MARANHÃO,
Paulo
*jornalista; dep. fed. PA 1924-1930 e 1951-1955.
João
Paulo de Albuquerque Maranhão nasceu em Belém no dia 11
de abril de 1872, filho de Manuel de Albuquerque Maranhão e de Luísa Francisca
de Albuquerque Maranhão. Seu irmão, Raimundo Rodrigues Barbosa, general do
Exército, foi interventor federal na Bahia em 1931 e ministro do Superior —
então Supremo — Tribunal Militar (STM) de 1938 a 1943.
Após
completar os estudos primários, cursou o Colégio Marquês de Santa Cruz e o
Liceu Paraense, ambos na capital do estado. Órfão desde cedo, começou a
trabalhar, ainda estudante, como aprendiz de torneiro e serralheiro e como
distribuidor da revista Arena, impressa nas oficinas do Diário de Belém, no
qual passou também a colaborar gratuitamente. Devido a dificuldades
financeiras, tornou-se embarcadiço em vapores das linhas fluviais amazonenses
até 1889, quando passou a suplente de repórter do Diário do Grão-Pará.
Transferiu-se a seguir desse jornal para A República, órgão do Partido
Conservador, onde exerceu as funções de revisor, repórter, secretário e,
finalmente, diretor. Por essa época, fez concurso para regência de turmas
primárias, obtendo aprovação e sendo nomeado professor em fevereiro de 1892.
Lecionou provisoriamente na escola elementar de Maú, município de Marapanin
(PA), depois em Capi (PA) e, um ano mais tarde, já como professor efetivo,
passou a dar aulas em Quitéria, município de Viseu (PA).
Em
1896 começou trabalhar como revisor no jornal Folha do Norte, fundado no mesmo
ano por Enéias Martins, que fora seu padrinho de casamento. Nesse órgão da
imprensa, no qual permaneceria durante toda sua vida, chegou mais tarde a
redator-chefe. Nessa função, participou intensamente da oposição ao governo de
Augusto Montenegro (1901-1909), político do Partido Republicano do Pará apoiado
por Antônio Lemos, importante chefe político no estado e proprietário do jornal
A Província. Devido a desentendimentos com Augusto Montenegro, Enéias Martins transferiu-se
para o estado do Amazonas, por onde se elegeu deputado federal, passando a
propriedade de seu jornal a Cipriano Santos. Paulo Maranhão foi mantido como
redator-chefe da Folha do Norte, mas, devido à forte pressão de Antônio Lemos
sobre os opositores do governo, foi obrigado a refugiar-se com sua família nos
altos do prédio do jornal. Aí permaneceu durante 12 anos a salvo de possíveis
atentados cometidos por homens de Antônio Lemos.
Em 1912 o governador João Coelho (1909-1913), sucessor de
Augusto Montenegro, rompeu com Antônio Lemos, que, perseguido, fugiu do Pará.
Nesse mesmo ano, Paulo Maranhão deixou o seu refúgio e obteve nomeação como
professor de literatura da Escola Normal. No ano seguinte assumiu o governo do
estado Enéias Martins (1913-1917), que tentou conciliar os diversos partidos.
Cipriano Santos, proprietário da Folha do Norte, rompeu com o governador e foi
apoiado por Paulo Maranhão, que redigiu e publicou naquele jornal uma carta
intitulada “A você, Enéias”, recriminando sua estratégia política e reafirmando
a solidariedade a Cipriano Martins.
A agitação política culminou com a deposição de Enéias
Martins em 1917 e sua substituição por Lauro Sodré (1917-1921). Nomeado então
secretário estadual de Instrução Pública, Paulo Maranhão adquiriu em 1919 a
propriedade da Folha do Norte, empreendendo no jornal importantes modificações
que o levaram à liderança, não só no Pará, como em toda a Amazônia. No governo
seguinte de Antônio Emiliano de Sousa Castro (1921-1925), foi senador estadual no
Pará e diretor da Recebedoria de Rendas.
Em 1924 elegeu-se deputado federal pelo Pará, sendo reeleito
em 1927 e 1930. Deixou a Câmara dos Deputados em outubro desse ano, quando, com
a vitória da Revolução de 1930, os órgãos legislativos do país foram suprimidos.
Nessa época a Folha do Norte voltou a sofrer perseguições e, em 1934, o
interventor federal no Pará, Joaquim de Magalhães Barata (1930-1935), prendeu
Paulo Maranhão e deportou seu filho, João Maranhão, que era gerente do jornal.
Após a queda de Magalhães Barata em 1935, a situação política readquiriu uma
certa estabilidade, mas, em 1943, quando Barata retornou ao Pará como
interventor, mandou prender novamente Paulo Maranhão e nomeou um interventor
para a Folha, Pedro Timóteo. Este foi substituído por Paulo Eleutério, que
permaneceu no cargo até setembro de 1943. Nesse momento, Getúlio Vargas ordenou
a restituição do jornal a Paulo Maranhão, o qual, mesmo assim, continuou a
sofrer perseguições.
Com a queda do Estado Novo em outubro de 1945, e, conseqüentemente,
do governo de Magalhães Barata, Paulo Maranhão candidatou-se ao Senado pelo
Pará no pleito suplementar de janeiro de 1947 na legenda do Partido Social
Progressista (PSP), sendo derrotado por José Augusto Meira Dantas, do Partido
Social Democrático (PSD).
Na
campanha eleitoral para o governo do estado em 1950, moveu forte oposição a
Magalhães Barata através da Folha do Norte, conseguindo que este fosse
derrotado por Alexandre Zacarias de Assunção. Nesse mesmo pleito elegeu-se
deputado federal pelo Pará na legenda da Coligação Democrática Paraense,
formada pela União Democrática Nacional (UDN), o Partido Libertador (PL), o
Partido Social Trabalhista (PST) e o PSP. Assumindo o mandato em fevereiro de
1951, nas eleições de outubro de 1954 candidatou-se novamente ao Senado pelo
Pará na legenda do PSP, mas foi derrotado por Magalhães Barata, do PSD. Deixou
a Câmara dos Deputados em janeiro de 1955. Em outubro desse mesmo ano,
Magalhães Barata foi reeleito governador do Pará, continuando a sofrer forte oposição
por parte de Paulo Maranhão através da Folha.
Em abril de 1964, Paulo Maranhão apoiou o movimento
político-militar que depôs o presidente João Goulart (1961-1964), mas opôs-se
ao primeiro governador do Pará após o movimento, o coronel Jarbas Passarinho
(1964-1966), que, na época, se disse admirador de Magalhães Barata.
Ao longo de sua vida, foi também membro fundador da Academia
Paraense de Letras, diretor do semanário Marapaniense, do interior do estado, e
diretor-proprietário da Folha Vespertina. Seus últimos escritos foram
publicados na Folha do Norte sob o título “Sócios de um espírito sonolento” e
na coluna diária “Vozes da rua”.
Faleceu em Belém no dia 19 de abril de 1966.
Era casado com Antônia Oeiras, com quem teve oito filhos.
FONTES: BORGES, R.
Vultos; CÂM. DEP. Deputados; CÂM. DEP. Relação dos dep.; CISNEIROS, A.
Parlamentares; ENTREV. BIOG.; Grande encic. Delta; ROQUE, C. Grande; TRIB. SUP.
ELEIT. Dados (2 e 7).