PAZ,
Porfírio da
*militar; pref. São Paulo 1954.
José Porfírio da Paz nasceu
em Araxá (MG) no dia 24 de janeiro de 1903, filho de Osório Porfírio Álvares
Machado e de Teodora Porfírio de Afonseca e Silva. Seu primo-irmão, dom José
Gaspar de Afonseca e Silva, foi arcebispo de São Paulo de 1939 a 1943.
Realizou os primeiros estudos no Grupo Escolar de Araxá e no
Ginásio Estadual Delfim Moreira, na mesma cidade. Transferiu-se para São Paulo
em 1913 e continuou os estudos no Liceu Salesiano Coração de Jesus, ingressando
posteriormente na Faculdade de Farmácia e Odontologia da Universidade de São
Paulo. Em 1919, ainda estudante, passou a lecionar física, química e história
natural no seu antigo colégio, o Liceu Salesiano Coração de Jesus, atividade
que exerceria até 1927.
Dedicado aos esportes, participou em 1926 da fundação do São
Paulo Futebol Clube. Em janeiro do ano seguinte transferiu-se para o Rio de
Janeiro, então Distrito Federal, onde prestou concurso para ingressar no
Exército. Aprovado para o posto de segundo-tenente farmacêutico do Corpo de
Saúde, sentou praça em fevereiro.
Retornando
a São Paulo, participou da Revolução Constitucionalista de 1932. Debelado o
movimento, foi preso e levado para o Presídio Militar do Méier, no Rio de
Janeiro, onde permaneceu por 70 dias. Reformado do Exército, teve que recorrer
ao magistério no antigo liceu, onde lecionou até 1934. No início de janeiro
desse ano, o chefe do Governo Provisório, Getúlio Vargas, decretou a anistia
para os militares de baixa patente. Porfírio da Paz reingressou, assim, no
Exército, recebendo, em março seguinte, a patente de primeiro-tenente.
Em
1938 fundou a Federação Varzeana de Futebol, em São Paulo, com dez ligas e 650
clubes da capital. Em 1942 foi transferido para Jundiaí (SP), como punição por
ter carregado nas costas, fardado, da estação ferroviária ao centro da cidade
de São Paulo, o jogador Leônidas, recém-contratado por seu clube, o São Paulo
Futebol Clube. A repercussão de sua punição na imprensa acabou por projetá-lo
como esportista ardoroso, o que lhe facilitou alcançar, mais tarde, a direção
de seu clube. Em maio de 1942 foi promovido a capitão. Ainda nesse ano, durante
a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), serviu na Base Aérea de Natal.
Com
o fim do Estado Novo (1937-1945) e a reconstitucionalização do país, elegeu-se,
no pleito suplementar de janeiro de 1947, deputado à Assembléia Constituinte
paulista, na legenda do Partido Trabalhista Brasileiro (PTB). Em sua campanha,
contou com o apoio financeiro de seus amigos desportistas do São Paulo Futebol
Clube, do qual era diretor, e com o apoio publicitário de Denner Médici,
diretor dos jornais Hora e O Esporte.
Assumindo o mandato em março de 1947, participou da
elaboração da nova Carta paulista e, após sua promulgação, passou a exercer o
mandato ordinário. Foi promovido a major em outubro de 1948. Getulista,
participou da campanha eleitoral que elegeu Vargas, então senador, presidente
da República, em outubro de 1950.
Também
nesse pleito foi reeleito para a Assembléia Legislativa de São Paulo, sempre na
legenda do PTB, e, em setembro de 1952, foi promovido a tenente-coronel. Com a
restauração da autonomia municipal em novembro de 1952 pelo presidente Getúlio
Vargas, deixou a Assembléia paulista para participar das eleições convocadas
para março de 1953. Elegeu-se então, na legenda da coligação do Partido
Democrata Cristão (PDC) com o Partido Socialista Brasileiro (PSB),
vice-prefeito de São Paulo, em chapa encabeçada pelo então deputado estadual
pedecista Jânio Quadros. Em maio de 1954 assumiu interinamente a prefeitura de
São Paulo para que o prefeito Jânio Quadros pudesse preparar sua candidatura às
eleições de outubro ao governo do estado. Como a Lei Orgânica dos Municípios
não permitia a ausência do prefeito sem a permissão da Câmara Municipal por
mais de oito dias, Jânio Quadros fez um acordo com Porfírio da Paz, de que
reassumiria a prefeitura a cada oito dias, governaria por 24 horas, e depois se
afastaria do cargo, dando lugar ao vice-prefeito.
