seu estado, fundou dois patronatos para
menores carentes, um instituto para menores infratores e o Centro de
Treinamento de Líderes do Nordeste. Foi também o fundador da Assistência Social
Penitenciária, formada por voluntários dedicados à assistência religiosa e ao
amparo moral aos presos.
Tornou-se,
em 1950, professor de teologia da Escola de Serviço Social de Natal, sendo
designado em julho de 1954 bispo-auxiliar de dom Marcolino de Sousa Dantas,
arcebispo da cidade. Sua sagração como bispo foi feita em agosto do mesmo ano,
por dom José de Medeiros Delgado, arcebispo do Maranhão; dom Eliseu Simões
Mendes, bispo de Mossoró (RN); e dom José Adelino Dantas, bispo de Caicó (RN).
Em março de 1959,
esteve presente, com outros clérigos e políticos nordestinos, numa reunião
convocada pelo presidente
da República, Juscelino Kubitschek (1956-1961), para debater problemas crônicos
do Nordeste e encontrar caminhos para o combate à seca e a necessidade de se
fixar o homem à terra. Na reunião,
foram encampadas as ideias
básicas do I Encontro de
Bispos do Nordeste e foi criado o Conselho do Desenvolvimento do Nordeste
(Codeno), transformado meses depois na Superintendência do Desenvolvimento do
Nordeste (Sudene).
Ainda
em 1959,
dom Eugênio criou no Rio Grande do Norte a Emissora de Educação Rural —
responsável pelo lançamento de um programa de alfabetização rural no qual foram
utilizados três mil rádios transistores, doados pelo governo federal — e a
Fundação Pio XII, visando à colonização agrícola. Foi eleito em 1961 secretário
da regional nordeste
da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). No ano seguinte,
passou a administrador apostólico
sede plena da
arquidiocese de Natal, e exerceu as funções de arcebispo em virtude da idade
avançada de dom Marcolino de Sousa Dantas, arcebispo titular. Ainda em 1962,
iniciou em Natal a experiência piloto de religiosas assumirem paróquias,
posteriormente estendida a todo o país. Também em 1962,
participou do Congresso Internacional de Serviço Social. Em 1963,
criou cursos de aperfeiçoamento para bispos e participou do Concílio Vaticano
II, realizado em Roma, tendo integrado as comissões de elaboração do documento
sobre o apostolado leigo e da encíclica Gaudium
et spes, concluídos
em 1965.
Na arquidiocese de
Salvador
Em
1964,
dom Eugênio Sales transferiu-se para Salvador para assumir a função de
administrador sede
plena da arquidiocese, como
auxiliar do arcebispo titular, dom Augusto Álvaro da Silva. Daquele ano até
1966,
presidiu o Secretariado de Ação Social da CNBB, em substituição a dom Avelar
Brandão. Em 1965,
reformulou o processo de planejamento das pastorais em Salvador, promovendo,
com as bases da comunidade, debates sobre seus problemas básicos, como saúde e
educação, dos quais participaram cerca de 40 mil pessoas, entre religiosos,
párocos e leigos. Em junho do mesmo ano,
participou da reunião dos bispos do Conselho Episcopal Latino-Americano
(Celam), realizada na Venezuela. Fundou, ainda em 1965, o Instituto de Desenvolvimento
Integral (IDI), com o objetivo de integrar a religião e a participação
comunitária, criando, desse ano até 1971, 20 paróquias na periferia de
Salvador, dirigidas por religiosas. Eleito presidente do Departamento de Ação
Social do Celam em 1965, visitou todos os países da América Latina, inclusive
Cuba, àquela altura já socialista, para estudar as realidades locais em
conferências com os respectivos arcebispados.
Dom
Eugênio foi o coordenador dos encontros latino-americanos de bispos, realizados
em Mar del Plata, na Argentina, em 1966, e em Salvador, em 1967. De 1966 a 1970,
presidiu o Comitê de Promoção Humana da Comissão Pontifícia de Justiça e Paz,
sediada em Roma. Ainda em 1966, em articulação com a Associação de Dirigentes
Cristãos de Empresas (ADCE), promoveu em Salvador um encontro nacional de
empresários cristãos. Participou da Conferência Internacional dos Bispos
Nigerianos, realizada na Nigéria, e coordenou a comissão de justiça do Encontro
de Medellín, na Colômbia.
