GRACIE,
Samuel de Sousa Leão
*diplomata; emb. Bras. Chile 1940-1946;
emb. Bras. Portugal 1947-1952; emb. Bras. Inglaterra 1952-1956.
Samuel de Sousa Leão Gracie nasceu
no Rio de Janeiro, então Distrito Federal, em 11 de novembro de 1891, filho de
Samuel Gracie e de Maria Luísa de Sousa Leão Gracie.
No
início de 1912, quando fazia o curso de direito, foi nomeado pelo barão do Rio
Branco oficial de secretaria no Ministério das Relações Exteriores, ingressando
então na carreira diplomática. Sua nomeação foi a última realizada por Rio
Branco, que faleceu pouco depois. Desse ano a 1913, serviu como adido no
gabinete do subsecretário de Estado, sendo designado em seguida para o gabinete
do ministro das Relações Exteriores, Lauro Müller. Por ocasião da assinatura do
Tratado do ABC, que dirimiu questões de fronteira entre a Argentina, a Bolívia
e o Chile, acompanhou Lauro Müller ao Chile e à Argentina. Nomeado terceiro-oficial
de embaixada em maio de 1913, passou a servir na Secretaria de Estado das
Relações Exteriores, sendo comissionado adido à recepção de Theodore Roosevelt,
presidente dos Estados Unidos em visita ao Brasil. Ainda em 1913, bacharelou-se
pela Faculdade de Direito da Universidade do Rio de Janeiro.
Auxiliar
da Diretoria dos Negócios Políticos e Diplomáticos em 1914, no mês de abril,
após ser promovido a segundo-oficial de embaixada, foi adido à comissão de
recepção ao príncipe Henrique, da Prússia, em visita ao Brasil. Retornou em
seguida ao ministério e, em novembro, serviu como adido do embaixador
argentino, almirante Domecq García, à posse do presidente Venceslau Brás. Foi
designado auxiliar do diretor-geral dos Negócios Políticos e Diplomáticos,
função que desempenhou até abril de 1918. Desse ano a 1919, serviu como
auxiliar do diretor-geral dos Negócios Políticos, Consulares e Econômicos do
ministério e como auxiliar da delegação brasileira à Conferência de Paz, em Haia,
na Holanda, logo após o término da Primeira Guerra Mundial. Regressando ao
Brasil, foi promovido em setembro de 1919 a primeiro-secretário e designado em
dezembro para Assunção, no Paraguai. No período em que permaneceu na capital
paraguaia, integrou a delegação brasileira à posse do presidente Manuel Gondra,
em agosto de 1920 e, no ano seguinte, foi designado encarregado de
negócios do Brasil no Paraguai.
Removido para Washington em 1922, em outubro de 1923 foi
nomeado conselheiro de embaixada, cargo que exerceria na capital norte-americana
até agosto de 1925. Desse ano até 1929 atuaria diversas vezes como encarregado
de negócios do Brasil em Washington, onde lhe competiu assinar a ata de
compromisso da Colômbia e do Peru para reconhecimento da linha
Apaporis-Tabatinga como fronteira do Brasil com esses países. De maio de 1926 a
agosto de 1930, exerceu também a função de conselheiro de embaixada em Londres,
tendo sido inicialmente encarregado de negócios na capital inglesa.
Em janeiro de 1931 foi designado para a comissão de recepção
ao príncipe de Gales e ao príncipe George, da Inglaterra, e no mês seguinte
transferiu-se para o Rio de Janeiro, onde, entre maio e agosto, dirigiu
provisoriamente os serviços políticos e diplomáticos da Secretaria de Estado
das Relações Exteriores. Promovido neste último mês a ministro de segunda
classe, foi designado em setembro para exercer, em comissão, o cargo de
embaixador extraordinário e ministro plenipotenciário em La Paz, na Bolívia. Em
fevereiro de 1934 foi promovido a ministro de primeira classe e em abril
seguinte retornou ao Brasil.
Ainda
nesse mês foi designado chefe geral do Arquivo, Biblioteca e Mapoteca do
Itamarati, tornando-se depois membro da Comissão de Promoções e Remoções. Em
maio de 1934, exerceu a função de responsável pelo expediente da secretaria
geral do ministério, durante o impedimento do titular. Em junho de 1935 foi
removido, como ministro plenipotenciário, para Viena, na Áustria, lá
permanecendo até março de 1939. Em abril foi destacado para exercer a mesma
função em Estocolmo, na Suécia, onde se encontrava em outubro, quando foi
nomeado embaixador, em comissão.
Designado, em janeiro de 1940, embaixador do Brasil no Chile,
substituindo o encarregado de negócios Djalma Ribeiro Lena, chefiou essa
representação diplomática até janeiro de 1946, quando foi substituído pelo
embaixador Carlos Celso de Ouro Preto. Regressando ao Brasil, foi nomeado em
fevereiro já no governo do general Eurico Gaspar Dutra — secretário-geral do
ministério, tendo exercido interinamente, de julho a dezembro de 1946, a função
de ministro de Estado, em substituição ao titular, Raul Fernandes, que se
ausentara do país para chefiar a delegação brasileira junto à Conferência de
Paz, reunida após o final da Segunda Guerra Mundial.
De
junho de 1947 a novembro de 1952 foi embaixador do Brasil em Lisboa. Neste
último mês assumiu a chefia da embaixada brasileira em Londres, onde permaneceu
até novembro de 1956, sendo substituído no cargo por Francisco de Assis
Chateaubriand Bandeira de Melo. Ainda no final de 1956 aposentou-se.
Faleceu no Rio de Janeiro em 3 de março de 1967.
Foi casado com Miriam Hime de Sousa Leão Gracie, com quem
teve três filhas.
FONTES: CONSULT.
MAGALHÃES, B.; COUTINHO, A. Brasil; Encic. Mirador; Globo (5/3/67); GUIMARÃES,
A. Dic.; INST. NAC. LIVRO. Índice; MIN. REL. EXT. Anuário (1954).