Ao
assumir a prefeitura, apresentou um pequeno plano administrativo, no qual se
destacavam a luta pela redução dos preços dos gêneros alimentícios e pela
eliminação dos intermediários, a extinção da obrigatoriedade do uso de uniforme
para as crianças carentes freqüentadoras dos parques infantis da cidade, e a
assistência aos desportistas, com a construção de estádios distritais para
esportes amadores e inauguração do Estádio Operário da Mooca.
Perdendo a legenda do PDC, Jânio Quadros convidou-o para
ingressar em sua chapa, como candidato a vice-governador, dessa feita na
legenda da coligação integrada pelo PSB e o Partido Trabalhista Nacional (PTN).
Em julho de 1954, Porfírio da Paz foi então obrigado a renunciar à prefeitura,
procedendo-se a uma eleição extraordinária, que elegeu o novo prefeito da
cidade, Juvenal Lino de Matos.
Segundo a revista Manchete, edição de 7 de junho de
1955, Jânio Quadros teria tentado, às vésperas do pleito, convencê-lo a retirar
a sua candidatura em favor de Vladimir de Toledo Piza, candidato a governador
na legenda do PTB, de modo a conseguir o apoio desse partido. Vitorioso no
pleito de outubro de 1954, Jânio Quadros tentou mais uma vez, inutilmente,
convencê-lo a renunciar ao cargo antes de sua posse, em troca do posto de
embaixador do Brasil no Vaticano. Segundo o próprio Porfírio da Paz, Jânio
queria substituí-lo pelo presidente da Assembléia Legislativa, gente de sua
confiança, deixando assim bem guarnecida a retaguarda para se desincompatibilizar
do cargo e concorrer às eleições presidenciais de outubro de 1955.
Em novembro de 1954 recebeu a patente de coronel,
reformando-se no ano seguinte, com a patente de general-de-brigada.
Em janeiro de 1955 Jânio Quadros assumiu o governo do estado
de São Paulo, sucedendo a Lucas Nogueira Carcez (1951-1955). Na ausência do
governador, Porfírio da Paz assumiu interinamente a direção do Executivo de São
Paulo de julho a agosto de 1955. Nesse mesmo ano, Jânio Quadros lhe propôs que
firmassem um pacto, segundo o qual Jânio renunciaria ao governo para se
candidatar à presidência da República, ficando Porfírio, seu substituto legal,
comprometido com sua nomeação para o cargo de ministro do Tribunal de Contas ou
de advogado do estado, caso fosse derrotado no pleito de outubro. Tal pacto,
todavia, não foi levado adiante e Jânio permaneceu no governo até o final de
seu mandato, encerrado em janeiro de 1959. Porfírio da Paz substituiu mais uma
vez o governador de maio a julho de 1956.
Reelegeu-se vice-governador de São Paulo no pleito de outubro
de 1958, em chapa encabeçada por Carlos Alberto Alves Carvalho Pinto, na
legenda da coligação formada pelo PDC, o PTN, o PSB, o Partido Republicano (PR)
e a União Democrática Nacional (UDN).
Em outubro de 1962 elegeu-se suplente de deputado à
Assembléia Legislativa de São Paulo, na legenda do PDC, tendo contado em sua
campanha com o apoio da Aliança Eleitoral pela Família (Alef).
Faleceu em São Paulo no dia 27 de setembro de 1983.
Casou-se com Ana Porfírio da Paz.
FONTES: CAFÉ, J.
Sindicato; Diário de S. Paulo (31/10/58); Efemérides paulistas; Eleitos; Encic.
Mirador; Estado de S. Paulo (5 e 23/9/62); Jornal do Brasil (19/10/54 e
29/9/83); Manchete (8/5/54 e 7/5/55); MIN. GUERRA. Almanaque (1953).