Em
1968,
sucedeu ao cardeal Augusto Álvaro da Silva como arcebispo de Salvador e, no ano
seguinte, passou a presidir a Comissão para o Desenvolvimento Humano, que
planejou, coordenou e administrou o movimento católico para a alfabetização de
adultos em todo o mundo. Em abril de 1969, na aula inaugural do IDI, declarou
que “tanto os regimes socialistas como os liberais fazem parte da civilização
moderna”, e que “devemos aproveitar benefícios e verdades que cada um tenha,
eliminando seus erros”. Em maio seguinte, por nomeação do papa Paulo VI,
recebeu as insígnias de cardeal, e
em 1970,
foi delegado papal ao VIII Congresso Eucarístico Nacional, realizado em
Brasília. Como cardeal-arcebispo de Salvador, tornou-se o primaz do Brasil. Nesse
período, teria se recusado a celebrar a missa de aniversário do Ato
Institucional n. 5,
a pedido do general
Abdon Sena, de
Salvador.
Na arquidiocese do Rio de
Janeiro
Em março de 1971, dom Eugênio Sales foi nomeado cardeal-arcebispo do Rio de
Janeiro, substituindo dom Jaime de Barros Câmara, recém-falecido. Na ocasião,
devido à sua fama de conservador, 67 padres do Rio declararam-se contrários à
sua indicação para o cargo. Ainda em 1971, foi designado representante do episcopado brasileiro no
Sínodo dos Bispos, em Roma.
Desde o início de sua administração episcopal no Rio de
Janeiro — inaugurada no governo do general Emílio Garrastazu Médici
(1969-1974), período marcado por grande cerceamento das liberdades públicas —
dom Eugênio se caracterizou por uma atitude política moderada e cautelosa, o que não o impediu de se manifestar algumas vezes em defesa
dos direitos humanos, ao mesmo tempo em que mantinha permanente polêmica contra
as ideias socialistas, que exerciam então forte influência em setores
do clero.
Participou
de alguns dos encontros da chamada Comissão Bipartite, fórum de discussão
secreto que se reuniu entre 1970 e 1974 com o objetivo de impedir a
deterioração das relações Igreja-Estado e que era integrado por importantes
líderes da Igreja Católica, como dom Aluísio Lorscheider, secretário-geral e
depois presidente da CNBB; dom Ivo Lorscheiter; dom Avelar Brandão,
vice-presidente da CNBB; dom Lucas Moreira Neves, bispo-auxiliar de São Paulo;
e por altos oficiais das forças armadas e integrantes do Serviço Nacional de
Informações (SNI) e do Centro de Informações do Exército (CIE). Nessas
reuniões, o primeiro escalão do clero cobrou da cúpula militar a investigação
de casos de violação de direitos humanos, o
fim do cerceamento da liberdade de expressão e das perseguições políticas. Dom
Eugênio deixaria de integrar a Comissão Bipartite em 1972, depois que as
autoridades violaram a promessa de que não prenderiam um sacerdote suspeito de
subversão.
Ainda em 1971, dom Eugênio elaborou o primeiro plano conjunto da pastoral
no Rio de Janeiro, com a participação de paróquias e comunidades de base,
dinamizou as pastorais da família, da juventude e a missionária, criou a
pastoral vocacional, com o objetivo de, através de cursos de discernimento
vocacional, preparar os jovens decididos a serem seminaristas, e criou uma assessoria de imprensa para a arquidiocese. Em
1972, criou a Pastoral do Trabalhador e o Vicariato Episcopal para
Religiosas, coordenado por uma religiosa e assistido por um bispo.
Em 1975, criou as missões populares voltadas para a evangelização e a
Pastoral das Favelas. Esta última, auxiliada por uma assessoria jurídica,
visava a dar assistência a favelados e moradores de conjuntos
habitacionais populares, tentando evitar, no caso dos primeiros, as remoções.
Ainda em 1975, promoveu a peregrinação oficial do Ano Santo em Jerusalém
(Israel) e criou a Pastoral do Sistema Penal, estendida a todos os presídios da
cidade; a Pastoral do Anônimo, para atender ao problema da solidão; uma
assessoria leiga, de caráter técnico, para consultas sobre posições a serem
tomadas pela Igreja diante dos problemas nacionais e locais; e uma assessoria
teológico-pastoral. No ano seguinte, criou um serviço permanente de assistência a refugiados
políticos latino-americanos, no Rio de Janeiro, objeto de um convênio firmado
mais tarde com a representação da Organização das Nações Unidas (ONU).
Após o fechamento do Congresso, em abril de 1977, pelo presidente Ernesto Geisel (1974-1979), como parte do
conjunto de medidas conhecidas como o “pacote de abril”, dom Eugênio Sales
tornou-se um dos interlocutores do presidente do Senado, Petrônio Portela, em
suas negociações com o que então se chamava de “representantes da sociedade
civil”, visando a encontrar pontos de convergência que tornassem possível o
encaminhamento do projeto de abertura política do presidente da República e do
chefe do Gabinete Civil, general Golberi do Couto e Silva.
