CAMPOS, Júlio
* dep. fed. MT 1979-1983; gov.
MT 1983-1986; const. 1987-1988; dep. fed. MT 1987-1991; sen. MT 1991-1999;
dep. fed. MT 2011-
Júlio José
Campos nasceu em Várzea Grande
(MT) no dia 11 de dezembro de 1946, filho de Júlio Domingos de Campos e Amália
Curvo de Campos. Seu pai foi prefeito e vereador em Várzea Grande pelo Partido
Social Democrático (PSD), entre 1947 e 1963. Seu irmão, Jaime Campos, foi
governador do estado entre 1991 e 1995. Seu tio materno, Sílvio Curvo, foi senador
pelo estado nos anos 1950. Entre seus vários primos, destacaram-se Roberto
Campos, que foi embaixador, ministro do Planejamento, deputado federal e
senador; Nélson Ramos de Almeida, que foi deputado estadual seguidamente entre
1959 a 1979; Ari Leite de Campos, também primo, prefeito de Várzea Grande e
deputado estadual; Nereu Botelho de Campos, que foi prefeito de Livramento e
deputado estadual; Gonçalo Branco de Barros, também deputado estadual; José
Augusto Curvo, primo por parte de mãe, que foi secretário de Saúde e deputado
federal entre 1991 e 1995.
Realizou os estudos primários no Grupo Escolar
Pedro Gardés, em Várzea Grande, e os secundários no Colégio Estadual de Mato
Grosso, em Cuiabá. Mais tarde, estudou em Goiás onde fundou e presidiu a Associação
do Estudante Mato-Grossense em Goiás.
Iniciou suas atividades políticas no PSD, partido
ao qual foi filiado entre 1964 e 1965.
Cursou agronomia na Universidade Estadual Paulista
Júlio de Mesquita Filho, exercendo o cargo de vice-presidente do Diretório
Central dos Estudantes de Agronomia do Brasil entre 1967 e 1968.
Formou-se em 1969 e, no ano seguinte, retornou à sua cidade natal, assumindo a
Secretaria de Viação e Obras Públicas da prefeitura municipal. Ainda em 1970,
filiou-se à Aliança Renovadora Nacional (Arena), partido de sustentação
regime militar instaurado no país em abril em 1964.
Engenheiro-chefe do Setor de Colonização e
Operações da Companhia de Desenvolvimento do Mato Grosso entre 1971 e 1972, em
novembro desse último ano elegeu-se prefeito de Várzea Grande na legenda
arenista. Foi empossado no cargo no início de 1973.
Vice-presidente do Consórcio Internacional de
Desenvolvimento do Pantanal, entre 1974 e 1977, e membro do Conselho Estadual
de Transporte do Estado de Mato Grosso entre 1975 e 1976, concluiu seu mandato
de prefeito em 1977.
Em 1977 e 1978, foi professor de cooperativismo da
Universidade Federal de Mato Grosso.
Em novembro de 1978, concorreu a uma vaga na Câmara
dos Deputados pela Arena, tendo como base eleitoral Várzea Grande. Foi eleito
com 39.814 votos, tendo obtido a maior votação no estado. Assumiu o mandato em
1º de fevereiro de 1979, vindo a integrar a Comissão de Agricultura e Política
Rural e a de Trabalho e Legislação Social da Câmara dos Deputados. Ainda nesse ano,
com a extinção do bipartidarismo, em 29 de novembro, e a conseqüente
reorganização partidária, filiou-se, em 1980, ao Partido Democrático Social
(PDS), e se tornou-se membro da comissão provisória de fundação do partido no
estado do Mato Grosso.
Entre 1980 e 1982, foi primeiro-secretário da
comissão executiva do diretório nacional do PDS e secretário-geral da
agremiação no estado de Mato Grosso.
Durante essa legislatura, integrou a missão
parlamentar que visitou o Japão e representou o Brasil no Encontro Anual de
Líderes Jovens da América no ano de 1981. Em 1983, fez parte da comissão do
presidente da República, general João Batista Figueiredo, em missão especial à
Bolívia.
Em junho de 1982, teve seu nome homologado pela
convenção do PDS como candidato ao governo do estado, Em novembro, elegeu-se
com 203.605 votos, derrotando o candidato do Partido do Movimento
Democrático Brasileiro (PMDB), padre Raimundo Pombo. Empossado em
março de 1983, era então o único governador do partido na região Centro-Oeste e
na Amazônia. Durante seu governo, foi inaugurada a pavimentação da rodovia que
liga Cuiabá a Porto Velho e foram construídas várias rodovias vicinais
Com a derrota da emenda Dante
de Oliveira, apresentada na Câmara dos Deputados, propunha o restabelecimento
das eleições diretas para presidente da República, em 25 de abril de 1984, a
sucessão do presidente João Batista Figueiredo ocorreu por via indireta,
através do Colégio Eleitoral, em 15 de janeiro de 1985. Júlio Campos atuou na
campanha do candidato do PDS, Paulo Maluf, derrotado por Tancredo Neves,
candidato da Aliança Democrática, união do PMDB com a dissidência do PDS
abrigada na Frente Liberal. Por motivo de doença, Tancredo Neves não chegou a
ser empossado na presidência, vindo a falecer em 21 de abril de 1985. Seu
substituto no cargo foi o vice José Sarney, que já exercia interinamente o
cargo desde 15 de março desse ano.
