MACHADO, Gílson
*const. 1987-1988; dep. fed. PE 1987-1995.
Gílson Machado Guimarães Filho nasceu em Recife, no dia 14 de maio de 1942, filho de Gílson
Machado Guimarães e de Cordélia Lopes Machado Guimarães.
Empresário do setor canavieiro, fez parte da liderança
classista dos usineiros do estado. Deixou a Universidade Católica de Recife sem
completar o curso de direito. Participou da diretoria do Sindicato da Indústria
do Açúcar de Pernambuco entre 1970 e 1973 e nessa condição representou a
entidade nos planos de safra do Instituto do Açúcar e do Álcool durante seis
anos.
Diretor
executivo do conselho de administração da Agroindustrial Matary Ltda. e da
Indústria Madeireira Ltda., ambas em Santa Luzia (MA), de 1973 a 1977; presidente do Sindicato da Indústria do Açúcar, de 1977 a 1986; integrante do conselho de representantes da Federação das Indústrias e da Comissão de
Abastecimento de Produtos Claros e Escuros da Comissão Nacional de Pesquisa e
conselheiro da Associação Comercial de Pernambuco, em 1979; membro do conselho
de administração da Agropecuária Vale do Matary S.A., do conselho do Programa
de Apoio à Economia Canavieira e de Fomento à Indústria Sucroalcoolquímica do
Governo de Pernambuco e vice-presidente da Federação das Indústrias do Estado e
da Associação Nacional dos Produtores de Álcool, em 1980; diretor-executivo da
Republicana Transportes Comércio e Representação Ltda., em 1981, Gílson Machado
tomou parte na comitiva do presidente da República, general João Figueiredo, a Washington, nos Estados Unidos, e ao México, em 1982 e 1983.
Ainda
em 1983 participou do conselho consultivo da Federação das Associações
Comerciais de Pernambuco e dos conselhos de administração da Companhia de
Habitação e da Companhia de Armazéns Gerais; foi também diretor executivo da
Agropecuária Tamarindo S.A.
No mesmo ano representou o diretório regional na convenção
nacional do Partido Democrático Social (PDS). Em 1984 e 1985 voltou a
participar de comitivas presidenciais a Tóquio, no Japão, e a Pequim, na China.
Em 1985 foi nomeado diretor executivo da Fertiflora Adubos Ltda.
Afastou-se do Sindicato dos Usineiros de Pernambuco em 1986
para concorrer a uma vaga de deputado federal constituinte pelo Partido da
Frente Liberal (PFL). Representando sobretudo os interesses da agroindústria
canavieira, elegeu-se em novembro de 1986, com uma expressiva votação obtida
graças a acordos feitos com antigas lideranças políticas principalmente na Zona
da Mata, no Agreste e no Sertão.
Tomou
posse em 1º de fevereiro de 1987. Titular da Comissão de Sistematização e da
Subcomissão de Princípios Gerais, Intervenção do Estado, Regime da Propriedade
do Subsolo e da Atividade Econômica, da Comissão da Ordem Econômica, e suplente
da Subcomissão do Sistema Financeiro, da Comissão do Sistema Tributário,
Orçamento e Finanças, votou a favor da pena de morte, do presidencialismo, do
mandato de cinco anos para o então presidente José Sarney, da anistia aos micro
e pequenos empresários, da pluralidade sindical. E contra o voto facultativo
aos 16 anos, a soberania popular, o mandado de segurança coletivo, a limitação
do direito de propriedade, a nacionalização do subsolo, a estatização do
sistema financeiro, o limite de 12% ao ano para os juros reais, a limitação dos
encargos da dívida externa, a proibição do comércio de sangue, a remuneração
50% superior para o trabalho extra, a jornada semanal de 40 horas, o turno
ininterrupto de seis horas, a estabilidade no emprego, o aviso prévio
proporcional, a unicidade sindical, a criação de um fundo de apoio à reforma
agrária e a desapropriação da propriedade produtiva.
Ainda durante os trabalhos da Assembléia Nacional
Constituinte foi autor da emenda que visava à coincidência de todos os
mandatos, de presidente a vereador, a partir de 1994. Para tanto, seu calendário
eleitoral previa eleições municipais somente em 1990. Contrário à Aliança
Democrática formada pelo PFL e o PMDB, defendeu o rompimento com o governo,
caso o presidente Sarney não reformulasse o pacto que o sustentava.
Com
a promulgação da nova Carta Magna em 5 de outubro de 1988, Gílson Machado
voltou a participar dos trabalhos legislativos ordinários da Câmara como
titular da Comissão de Economia, Indústria e Comércio; suplente das comissões
de Agricultura e Política Rural, e de Defesa Nacional; primeiro vice-presidente
da comissão especial sobre a instituição da pena de morte; e suplente da
comissão parlamentar de inquérito sobre a privatização da NEC do Brasil.
Foi ainda titular da Comissão de Finanças e Tributação;
vice-líder do bloco formado pelo PFL, Partido da Reconstrução Nacional (PRN),
Partido da Mobilização Nacional (PMN) e Partido Social Trabalhista (PST);
titular da comissão mista encarregada de rever doações, vendas e concessões de
terras públicas; e suplente da Comissão de Minas e Energia e da CPI que
investigou irregularidades na Previdência Social.
Reeleito no pleito de outubro de 1990, na sessão da Câmara de
Deputados de 29 de setembro de 1992 foi um dos 38 parlamentares que votaram
contra o impeachment do presidente Fernando Collor de Melo, acusado de
envolvimento num amplo esquema de corrupção liderado pelo ex-tesoureiro de sua
campanha presidencial, Paulo César Farias. Afastado da presidência logo após a
votação na Câmara, Collor renunciou ao mandato em 29 de dezembro de 1992, pouco
antes da conclusão do processo pelo Senado Federal, sendo efetivado na
presidência da República o vice Itamar Franco, que já vinha exercendo o cargo
interinamente desde o dia 2 de outubro.
Sem disputar nova reeleição em outubro de 1994, Gílson
Machado deixou a Câmara dos Deputados ao término da legislatura, em janeiro de
1995.
Em maio de 1996, em artigo assinado no jornal O Globo sobre os trabalhadores rurais sem-terra, afirmou que a paz
só voltaria ao campo quando se garantisse o direito de propriedade: “O país
está cansado de discursos e leis (inexeqüíveis). Sejamos práticos. Garanta-se o
direito da propriedade e remunerem-se os produtos agrícolas, que a paz voltará
ao campo (não defendo a terra improdutiva, estas terão que ser confiscadas).”
Gílson
Machado presidiu a Cooperativa dos Usineiros do Açúcar e do Álcool de
Pernambuco e publicou Açúcar
e álcool, seus problemas e sua importância em Pernambuco (1978),
Álcool — depoimento de um empresário pernambucano
(1979) e Cana de açúcar em
Pernambuco, em busca
de novos caminhos (1982).
Casado com Magnólia Maranhão Machado Guimarães, teve três
filhos.
Fátima Valença
FONTES:
ASSEMB. NAC. CONST. Repertório
(1987-1988); CÂM. DEP. Deputados
brasileiros. Repertório (1991-1995);
Estado de S. Paulo
(9/1/87); Folha
de S. Paulo
(19/1/87); Jornal do Brasil
(30/3/88); Perfil parlamentar/IstoÉ.