Em
dezembro de 1977, dom Eugênio Sales negou, através da imprensa, a existência de
freiras, padres ou bispos “vermelhos” no seio do clero. Perguntado sobre a
posição da Igreja em relação à campanha em prol da anistia política em
fevereiro de 1978, ele declarou ao Jornal
do Brasil: “Essas
campanhas muitas vezes apresentam um rumo e depois tomam outro”.
Disse ainda que, pessoalmente, sempre se inclinava para a misericórdia e o
perdão, mas acrescentou: “O perdão está condicionado a vários fatores. Assim,
quem foi condenado por julgamento injusto tem direito à anistia; quem cometeu
crime, dentro dos padrões normais que regem a sociedade, pode merecer essa
mercê, mas não tem o direito de exigi-la”.
No
fim de março de 1978, o presidente dos Estados Unidos, Jimmy Carter, visitou o
Brasil, ocasião em que se encontrou com dom Eugênio e dom Paulo Evaristo Arns,
cardeal-arcebispo de São Paulo. A propósito do encontro, em que foi discutida a
situação dos direitos humanos no Brasil, o Jornal
do Brasil afirmou:
“O cardeal-arcebispo do Rio de Janeiro é considerado um moderado. Foi graças a
ele que se manteve o entendimento entre a Igreja e o Estado durante o governo
do presidente Emílio Garrastazu Médici”.
Em dezembro de 1978, pronunciando-se a respeito do projeto de anistia que vinha
sendo preparado pelo presidente Ernesto Geisel, dom Eugênio Sales declarou: “A
anistia, independentemente da justiça ou injustiça, é uma forma de misericórdia
e pode ser uma forma de sabedoria política”.
Em agosto de 1979, já no governo do presidente João Batista Figueiredo, quando
o projeto da anistia tramitava no Congresso, dom Eugênio declarou que desejava
que a anistia fosse a mais ampla possível. Em outubro seguinte, numa palestra
de encerramento do IV Seminário Regional Latino-Americano de Teologia e
Pastoral do Culto do Coração de Jesus, realizado
no Centro de Estudos
Teológicos do Sumaré, no Rio de Janeiro, criticou o que chamou de “desvios
doutrinários de uma corrente meramente sociopolítica da teologia
latino-americana e o uso da análise marxista para a reflexão teológica”.
Em abril de 1980, a CNBB analisou as críticas feitas pelo presidente
João Figueiredo e por alguns de seus ministros à atuação da Igreja no campo
social. No dia 25 do mesmo mês, foi publicado um documento, aprovado pelos bispos, que
afirmava: “A cada bispo em sua diocese cabe cumprir a tríplice e grave tarefa
de ensinar e interpretar a verdade, presidir e promover a liturgia e discernir
e coordenar as formas de presença e ação de sua igreja particular. Essa missão,
o bispo a exerce em nome do próprio Cristo, subordinado ao papa e em comunhão com os demais pastores”. Esse documento foi também uma reação às críticas dirigidas
especificamente a dom Ivo Lorscheiter, presidente da CNBB, pelo governo e até
por alguns bispos, como dom Vicente Scherer, cardeal-arcebispo de Porto Alegre,
em face da atuação de dom Ivo durante as greves operárias no ABC paulista.
Pronunciando-se sobre a questão, dom Eugênio Sales afirmou que a reabertura do
diálogo entre patrões e empregados era o único caminho, acrescentando esperar
que, na solução da crise, os operários não fossem injustiçados. Quanto ao
presidente da CNBB e a dom Vicente Scherer, disse não querer julgar nem um, nem
outro: “Depende das circunstâncias locais a avaliação de cada fato”, afirmou.
Em
junho de 1980, o papa João Paulo II iniciou uma visita de 12 dias ao Brasil, o
que se transformou no maior acontecimento religioso da história do país. No Rio
de Janeiro, onde foi recebido por dom Eugênio Sales e cumpriu extensa agenda,
sua santidade visitou a favela do Vidigal, preparada pela Cúria Metropolitana
para recebê-lo. Na ocasião, dirigindo-se aos bispos brasileiros, João Paulo II
afirmou: “A Igreja em todo o mundo quer ser a Igreja dos pobres. A Igreja em
terras brasileiras quer ser também a Igreja dos pobres, isto é, quer extrair
toda a verdade contida nas bem-aventuranças de Cristo”.