Em fevereiro de 1985, Júlio Campos anunciou que
ingressaria no Partido Democrático Trabalhista (PDT), mas a agremiação
recusou seu pedido de filiação. Logo a seguir, anunciou seu ingresso no Partido
Trabalhista Brasileiro (PTB), o que também não viria a se efetivar. Em outubro,
a oposição denunciou-o por imprimir a propaganda eleitoral do candidato da
coligação PDS-PDT à prefeitura de Cuiabá, Gabriel Neves, o que acarretou à
demissão da diretoria da gráfica oficial do estado. Neves foi derrotado no
pleito de novembro de 1985 pelo candidato do PMDB, Dante de Oliveira.
Em fevereiro de 1986, Júlio Campos, juntamente com
o então secretário de Segurança, Oscar Travassos, foi acusado de ter mandado
assassinar o advogado Celso Quintela, que fora candidato do PMDB à prefeitura
de Várzea Grande no pleito de novembro de 1982. À época, o adversário de
Quintela era Jaime Campos, irmão do governador. O inquérito realizado concluiu
pela isenção de culpa do governador, com base em versão apresentada pela
promotoria, segundo a qual dois homens que trabalhavam para Quintela o teriam
baleado acidentalmente ao tentar acertar uma pessoa que agredira o advogado.
Na mesma ocasião, a bancada do PMDB na Assembléia
Legislativa mato-grossense apresentou requerimento para instauração de comissão
parlamentar de inquérito para apurar o envolvimento de autoridades estaduais
com grupos de extermínio, tráfico de drogas e crimes políticos. O deputado
Joaquim Sucena pediu a intervenção federal no estado e propôs a cassação do
mandato de Júlio Campos “por comportamento antijurídico, tipificado como crime
de responsabilidade”. Foi alegado, também, que o governador cometera várias
irregularidades na aplicação de recursos alocados por meio de empréstimos
internos e externos.
No final do mês de março, a Comissão de
Constituição e Justiça da Assembléia Legislativa de Mato Grosso negou, por três
votos contra dois, o pedido de cassação do mandato de Júlio Campos. Em seguida,
a Assembléia rejeitou o pedido de intervenção federal no estado e aprovou o
parecer da comissão. Ainda nesse mês, Júlio Campos teve aceito seu pedido de
ingresso no Partido da Frente Liberal (PFL). Dias depois, porém, o deputado
federal mato-grossense Bento Porto, do PFL, apresentou pedido de impugnação de
sua filiação, apoiado pelo líder do partido na Câmara dos Deputados, deputado
José Lourenço (PFL-PE). Embora o pedido de impugnação tenha sido acolhido pela
executiva nacional do partido, a filiação de Júlio Campos foi homologada, no
mês de abril.
Em maio, Júlio Campos se desincompatibilizou do
cargo de governador a fim de disputar uma vaga na Assembléia Nacional Constituinte
pelo PFL nas eleições de novembro de 1986, deixando o estado em crise
econômico-financeira e o funcionalismo público em greve. Foi
substituído no cargo pelo vice-governador Vilmar Peres, que havia rompido com
Campos meses antes.
Eleito o constituinte mais votado do estado, com
61.002 votos, na legenda pefelista, Júlio Campos assumiu o mandato em 1º de
fevereiro de 1987, quando tiveram início os trabalhos da Constituinte. Integrou
na condição de titular a Subcomissão de Saúde, Seguridade e do Meio Ambiente da
Comissão da Ordem Social e, como suplente, a Subcomissão do Poder Legislativo,
da Comissão da Organização dos Poderes e Sistema de Governo.
Na Constituinte, votou a favor
da proteção ao emprego contra despedida sem justa causa, do aviso prévio
proporcional, da soberania popular, do presidencialismo, da nacionalização do
subsolo, do mandato de cinco anos para o presidente José Sarney e da
legalização do jogo do bicho. Votou contra o rompimento de relações
diplomáticas com países com discriminação racial, a limitação do direito de
propriedade privada, o aborto, a remuneração 50% superior para o trabalho
extra, a estatização do sistema financeiro, a limitação dos encargos da dívida
externa, a criação de um fundo de apoio à reforma agrária e a desapropriação da
propriedade produtiva.
Na ANC, foi autor da proposta que transformou o
Pantanal Mato-Grossense em área de patrimônio nacional.
