GONÇALVES,
José Botafogo
*diplomata; min. Ind. Com. 1998.
José Botafogo Gonçalves
nasceu em Belo Horizonte no dia 11 de janeiro de 1935, filho de Otávio Botafogo
Gonçalves da Silva e de Marina Pereira Botafogo Gonçalves.
Bacharelou-se em ciências sociais e em ciências jurídicas
pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio). Em 1959,
concluiu curso de preparação à carreira de diplomata no Instituto Rio Branco,
tornando-se cônsul de terceira classe em janeiro do ano seguinte. Ainda em 1960
realizou curso de treinamento em problemas de desenvolvimento econômico, na
Comissão Econômica para a América Latina (CEPAL).
Promovido a segundo-secretário em abril de 1964 e a
primeiro-secretário em junho de 1969, exerceu várias funções diplomáticas no
exterior, tendo atuado em Moscou (1962-1964), Vaticano (1964), Roma (1964-1967)
e Santiago do Chile (1967-1969). De volta ao Brasil, assumiu em 1970 a chefia
dos Serviços Gerais de Administração do Ministério das Relações Exteriores.
Como chefe da Divisão de Política Financeira do ministério, cargo que ocupou
entre 1970 e 1972, participou neste último ano da IV Reunião de Diretores de
Tributação Interna da Associação Latino-Americana de Livre Comércio (ALALC), no
México. Na qualidade de conselheiro, serviu nas embaixadas brasileiras de Paris
(1973-1975) e de Bonn, Alemanha (1976-1977).
José
Botafogo Gonçalves foi promovido a ministro de segunda classe em dezembro de 1977.
Nesse mesmo ano, assumiu a chefia da Divisão de Política Comercial do
Ministério das Relações Exteriores, tendo participado no ano seguinte das
negociações do Acordo Geral sobre Tarifas e Comércio (GATT), em Genebra, Suíça.
Nomeado coordenador de Assuntos Internacionais Agrícolas do Ministério da
Agricultura em 1979, ainda no mesmo ano tornou-se secretário de Cooperação
Econômica e Técnica Internacional da Secretaria de Planejamento da Presidência
da República. Também nesse período participou da Reunião Conjunta de Cooperação
Industrial da Comissão Brasil-França, em Paris, e da Reunião Conjunta do Fundo
Monetário Nacional (FMI) e do Banco Internacional de Reconstrução e
Desenvolvimento (BIRD), em Belgrado, Iugoslávia.
Obteve
o título de ministro de primeira classe (embaixador) em junho de 1982. Foi
vice-presidente de Relações Externas do BIRD em Washington entre 1985 e 1987 e
cônsul-geral do Brasil em Milão (Itália) de 1991 a 1995. Em abril, de volta ao
Brasil, tornou-se subsecretário-geral de Assuntos de Integração, Econômicos e
de Comércio Exterior do Ministério das Relações Exteriores. Coordenou a atuação
do governo brasileiro em diversos foros econômicos internacionais,
especialmente nas reuniões da Área de Livre Comércio das Américas (ALCA), da
Organização Mundial de Comércio (OMC) e do Mercado Comum do Sul (Mercosul).
Em março de 1998, deixou o cargo para assumir o Ministério da
Indústria, do Comércio e do Turismo no governo de Fernando Henrique Cardoso
(1995-1998). Filiado ao Partido Progressista Brasileiro (PPB), foi indicado em
substituição a Francisco Dornelles, que renunciou para disputar a reeleição
como deputado federal.
Empossado em 1º de abril de 1998, deu continuidade ao
trabalho de Dornelles. Definiu como uma de suas prioridades o Programa Especial
de Exportações, com o qual o governo pretendia atingir a meta de cem bilhões de
dólares de vendas externas em 2002. Baseada numa parceria entre o governo e a
iniciativa privada, a proposta identificara os produtos brasileiros com maior
potencial no mercado externo e as principais dificuldades enfrentadas pelos
exportadores. Favorável a um tratamento diferenciado para o setor, Botafogo
defendeu a manutenção da política de incentivos do governo através da concessão
de linhas de créditos com taxas de juros inferiores às do mercado. Também
retomando uma proposta de Dornelles, declarou-se favorável à adoção de
incentivos fiscais para a substituição da frota de carros com mais de dez anos
de uso por modelos populares a álcool.
A política de incentivos para o setor automotivo foi,
juntamente com os subsídios ao açúcar, o principal problema enfrentado pelo
governo brasileiro nas negociações para a consolidação do Mercosul. Em agosto
de 1997 foi dada permissão para que a montadora Asia Motors importasse automóveis
com tarifa reduzida em 50%, em troca da instalação de uma fábrica em Camaçari
(BA). Como até abril de 1998 a empresa não tivesse cumprido sua parte no
acordo, Botafogo determinou a suspensão das importações.
Embora privilegiando as relações com o Mercosul e a ampliação
dos acordos de livre comércio com os países vizinhos ao bloco, Botafogo
defendeu a adesão do Brasil à ALCA, ainda que de forma negociada e sem
detrimento das relações com a União Européia. Em maio de 1998, durante viagem a
Washington, negou perante o governo dos Estados Unidos e representantes da
indústria americana que o Brasil adotasse uma política protecionista.
Sustentando que o governo brasileiro não precisava liberalizar ainda mais o
comércio internacional para modernizar sua economia, defendeu a negociação por
setor nas relações com os americanos.
Deixou a pasta em 31 de dezembro de 1998, ao final do
primeiro mandato presidencial de Fernando Henrique Cardoso. Foi sucedido no
ministério (agora denominado Ministério do Desenvolvimento, da Indústria e do
Comércio) por Celso Lafer, já no segundo governo de Cardoso. Em 1º de janeiro
de 1999, Botafogo foi nomeado secretário-executivo da Câmara de Comércio
Exterior (Camex) do Conselho de Governo da Presidência da República. No ano
seguinte, tornou-se embaixador de assuntos do Mercosul. E entre 2002 e 2004,
foi embaixador do Brasil na Argentina.
Em 2008, tornou-se presidente do Conselho Curador do Centro
Brasileiro de Relações Exteriores. Passou a atuar nas áreas de comércio
exterior, junto a Organização Mundial do Comércio (OMC).
Casou-se com Susana de Assis Botafogo Gonçalves, com quem
teve três filhos.
Luís
Otávio de Sousa
FONTES: Agência
Brasil (13/05/2008); CURRIC. BIOG.; Estado de S. Paulo (2, 4 e
30/4/98, 28/4/09); Folha de S. Paulo (2/4/98); Globo (2, 4
e 23/4/98); Jornal do Brasil (4/4 e 6/5/98).