Comentando a preferência pelos pobres indicada pelo papa, dom Eugênio Sales
afirmou ser ela “um sinal da autenticidade do trabalho evangélico dos bispos e
do conjunto dos católicos”, mas observou: “A Igreja, porém, não se identifica
com uma classe social, ela é essencialmente mediadora”.
No
início de setembro de 1980, dom Eugênio celebrou na igreja da Candelária a
missa de sétimo dia pela alma de Lida Monteiro da Silva, secretária do Conselho
Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), morta num atentado terrorista
da extrema direita à sede da entidade. Em novembro seguinte,
recusou-se a receber a Medalha do Pacificador, que lhe fora conferida pelo
Exército, declarando que, embora tivesse apreço pela condecoração, “quanto à
recepção da mesma, deixo o assunto para posterior apreciação”. Em dezembro do
mesmo ano,
manifestou-se preocupado com “a infiltração de ideologias contrárias ao
cristianismo” nas comunidades eclesiais de base, declarando, em janeiro do ano
seguinte, que na Nicarágua a Igreja vinha sendo “utilizada de forma astuciosa
pelos sandinistas para disfarçar seus verdadeiros objetivos políticos e, dessa
forma, impedir que haja oposição ao estabelecimento de um regime marxista no
país”.
Em
abril de 1981,
realizou-se em Itaici
(SP) o IV Encontro Intereclesial das Comunidades de Base, com a presença de
cerca de trezentos participantes, que debateram a atuação das comunidades nos
bairros. Argumentando que não se tratava de uma reunião oficial da Igreja e que
a atuação das comunidades eclesiais de base ainda não havia sido regulamentada
pela CNBB, dom Eugênio não compareceu, nem enviou representante de sua
arquidiocese ao encontro.
Em
julho seguinte, integrou um grupo de 15 cardeais chamados a Roma para resolver
problemas administrativos da Santa Sé, principalmente um déficit de milhões de
dólares. Em setembro do mesmo ano celebrou, a
missa pelo Dia da Independência na catedral metropolitana, no Rio de Janeiro,
defendendo em seu sermão o uso da força “contanto que baseada no direito e
visando à manutenção da ordem pública”.
No
início de outubro do mesmo ano,
visitou, em Brasília, o presidente da República em exercício, Antônio Aureliano
Chaves de Mendonça, que assumira o governo durante a viagem do presidente João
Figueiredo aos Estados Unidos para se submeter a exames médicos. Aureliano se
recusara a decretar a expulsão do país de dois padres franceses — Aristides
Camio e François Gouriou — acusados de incitar posseiros a cometerem crimes
contra agentes policiais no limite norte de Goiás com o Pará. A expulsão era
exigida por setores radicais das Forças Armadas, mas Aureliano fez questão de
que os padres fossem submetidos a julgamento. À saída desse encontro, dom
Eugênio Sales declarou que “mais importante do que os dois padres franceses são
as milhares de pessoas expulsas de suas terras”.
Em meados de 1985, numa conjuntura de escândalos financeiros
e políticos, defendeu em seu programa radiofônico semanal a necessidade de uma
cruzada pela moralidade pública, “a exemplo do imenso clamor que se fazia ouvir
pelos quadrantes de nossa pátria quando da campanha política das Diretas Já”.
Segundo dom Eugênio, no âmago de todos os problemas que então abalavam o país
estava a crise de autoridade, esterilizando todo e qualquer esforço de
reconstrução de uma nova sociedade. “Estamos pagando um preço incalculável por
essa falta de pudor que encobre uma imensa injustiça social”,
disse o arcebispo.
À
frente da Arquidiocese do Rio de Janeiro, dom Eugênio manifestou em muitas ocasiões
sua discordância com a linha progressista, assumida pela CNBB, que considerava
“excessivamente voltada para as coisas do mundo”. Foi um crítico contumaz da
Teologia da Libertação, cujos ensinamentos, “de corte marxista”, seriam,
segundo ele, “contrários à santidade da família”, entrando em conflito direto
com seus adeptos. Sua disputa com o frade franciscano Leonardo Boff, um dos
expoentes da Teologia da Libertação, teria levado ao desligamento do frade da
Igreja Católica, por decisão da Comissão de Doutrina e Fé do Vaticano.
Em
dezembro de 1985,
dom Eugênio participou do Sínodo Extraordinário dos Bispos, convocado pelo papa
João Paulo II,
para celebrar, verificar e promover o Concílio Vaticano II no seu 20º
aniversário e, em março do ano seguinte, integrou um encontro dos bispos
brasileiros com João Paulo II e cardeais da Cúria Romana,
em que se buscou dirimir as divergências reinantes no episcopado brasileiro e
conclamá-lo a seguir os rumos indicados pelo Vaticano.
