GALHARDO,
Benjamim Rodrigues
*militar; ch. Dir. Mat. Bél. Ex. 1958; comte. III Ex.
1963-1964.
Benjamim Rodrigues Galhardo
nasceu no Rio Grande do Sul no dia 8 de outubro de 1900, filho de José Emídio
Rodrigues Galhardo e de Maria Cecília Rodrigues Galhardo.
Sentou praça em abril de 1918, ingressando na Escola Militar
do Realengo, no Rio de Janeiro, então Distrito Federal. Designado
aspirante-a-oficial em janeiro de 1921, foi transferido ainda nesse mês para o
1º Batalhão de Engenharia, também no Rio. Foi promovido a segundo-tenente em
maio de 1921 e a primeiro-tenente em setembro do ano seguinte, ingressando em
março de 1923 na Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais (EsAO), na capital
federal, cujo curso concluiu em dezembro do mesmo ano.
Em março de 1924 passou a servir na Escola Militar do
Realengo como auxiliar de instrutor e, promovido a capitão no mês seguinte,
comandou interinamente a Companhia de Engenharia de março a maio de 1925,
quando deixou a escola. Foi instrutor da EsAO de setembro desse ano a fevereiro
de 1929, quando ingressou na Escola de Estado-Maior, no Rio de Janeiro, cujo
curso concluiu em junho de 1930. Estagiou em seguida nessa escola até dezembro
de 1931 e, no ano seguinte, realizou o curso da Escola de Guerra Naval, além de
terminar em outubro o curso de medicina e cirurgia do Instituto Hahnemaniano,
sempre no Rio de Janeiro.
De
janeiro de 1933 a outubro de 1934 atuou como comissário militar adjunto da
Comissão Militar da Rede São Paulo-Rio Grande do Sul-Curitiba. Promovido a
major neste último mês, foi designado em março de 1935 diretor do Centro de
Ensino e Tecnologia (CET) e de seu departamento de ensino, à frente do qual
permaneceu até janeiro de 1937. Em fevereiro seguinte, passou a comandar o 1º
Batalhão Montado de Transmissões, na Vila Militar do Rio de Janeiro, função que
exerceu até junho do mesmo ano. Paralelamente, entre abril e junho — portanto,
em plena vigência do estado de guerra decretado pelo presidente Getúlio Vargas
— exerceu a função de censor nos jornais Jornal da Noite, Jornal da Manhã,
Correio do Povo e Diário de Notícias. Ainda em junho de 1937, foi
nomeado presidente do Conselho de Disciplina. Novamente diretor do CET e de seu
departamento de ensino entre setembro e dezembro desse ano, foi designado em
janeiro de 1938 chefe do curso de engenharia da Escola de Armas, no Rio de Janeiro,
cargo que exerceu até novembro do ano seguinte. Ainda em 1939 foi transferido
para o 2º Batalhão Ferroviário, sediado em Rio Negro (PR), onde exerceu as funções de subcomandante, fiscal administrativo e primeiro engenheiro da Estrada de
Ferro Rio Negro-Caxias (RS). De janeiro a fevereiro de 1940, exerceu
interinamente a chefia da estrada de ferro e o comando daquele batalhão,
alcançando em março o posto de tenente-coronel.
Em
maio de 1940 passou a servir na 8ª Região Militar (8ª RM), sediada em Belém,
sendo designado em março de 1941 para a Escola de Estado-Maior, onde exerceu as
funções de instrutor-chefe de tática de engenharia e de subdiretor de ensino.
De janeiro de 1942 a janeiro do ano seguinte comandou o Batalhão Vilagran
Cabrita, no Rio de Janeiro, retornando um mês depois à Escola de Estado-Maior
para ocupar os cargos de instrutor e de subdiretor de ensino. Em outubro
seguinte foi nomeado comandante e diretor de ensino da Escola de Transmissões
do Exército, na Vila Militar do Rio de Janeiro.
