GOULART,
Maurício
*jornalista; rev. 1930; dep. fed. SP 1963-1971.
Maurício Goulart nasceu
em Petrópolis (RJ) no dia 21 de dezembro de 1908, filho de Odilon Goulart e de
Olga Köpke Goulart.
Fez seus estudos preparatórios em Sorocaba (SP), Nova
Friburgo (RJ) e no Rio de Janeiro (então Distrito Federal), sempre em colégios
dirigidos por jesuítas. Em 1930, formou-se pela Faculdade de Direito de São
Paulo. Ainda estudante, ingressou na redação do jornal O Estado de S. Paulo em
1927. No ano seguinte, fundou a revista literária Arlequim, que durou apenas 12
meses por falta de recursos.
Em
meados de 1929, esteve em Buenos Aires, onde participou da articulação da
Revolução de 1930. Voltando ao Brasil, ligou-se ao grupo liderado por Siqueira
Campos, que preparava o movimento em São Paulo. Durante a Revolução de 1930,
chefiou o serviço de comunicações do Destacamento Miguel Costa, que partiu do
Rio Grande do Sul para São Paulo na vanguarda das forças revolucionárias. Foi
quem levou ao acampamento de João Neves da Fontoura, em Sengés (PR), a notícia
da queda de Washington Luís no dia 24 de outubro.
Após
a vitória do movimento, foi secretário-geral da Legião Revolucionária de São
Paulo, fundada por Miguel Costa em 1930 com o objetivo de dar apoio à
interventoria de João Alberto Lins de Barros no estado e fazer frente à
hostilidade que era movida ao interventor pelos políticos do Partido
Democrático (PD) de São Paulo. Os membros do PD, devido à sua participação na
articulação política da revolução, julgavam-se com direito à interventoria.
Em 1935, Maurício Goulart ligou-se à Aliança Nacional
Libertadora (ANL) e foi preso em São Paulo por participar de um comício da
organização, realizado no Rinque São Paulo sob a liderança de Miguel Costa.
Durante o Estado Novo, foi preso três vezes. Já na década de
1940, ainda sob o regime de exceção, orientou de março de 1941 a dezembro de
1942 a revista Diretrizes, dirigida por Samuel Wainer, revista essa fechada no
início de 1945 por ordem do Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP).
Como
historiador, estudou o regime escravista no Brasil, tendo publicado em 1949 o
livro Escravidão africana no Brasil: das origens à extinção do tráfico (1949,
2ª ed., 1975). Nesta obra, divergiu tanto do método demográfico utilizado por
Pandiá Calógeras quanto do método econômico empregado por Roberto Simonsen para
analisar o problema, tendo preferido um método direto, baseado nas informações
esparsas sobre o tráfico de que pôde dispor.
Em 1958 estabeleceu-se em São José do Rio Preto (SP), onde
fundou a Rádio Independência e, no ano seguinte, disputou sem êxito a
prefeitura.
Em 1962, foi eleito deputado federal por São Paulo na legenda
do Partido Trabalhista Nacional (PTN), sendo empossado em 1º de fevereiro de
1963 e assumindo logo a liderança da bancada do partido na Câmara. Em 5 de maio
de 1964, depois, portanto, da queda do governo João Goulart, foi escolhido
vice-líder do bloco parlamentar formado pelo PTN, o Partido Social Progressista
(PSP), o Partido Social Trabalhista (PST), o Partido Republicano (PR), o
Movimento Trabalhista Renovador (MTR) e o Partido Democrata Cristão (PDC). Um
ano depois, foi eleito vice-líder do bloco parlamentar da minoria (4/5/1965).
Com a dissolução dos partidos políticos por força do Ato
Institucional nº 2 (27/10/1965), Maurício Goulart ingressou no Movimento
Democrático Brasileiro (MDB), sendo novamente eleito deputado para a
legislatura 1967-1971 pelo estado de São Paulo.
Faleceu em São José do Rio Preto no dia 24 de maio de 1983.
Além da obra mencionada acima, publicou “Júlio de Mesquita”
em Homens de São Paulo (1955) e Joana (1965).
Regina Hipólito
FONTES: ARQ.
GETÚLIO VARGAS; CÂM. DEP. Deputados; CÂM. DEP. Deputados brasileiros.
Repertório; CÂM. DEP. Relação nominal dos senhores; CARNEIRO, G.
Revolucionário; CARONE, E. Segunda; Encic. Mirador; Estado de S. Paulo
(25/5/83); FLYNN, P. Legião; FONTOURA, J. Memórias; GOULART, M. Escravidão;
JARDIM, R. Aventura; NABUCO, C. Vida; NOGUEIRA FILHO, P. Ideais; SILVA, H.
1930; SILVA, H. 1931; TAVARES, J. Radicalização.