Em maio de 1986, solidarizou-se com o arcebispo de Manágua, cardeal Obando y
Bravo, no protesto contra as restrições impostas à Igreja e a outros setores da
sociedade nicaraguense
pelo
governo sandinista, que expulsara do país vários sacerdotes e invadira e
ocupara os escritórios da arquidiocese local.
Dom Eugênio foi também o primeiro signatário da mensagem
pastoral do episcopado fluminense, que definiu a posição da Igreja acerca das eleições de
novembro de 1986. Embora salientando que a Igreja não tem partido, nem apoia candidatos, os bispos das dioceses do estado do Rio
ponderaram: “Ninguém pode ignorar que a elaboração de uma nova Constituição
para o Brasil torna este momento verdadeiramente crucial para o presente e o
futuro do país. Daí a necessidade premente de escolher, com grande senso
crítico, com acerto, os candidatos [...] Antes de ser uma simples questão de
política partidária, é uma questão de respeito e apreço pela dignidade
fundamental da pessoa humana e preservação dos princípios cristãos”.
Criador da Campanha da Fraternidade, em 1964, dom Eugênio foi responsável também pela sua
primeira dissidência, em 1987, ao promover em sua arquidiocese uma campanha
própria, com uma mensagem diferente do texto-base nacional preparado pela CNBB
para discutir a questão dos negros no Brasil. O tema da campanha de 1988 foi
uma homenagem ao centenário da Abolição, fundada no slogan “Ouvi o clamor deste povo”. Enquanto o texto da CNBB,
assumindo de forma mais radical as teses e reivindicações dos movimentos de
luta contra o racismo, fazia uma autocrítica quanto à responsabilidade da
Igreja na legitimação da escravatura no Brasil e falava em “organização da
população em vista da transformação do sistema vigente a partir das
experiências comunitárias concretas”, a campanha da Arquidiocese do Rio, que
teve como lema a mensagem “Várias raças, um só povo”, buscou relativizar o
papel da Igreja no processo escravocrata e priorizou a tese da miscigenação e
da integração racial, defendendo que a discriminação sofrida pelo negro no
Brasil era mais social e econômica do que racial. Em seu texto-base, afirmava
também que “a promoção social do negro dificilmente se dará através da
exacerbação do sentimento de classe, do uso de sua condição social para acirrar
conflitos”. Dom Eugênio posicionou-se também contrário à organização de
encontros ou de entidades de seminaristas ou de padres negros, assim como à
criação da Pastoral do Negro, reivindicada por alguns religiosos.
Ainda em 1987, no mês de abril, dom Eugênio foi homenageado
pelo Exército com a Medalha do Pacificador, “pelos relevantes serviços
prestados ao país”.
Amigo do papa João Paulo II, grande defensor de suas ideias e considerado por muitos o homem forte do Vaticano no país,
influenciou, direta ou indiretamente, a maior parte das decisões que afetaram a
Igreja no Brasil no período. Segundo o jornal O Estado de S. Paulo, dom Eugênio era tão prestigiado no Vaticano que chegou a
ser chamado nos bastidores eclesiásticos de vice-rei de Roma. Ao longo dos anos
1980, ele integrou simultaneamente mais de dez congregações,
comissões e conselhos que assessoraram o papa e dirigiram, de fato, o mundo católico: foi membro da Sagrada
Congregação para o Culto Divino; copresidente das sagradas congregações para os
Bispos, para o Clero, para a Igreja Oriental, para a Evangelização dos Pobres e
para a Educação Católica; copresidente do Pontifício Conselho para a Cultura e
da Pontifícia Comissão para os Meios de Comunicação Social; além de integrar o
Conselho Permanente dos 15 Cardeais, que trata dos assuntos financeiros do
Vaticano, e o Conselho dos Negócios Públicos da Igreja, órgão da Secretaria de
Estado do Vaticano.
Favorável à obediência estrita ao Vaticano, justificou a
excomunhão pelo papa João Paulo II, em julho de 1988, do arcebispo
tradicionalista francês Marcel Lefebvre, líder do Movimento Integrista, dos quatro bispos da comunidade de Écone (Suíça)
por ele consagrados, e do então bispo de Campos (RJ), monsenhor Antônio de
Castro Mayer, que participara da sagração proibida. Segundo ele, alguns padres
e bispos vinham de fato cometendo abusos com relação às determinações do
Concílio Vaticano II, devendo, a partir de então, repensar suas ideias. Mas lembrou que dom Antônio “não foi o único a errar, pois
na Igreja Católica existem grupos que não querem mudar e outros que andam
depressa demais, ambos agindo incorretamente”.