Promovido
a coronel em dezembro de 1944, estagiou no Exército dos EUA de setembro de 1945 a junho do ano seguinte, quando retornou ao comando da Escola de Transmissões do Exército. Em
dezembro de 1948 passou a servir na Escola de Engenharia do Exército, no Rio de
Janeiro, onde atuou como chefe de gabinete, agente diretor e diretor de
engenharia, sendo reconduzido em março de 1952 à 8ª RM. Aí permaneceu até junho
do mesmo ano como chefe do estado-maior regional e agente diretor. Em setembro
foi promovido a general-de-brigada e, em outubro, nomeado chefe do estado-maior
da Zona Militar Centro, sediada em São Paulo, cargo que ocupou até maio de
1954. Em junho desse ano assumiu interinamente a chefia do estado-maior da Zona
Militar Sul, sediada em Porto Alegre, sendo nomeado em dezembro seguinte
subchefe do Departamento Geral de Administração do Exército, no Rio de Janeiro.
De fevereiro de 1957 a junho de 1958, foi diretor do Departamento de Material
de Comunicações e, de julho a outubro deste último ano, tornou-se diretor-geral
da Diretoria de Material Bélico do Exército. Promovido a general-de-divisão
ainda em dezembro de 1958, serviu na Diretoria Geral de Ensino, onde, de julho
a dezembro do ano seguinte, exerceu as funções de diretor de aperfeiçoamento e
especialização.
Em março de 1960 foi nomeado comandante da 5ª RM e da 5ª Divisão
de Infantaria (DI), ambas com sede em Curitiba, exercendo no mês seguinte o
comando interino do III Exército, sediado em Porto Alegre. Durante a crise decorrente da renúncia do presidente Jânio Quadros em 25 de
agosto de 1961, colocou-se ao lado do comandante do III Exército, general José
Machado Lopes, e do governador gaúcho Leonel Brizola em defesa da posse do
vice-presidente João Goulart, que era vetada pelos ministros militares. Tomou
posição com suas tropas na rodovia São Paulo-Curitiba, declarando que iria
deter as forças enviadas do Norte pelos ministros militares. Diante da
resistência armada no Sul do país, o Congresso, para contornar o conflito,
adotou o regime parlamentarista de governo, o que permitiu a Goulart tomar
posse na presidência da República em 7 de setembro de 1961.
Em
janeiro de 1962, já no governo de Goulart, Benjamim Galhardo deixou o comando
da 5ª RM para assumir a chefia do Núcleo de Comando da Zona de Defesa Sul do
Estado-Maior das Forças Armadas (EMFA), cargo que ocupou até novembro. Nesse
mesmo mês foi nomeado comandante da 1ª RM, sediada no Rio de Janeiro. Promovido
a general-de-exército em agosto de 1963, ainda nesse mês deixou a 1ª RM e foi
nomeado comandante do II Exército em substituição ao general Joaquim Justino
Alves Bastos. Em 31 de março de 1964 foi anunciada sua substituição pelo
general Ladário Teles e sua nomeação para a chefia do Estado-Maior do Exército
(EME), em lugar do general Humberto Castelo Branco. Com esse remanejamento, o
presidente João Goulart tentou impedir a adesão do III Exército ao movimento
político-militar deflagrado nesse mesmo dia contra seu governo. Na madrugada de
1º de abril, o general Galhardo passou o comando do III Exército a Ladário
Teles, mas não chegou a assumir a chefia do EME em virtude da deposição de
Goulart, consumada no dia seguinte.
Promovido a marechal quando já se encontrava na reserva,
faleceu no dia 27 de junho de 1978.
Foi casado com Zaira de Freitas Galhardo e, em segundas
núpcias, com Adalgisa Carmo Galhardo. Teve duas filhas.
FONTES: ARQ. MIN.
EXÉRC.; CORRESP. SECRET. GER. EXÉRC.; Jornal do Brasil (2/7/78); MIN.
GUERRA. Almanaque (1958); SILVA, H. 1964; VÍTOR, M. Cinco.