GONÇALVES, Mendes
*dep.
fed. MT 1955 e 1956-1963.
Fernando Jorge Mendes Gonçalves nasceu no Rio de Janeiro, então Distrito Federal, no dia 19
de julho de 1921, filho de Heitor Mendes Gonçalves e de Ceci de Miranda Mendes
Gonçalves.
Iniciou o curso primário em sua cidade natal, concluindo-o no
Instituto Fisher, na Suíça. De volta ao Brasil, cursou o Colégio Militar do Rio
de Janeiro, dedicando-se em seguida aos estudos de agronomia, os quais,
todavia, não concluiu.
Vice-presidente
da Companhia Mate-Laranjeira, dirigiu suas atividades em Mato Grosso e no
Paraná entre 1943 e 1950. Empreendeu o desenvolvimento da navegação no rio
Paraná e em seus afluentes, construiu estaleiros e linhas de estradas de ferro,
além de haver dirigido os dois principais núcleos da empresa, em Campanários,
lugarejo mato-grossense, e Guaíra (PR).
Com a redemocratização do país em 1945, foi um dos fundadores
do Partido Social Democrático (PSD) em Ponta Porã (MS), no então estado de Mato
Grosso. No pleito de outubro de 1954 elegeu-se suplente de deputado federal por
Mato Grosso na legenda da Aliança Democrática Trabalhista, formada pelo PSD e o
Partido Trabalhista Brasileiro (PTB). Ocupou uma cadeira na Câmara de junho a
outubro de 1955 e, já como titular, a partir de fevereiro de 1956, na vaga
aberta pela renúncia de João Ponce de Arruda, eleito governador de Mato Grosso.
Ainda em 1955, formou-se pela Faculdade de Direito da Universidade do Brasil,
no Rio de Janeiro.
Voltando a concorrer à Câmara dos Deputados no pleito de
1958, agora pela Coligação da Redenção Democrática, constituída ainda pelo PSD
e o PTB, conseguiu duplicar sua votação relativamente ao pleito anterior e
manteve sua cadeira.
Vice-líder
da maioria e do PSD na Câmara dos Deputados a partir de maio de 1961, no dia 25
de agosto desse ano, quando o deputado Dirceu Cardoso transmitia aos membros da
Câmara a carta-renúncia do presidente Jânio Quadros, aparteou o orador,
propondo que se adotasse imediatamente o sistema parlamentarista de governo a
fim de evitar que a “aventura” tomasse conta do país. Logo em seguida, os
ministros militares vetaram a posse do vice-presidente João Goulart, que se
encontrava em viagem oficial à República Popular da China, deflagrando assim
uma grave crise político-militar. Diante da situação, o Congresso decidiu
adotar o parlamentarismo, fórmula conciliatória capaz de permitir a posse de
Goulart. A Emenda Constitucional nº. 4, que em 2 de setembro reformou o sistema
de governo, previu para princípios de 1965 a realização de um plebiscito que
decidiria em definitivo a questão. Mendes Gonçalves foi contra a consulta
popular, argumentando que o parlamentarismo deveria ser experimentado no país
pelo menos por dez anos. Antecipado porém para janeiro de 1963, o plebiscito
decidiria por ampla maioria o retorno ao presidencialismo.
Ainda
em meados de 1961, juntamente com outros deputados do PSD, da União Democrática
Nacional (UDN) e de partidos menores, fundou a Ação Democrática Parlamentar, da
qual se tornou primeiro-vice-presidente. Esse bloco, a seu ver “a principal
trincheira de resistência ao avanço do bolchevismo no país”, se oporia à Frente
Parlamentar Nacionalista e desenvolveria intensa oposição ao governo Goulart.
Membro da Comissão de Relações Exteriores da Câmara, Mendes
Gonçalves discordava da política externa iniciada pelo presidente Jânio Quadros
e mantida por Goulart, voltada para a aproximação com os países do bloco
socialista. Em declarações prestadas ao Correio Brasiliense em agosto de
1962, qualificou a conduta do governo de “oportunista”. No seu entender, os
princípios de autodeterminação e de não-intervenção não podiam limitar “a
defesa internacional da democracia representativa”. Para ele, os EUA eram o
“baluarte da democracia mundial”, e o Brasil estava “indissoluvelmente ligado
ao bloco ocidental e cristão”. Ainda nesse depoimento, declarou-se favorável às
reformas de base propostas pelo governo Goulart, contanto que não se cometessem
“agressões ao direito de propriedade”. Assim, entendia que a reforma agrária
não deveria ser realizada em bases coletivistas, admitindo a desapropriação de
terras apenas por interesse social e mediante prévia indenização em dinheiro.
Embora partidário da colaboração do capital estrangeiro privado no
desenvolvimento econômico nacional, considerava necessário o policiamento de
sua aplicação, bem como a regulamentação da remessa de lucros para o exterior
mediante legislação adequada. Sua atuação na Câmara dos Deputados
caracterizou-se por um posicionamento definidamente anticomunista.
Concluiu o mandato em janeiro de 1963, não mais retornando à
Câmara. Retirou-se para a iniciativa privada, não mais disputando cargos
públicos.
Em 1968, transferiu-se para Alegrete (RS), em companhia da
sua segunda esposa Rosa Jorgina Fonseck Proença. Trabalhou por 12 anos na fazenda
produtiva de propriedade da família. Foi, ainda, presidente e grande
impulsionador da Cooperativa Agro-Industrial de Alegrete, maior cooperativa
agrícola da região sul-riograndense.
Do seu primeiro casamento com Margaret Cotrim Mendes
Gonçalves, teve três filhos. Seu cunhado John Cotrim foi um dos maiores
engenheiros elétricos do Brasil.
FONTES: CÂM. DEP. Deputados;
CÂM. DEP. Relação dos dep.; CÂM. DEP. Relação nominal dos
senhores; CAMPOS, Q. Fichário; COUTINHO, A. Brasil; INF.
BIOG.; TRIB. SUP. ELEIT. Dados (3 e 4); Google Livros (Internet);
Portal do Alegrete.com (Internet), 20/06/2007.