Apoiou também a repreensão do papa ao bispo de São Félix do
Araguaia (GO), dom Pedro Casaldáliga, um dos líderes da ala progressista da
Igreja Católica no Brasil, em setembro de 1988. Para o cardeal, a punição teve
um objetivo construtivo e só surpreendeu “aqueles que confundem a Igreja com
uma sociedade temporal, republicana e democrática [...] A Igreja é uma
sociedade religiosa que tem uma autoridade suprema, o papa, [...] que não é
eleito pelo povo. Um dos erros é a afirmação de que a Igreja nasce do povo,
quando ela nasce de Jesus Cristo”.
Durante
os debates constituintes, dom Eugênio se posicionou contrariamente à diminuição
do prazo para a concessão do divórcio após a separação do casal e condenou, sob
qualquer ponto de vista, a prática do aborto, considerando-a “um ato cruel e
homicida”. Para o cardeal, além de tímida na defesa da família, a Carta
Constitucional de 1988 exorbitou no direito de greve e errou ao proibir a
censura. Dom Eugênio criticou também o tratamento dado pelos constituintes à
reforma agrária, que, segundo ele, ficou muito aquém do que se desejava.
Coerente com seu pensamento conservador — “somos nós que devemos nos adaptar à
Igreja, e não nós que vamos adaptar a Igreja ao nosso gosto, à nossa
mentalidade, às correntes de pensamento em voga” —,
manifestou-se contrariamente a experiências como a do bebê de proveta, o uso de
preservativos e qualquer tipo de esterilização. Em 1990, condenou a campanha de
prevenção da Aids que estimulava o uso de preservativos nas relações sexuais, que,
segundo ele, além de “infringir a moral cristã”, favorecia “o relacionamento
sexual com indivíduos diversos, estimulando a promiscuidade e multiplicando uma
das fontes de propagação da doença. [...] Devemos evitar o contágio modificando
o comportamento sexual”.
Dom
Eugênio se posicionou contrariamente à legalização do jogo do bicho, à abertura
de casas de bingo e à volta dos cassinos, que classificou de “excelentes
aliados do narcotráfico, por facilitarem a lavagem de dinheiro sujo”.
Em
novembro de 1990, juntamente com mais 13 bispos do estado do Rio de Janeiro,
lançou um comunicado criticando o que classificou de abusos dos meios de
comunicação social na divulgação da violência, da pornografia, do roubo e da
mentira. Em julho de 1992, cobrou em nota pastoral dirigida aos fiéis a
apuração das denúncias de corrupção que atingiam o então presidente da
República, Fernando Collor de Melo, o
tesoureiro de sua campanha presidencial, Paulo César Farias, e
altos círculos da política nacional, pedindo a punição dos culpados. A nota
advertia: “Não se pode mais abafar, no meio do povo, um grito de verdadeira
indignação que nasce do menosprezo à ética na vida pública”. E
pedia a erradicação urgente de toda forma de corrupção. O documento condenava,
porém, as posições alarmistas e os revanchismos e conclamava que a ordem
jurídica fosse preservada em qualquer hipótese.
Em março de 1995, em seu programa semanal de rádio, avaliou
positivamente o governo do presidente Fernando Henrique Cardoso (1995-2002), pediu apoio à abertura da economia por ele proposta e
criticou o sectarismo de alguns opositores. “Indubitavelmente a nação
brasileira, a partir do semestre passado, vive um capítulo novo [...]. O
desemprego diminuiu, o crescimento industrial é sensível, ampliou-se o
comércio. Mesmo entre os pobres se verifica alteração favorável [...]. A fase
em que vivemos, favorável ao Brasil, se for mantida e ampliada, certamente nos
levará a um extraordinário status no concerto das nações [...]. Uma oposição inteligente e
corajosa é necessária. [Mas] isso não se identifica com o combate sistemático à
nova vida nacional [...]. Não há lugar para pessimismos”.
A
escolha da cidade do Rio de Janeiro para sediar a terceira visita do papa João
Paulo II ao Brasil, em outubro de 1997, foi interpretada como um reforço à ala
conservadora do clero brasileiro, defensora da Igreja centrada na hierarquia e
distante da vida política, ala da qual dom Eugênio era um dos principais
expoentes. Um dos organizadores da visita, o cardeal-arcebispo do Rio de
Janeiro vetou o encontro do pontífice com representantes do Movimento dos
Trabalhadores Rurais Sem-Terra
(MST), solicitado pelo líder João Pedro Stédile ao presidente da CNBB, dom
Lucas Moreira Neves.
