GREGÓRIO,
Augusto de
*dep. fed. RJ 1955-1959 e 1961-1967.
Augusto de Gregório nasceu
em Paraíba do Sul (RJ) no dia 6 de julho de 1907, filho de Paschal de Gregório
Spina e de Georgina Ferreira de Gregório.
Transferindo-se para o Rio de Janeiro, então Distrito
Federal, bacharelou-se em 1931 pela Faculdade de Direito do Rio de Janeiro. Em
seguida exerceu a promotoria pública em Caratinga (MG) e posteriomente no
estado do Rio de Janeiro.
Em
seguida exerceu a promotoria pública no interior dos estados de Minas Gerais e
do Rio de Janeiro. Com a desagregação do Estado Novo (1937-1945) e a
reorganização partidária iniciada no primeiro semestre de 1945, filiou-se nesse
ano ao Partido Trabalhista Brasileiro (PTB). De setembro de 1951 a setembro de 1953 ocupou um assento no Conselho Superior de Tarifas. No pleito de outubro de 1954
elegeu-se deputado federal pelo Rio de Janeiro na legenda do PTB. Empossado em
fevereiro de 1955, tornou-se membro da Comissão de Finanças da Câmara, vindo a
ocupar no ano seguinte a vice-presidência da Comissão de Economia e em 1957 a presidência da Comissão de Obras e Transporte. Reelegeu-se em outubro de 1958, dessa vez na
legenda da Aliança Popular Nacionalista, constituída pelo PTB, o Partido
Socialista Brasileiro (PSB), o Partido Democrata Cristão (PDC) e o Partido Republicano
(PR). Logo após o início da legislatura, contudo, foi nomeado pelo governador
Roberto Silveira (1959-1961) secretário da Fazenda do estado do Rio de Janeiro.
Durante sua gestão a secretaria promoveu o financiamento do plano de
eletrificação do estado e da primeira tentativa de reforma agrária realizada no
território fluminense.
Com
a morte do governador Roberto Silveira em fevereiro de 1961, reassumiu o
mandato parlamentar. Após a renúncia do presidente Jânio Quadros (25/8/1961),
votou contra a edição da Emenda Constitucional nº 4, que, em setembro desse
ano, implantou o sistema parlamentar de governo como fórmula de viabilizar a
posse do vice-presidente João Goulart, vetada por setores militares.
Posteriormente, apoiaria a campanha pela antecipação do plebiscito que,
inicialmente previsto para 1965, acabaria por realizar-se em janeiro de 1963,
restabelecendo o presidencialismo. Já no governo do presidente João Goulart
(1961-1964), apoiou a Emenda Constitucional nº 5, de novembro de 1961, que ampliou
a participação dos municípios na renda tributária nacional.
De acordo com o Correio Brasiliense, edição de outubro de
1962, era partidário do intervencionismo econômico, considerando dever do
Estado agir como elemento de equilíbrio da iniciativa privada. Defendia, ainda,
o monopólio estatal do petróleo, da energia atômica, da eletricidade, dos
transportes marítimos e ferroviários, bem como sua ampliação por interesse da
segurança nacional e para evitar as concentrações capitalistas privadas com
caráter de monopólio. Nesse sentido, apoiou o Código de Telecomunicações, que
transformou as telecomunicações em monopólio estatal, e as propostas de criação
de um ministério das comunicações — que só seria concretizada em 1967 — e de um
banco central emissor. Foi também favorável à unificação das pastas militares e
à criação de um ministério do planejamento. Segundo a mesma fonte, era adepto
da execução de uma reforma agrária cooperativista, com desapropriação dos
latifúndios mediante indenização em títulos da dívida pública. Entendia que a
solução do problema agrário não estava em dar terras aos camponeses, mas em
fixá-los às glebas através da assistência técnica, sanitária e creditícia, da
garantia de preços mínimos, transportes e ensilagem para os produtos. No
plano político, era favorável à reforma eleitoral, com a adoção universal da
cédula única; à extensão do direito de voto aos analfabetos e praças de pré e
ao fortalecimento dos partidos nacionais. Defendia ainda, segundo o Correio
Brasiliense, a implementação de medidas destinadas a eliminar a ação do poder
econômico nos pleitos eleitorais.
Identificado com a linha moderada do PTB, foi um dos poucos
de seu partido a integrar a Ação Democrática Parlamentar (ADP), bloco
interpartidário formado no primeiro semestre de 1961 com o objetivo de combater
a penetração comunista na sociedade brasileira. Composta basicamente por
parlamentares da União Democrática Nacional (UDN) e, secundariamente, do
Partido Social Democrático (PSD) e de outros partidos, a ADP fez oposição ao
governo do presidente Goulart. Embora ligado à ADP, Augusto de Gregório apoiou
o restabelecimento das relações diplomáticas com a União Soviética, rompidas
desde 1947 e retomadas em novembro de 1961. Defendia o direito dos povos à
autodeterminação e à não-ingerência em seus negócios internos.
Reeleito em outubro de 1962, em maio de 1963 foi escolhido
para vice-líder do PTB na Câmara. Após o movimento político-militar de 31 de
março de 1964 que depôs o presidente João Goulart, e com a extinção dos partidos
políticos pelo Ato Institucional nº 2 (27/10/1965) e a posterior instauração do
bipartidarismo, filiou-se ao oposicionista Movimento Democrático Brasileiro
(MDB). Nessa legenda, concorreu a uma cadeira no Senado pelo Rio de Janeiro em
novembro de 1966, sendo contudo derrotado por Paulo Torres, candidato da
Aliança Renovadora Nacional (Arena), partido governista. Com a conclusão de seu
mandato de deputado, em janeiro de 1967, não mais retornou à Câmara.
Após deixar o Legislativo federal, passou a trabalhar como
advogado, atividade que exerceria até o fim de sua vida.
Com
o fim do bipartidarismo (29/10/1979) e a conseqüente reforma partidária,
Augusto de Gregório retornou à vida política, sendo um dos fundadores e
dirigentes do Partido Trabalhista Brasileiro (PTB) no estado do Rio de Janeiro.
Ao
longo de sua vida, Augusto de Gregório foi ainda vice-presidente da Associação
de Siderurgia e diretor da usina Cambaíba de Campos, presidida pelo ex-deputado
federal Heli Ribeiro Gomes (1959-1967). Pertenceu também à Comissão de
Desenvolvimento Industrial e foi vice-presidente da Associação de Siderurgia.
Faleceu no Rio de Janeiro no dia 20 de dezembro de 1993.
Era casado com Cleuza Henriqueta Godinho e não teve filhos.
FONTES: CÂM. DEP. Deputados;
CÂM. DEP. Relação dos dep; CÂM. DEP. Relação nominal dos senhores;
CAMPOS, Q. Fichário; INF. FAM. Cleuza Heriqueta Godinho; Jornal do
Brasil (16/10/66); TRIB. SUP. ELEIT. Dados (3, 4 e 8).