A
despeito de sua ortodoxia — dom Eugênio sempre deixou claro que considera
faltar à missa dominical sem razão imperativa
um pecado grave — ele se
revelou um administrador moderno e dinâmico, preocupado em colocar a serviço da
Igreja e de seu trabalho pastoral o que havia de mais eficiente em termos
administrativos. Com o apoio da PUC-Rio, informatizou toda a estrutura
administrativa da Arquidiocese do Rio e organizou as paróquias com filiais da
Mitra, garantindo-lhes uma assessoria melhor e um controle mais centralizado.
Na
área social, no trabalho das pastorais que se estendem por toda a cidade, dos
presídios às favelas, dom Eugênio também teve uma atuação nada conservadora,
recorrendo muitas vezes a convênios financeiros com instituições públicas e
privadas, nacionais e estrangeiras. Em sua administração episcopal no Rio de
Janeiro, ele tomou iniciativas como a introdução de computadores no sistema de
centralização contábil das finanças de todas as paróquias; a criação do
Secretariado Arquidiocesano da Pastoral, responsável pela implantação e o
acompanhamento dos planos pastorais de conjunto; a organização das pastorais de
turismo — com a construção de capelas nos aeroportos —, das empregadas
domésticas, de saúde e dos meios culturais; e a catequese diferencial para
deficientes psicológicos, surdos e paralíticos; além da realização, em
colaboração com a Sagrada Congregação para a Evangelização dos Povos, sediada no
Vaticano, de um encontro de bispos africanos, no Rio de Janeiro, para o estudo
da repercussão das religiões de origem africana nessa cidade e em Salvador.
Dom Eugênio fez palestras radiofônicas semanais desde o tempo
de sua administração pastoral em Natal na Emissora de Educação Rural,
posteriormente transcritas no jornal A Ordem. Durante sua administração em Salvador, continuou a fazer
palestras nas rádios Cultura e Sociedade da Bahia, mais tarde publicadas nos
jornais A Ordem e A Semana. Transferindo-se para a Arquidiocese do Rio de Janeiro,
manteve essa forma de comunicação com a opinião pública, dando-lhe maior
amplitude. Inicialmente, fazia palestras semanais no programa A voz do pastor, na Rádio Vera Cruz, transmitidas ao vivo pela TV Tupi e
transcritas, em seguida, pelo Jornal do Brasil, O Dia e O Globo. Mais tarde o programa passou a ser transmitido pela Rádio
Jornal do Brasil e apresentado ao vivo pela TV Globo, sendo em seguida
transcrito pelo jornal O Globo. Realizou também palestras que integraram os programas Evangelho na vida, da Rádio Nacional, e Palavras de vida, da TV Educativa, e assinou colunas semanais no Jornal do Brasil, na Última Hora e em O Dia.
Criou na arquidiocese do Rio de Janeiro os jornais A Missa e O Bip, com o propósito de alcançar maior unidade litúrgica na
diocese, e o folheto Reflexões bíblicas, com subsídios para as homilias sacerdotais dos domingos,
enviado a todos os bispos do Brasil. Foi ainda responsável pela edição
brasileira da revista Comunio; pela dinamização do Centro Dom Vital de estudos católicos;
pela reativação de sua revista, A Ordem; e pela criação da Faculdade Eclesiástica de Filosofia João
Paulo II.
Além de integrar o Conselho Permanente da CNBB, dom Eugênio
foi membro da Sagrada Congregação dos Bispos, da Sagrada Congregação para o
Clero, da Sagrada Congregação para a Evangelização dos Povos, da Comissão
Pontifícia para as Comunicações Sociais, da Comissão para a Revisão do Código
de Direito Canônico e do Conselho Permanente de Cardeais para o Estudo dos Problemas
Organizativos e Econômicos da Santa Sé, todas essas entidades sediadas em Roma.
Foi ainda presidente do Departamento de Ação Social do Celam e da Comissão
Pontifícia Justiça e Paz — criada pelo papa Paulo VI com sede em Roma — e copresidente do Conselho Pontifício para a Cultura, na
mesma cidade. Representou o episcopado brasileiro nos sínodos dos bispos de
1971 e 1980.
Pertenceu, como membro honorário, do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro e da Sociedade Brasileira de Escritores Médicos e, como membro
efetivo, da Ordem dos Velhos Jornalistas.
Sua renúncia
ao cargo de arcebispo do Rio de Janeiro
foi solicitada em 1997,
quando já completara 75 anos. Mas
por indulto especial do papa
João Paulo II,
foi autorizado a permanecer à frente da arquidiocese até completar 80 anos. Sua
sucessão foi um processo demorado,
em que não fez o sucessor, tendo sido escolhido dom
Eusébio Oscar Scheid,
então arcebispo de Florianópolis.
Entretanto, dom Eugênio manteve sua influência na arquidiocese. Sua
aposentadoria foi finalmente aceita no dia 25 de julho
de 2001,
tendo sido nomeado
pelo papa administrador apostólico do Rio até a posse de Dom Eusébio,
em 22 de setembro.
Nesse período, recebeu o título de arcebispo emérito da cidade do Rio de
Janeiro.
Em 2005, quando da morte
do papa João Paulo II, foi um dos três cardeais em todo o mundo presentes na
cerimônia privada em que o
corpo do pontífice foi posto no
caixão. Ele foi também o primeiro cardeal latino-americano a celebrar uma missa por João Paulo II no Vaticano, depois de seu funeral.
Em março
de 2008, uma reportagem do jornal O Globo revelou, mais especificamente, o trabalho realizado pelo
cardeal dom Eugênio Sales durante os anos em que a América do Sul viveu sob o
signo de diversas ditaduras militares. Dom Eugênio teria oferecido proteção a
cerca de quatro mil pessoas entre 1976 e 1982, em sua maioria, argentinos. O
cardeal teria avisado pessoalmente aos militares que estava “protegendo comunistas”
no Palácio São Joaquim – escritório e residência do religioso. Ainda de acordo com a reportagem do jornalista José Casado, dom Eugênio teria autorizado a abertura dos cofres da
arquidiocese para tal auxílio. Visto como expoente da ala conservadora da Igreja Católica
no Brasil, a notícia
gerou reações entusiasmadas de críticos como o deputado Chico Alencar (PSOL-RJ)
e de amigos como o senador José Sarney (PMDB-AP). Bispos também ouvidos pelo
jornal O Globo ressaltaram que a ação silenciosa de dom Eugênio foi
fundamental para manter a unidade da Igreja brasileira, mesmo diante das divergências de opção
pastoral daqueles tempos, entre progressistas e conservadores.
Em junho
de 2008, em artigo publicado no Jornal do Brasil, dom Eugênio se pronunciou mais uma vez contra o
uso da camisinha, defendendo a abstinência sexual e a fidelidade no casamento
como formas de prevenção a doenças como a Aids.
Nos últimos anos, manteve
colunas permanentes nos jornais O
Dia, O
Globo e
Jornal do Brasil, que
são também publicadas em seu blog (http://cardealsales.blogspot.com/). Em
2009,
residia no Rio de Janeiro,
no palácio
Apostólico do Sumaré, e permanecia
com
funções no Vaticano.
Sobre sua vida, foi publicado o livro Homenagem ao pastor (1995), uma biografia “não autorizada, mas consentida” do
arcebispo, de autoria do monsenhor Raimundo Meneses Brasil, seu ex-aluno.
Dom
Eugênio Sales publicou os livros A
voz
do pastor
e Viver
a fé
em um mundo
a construir.
Patrícia Campos/Bruno Marques atualização
FONTES:
CONFERÊNCIA NAC. BISPOS DO BRASIL; Encic.
Mirador;
Estado de S. Paulo
(24/1, 23/4, 21/7 e
5/9/81, 13/7 e 7/9/85, 8/5/86, 31/7/87, 4/7/92, 5/11/95 e 3/3/96);
Folha de S.
Paulo (1/10/81, 3/10/87,
9/11/90, 11/3 e 6/12/95, 25 e 26/9/97); GARDEL,
L. Armoiries; Globo
(21/2, 11/4 e 15/8/81,
30/1/85, 18/3 e 4/11/86, 22/4, 16/5 e 11/7/87, 4 e 9/7, 24/9 e 2/10/88, 11/3, 9
e 10/12/95); Grande
encic. Delta;
Jornal do Brasil (13/4,
14, 21 e 25/5 e 21/9/69, 19/10/76, 1/3 e 10/12/77, 11/2, 28/3, 1/4 e 9/12/78,
8/4, 12 e 22/8 e 18/10/79, 25/4, 3/9 e 8/12/80, 5/10/81, 14/4/82, 9/1/83,
28/9/87, 4/7/92 e 26/10/94); KUBITSCHEK, J. Meu
(3); MAGALHÃES, I. Segundo;
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<http://oglobo.globo.com/pais/mat/2008/03/01/dom_eugenio_sales_abrigou_no_rio_mais_de_quatro_mil_pessoas_perseguidas_por_regimes_militares-426042127.asp>.
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