Com a promulgação da nova
carta constitucional em 5 de outubro de 1988, voltou a participar dos trabalhos
legislativos ordinários do Câmara dos Deputados.
Nas eleições de outubro de 1990, concorreu a uma
das vagas ao Senado pela mesma legenda. Eleito com 331.212 votos, novamente com
a maior votação do estado, Júlio Campos assumiu o mandato em 1º de fevereiro de
1991. Em 1991 e 1992, presidiu a Comissão de Infra-Estrutura e integrou a
Comissão de Educação, como titular, e as comissões de Assuntos Econômicos e de
Constituição, Justiça e Cidadania, como suplente.
Durante o ano de 1991,
surgiram várias denúncias de irregularidades no governo do presidente Fernando
Collor (1990-1992), que atingiram o ponto máximo em maio de 1992 quando a
revista Vejapublicou entrevista de Pedro Collor, irmão do
presidente, na qual denunciava o esquema de corrupção existente no
governo sob o comando de Paulo César Farias, o PC, ex-tesoureiro de campanha do
presidente. Essa denúncia levou o Congresso a instalar comissão parlamentar de
inquérito. As conclusões da comissão levaram ao envolvimento do presidente e
foi pedido seu impedimento. Em 28 de setembro de 1992, véspera da votação do
pedido de abertura do processo de impeachment do presidente Fernando Collor na
Câmara dos Deputados, Júlio Campos foi acusado de receber depósito da
construtora EGP Fênix, de Ribeirão Preto (SP), numa conta bancária da TV Brasil
Oeste, de Cuiabá, de sua propriedade. O dinheiro fora liberado pela Caixa
Econômica Federal para a construtora como pagamento de uma parcela de
financiamento destinado à construção de um conjunto de apartamentos de classe
média em Ribeirão Preto. No entanto, de acordo com a denúncia feita ao
jornal O Estado de S. Paulo, os recursos seriam usados para comprar
o voto de um deputado federal de Mato Grosso no processo de impeachment. Isso
não impediu contudo, que no dia seguinte a Câmara dos Deputados aprovasse a
admissibilidade do afastamento do presidente. Collor renunciou ao cargo em
outubro desse ano, mas mesmo assim o processo foi encaminhado ao Senado e no
dia 28 de dezembro de 1992, Júlio Campos votou a favor do afastamento definitivo
do presidente Collor.
Em 1993, por ocasião do
plebiscito sobre forma e regime de governo, Júlio Campos tornou-se coordenador
da Frente Parlamentarista de Mato Grosso. Em janeiro, na qualidade de relator
do projeto de modernização dos portos na Comissão de Infra-Estrutura do Senado,
propôs a retirada da emenda que previa a paridade entre empresas e sindicatos
no órgão gestor de mão-de-obra que seria criado para organizar a contratação de
portuários no setor, defendendo a manutenção do controle das contratações pelas
empresas operadoras, o que viria a ser aprovado no plenário, após acordo de
lideranças.
Ainda em 1993, em abril, tornou-se primeiro
secretário do Senado e, nesse cargo, extinguiu o controle de ponto dos
servidores daquela casa legislativa.
Em 1994, integrou a delegação brasileira à XLIX
Sessão da Assembléia Geral das Nações Unidas. Nas eleições de outubro, foi o
coordenador político da coligação União por Mato Grosso, do qual faziam parte o
PFL, o Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), o Partido Liberal (PL), o Partido
Progressista Brasileiro (PPR), o Partido da Reconstrução Nacional (PRN) e o
Partido Progressista (PP) que lançou a candidatura de Osvaldo Sobrinho ao
governo do estado, que seria derrotada pelo candidato Dante de Oliveira (PDT).
Em 1995, nas votações das emendas constitucionais
propostas pelo governo do presidente Fernando Henrique Cardoso, acompanhou a
orientação da base parlamentar governista, manifestando-se favoravelmente à
abolição do monopólio estatal das telecomunicações e na exploração do petróleo,
e à quebra do monopólio dos governos estaduais na distribuição de gás
canalizado. Também foi favorável à abertura da navegação de cabotagem às
embarcações estrangeiras e ao fim de todas as diferenças jurídicas entre as
empresas de capital nacional e as estrangeiras.
Ainda em 1995, deixou a
primeira secretaria do Senado e, com a eleição de José Sarney, seu amigo
pessoal, para presidir a casa, passou a ocupar a segunda vice-presidência do
Senado, cargo que manteria até o ano seguinte. Nesse mesmo ano, em maio,
defendeu a proposta de trocar todos os benefícios aos quais os senadores tinham
direito por uma verba de representação mensal, no valor de 50 mil reais. Ainda
em 1995, apresentou a proposta de emenda constitucional no 52/95,
abrindo às empresas de capital estrangeiro a participação na assistência à
saúde no país.
Entre 1997 e 1998, integrou no Senado as comissões
de Fiscalização e Controle, de Educação, de Assuntos Sociais, e de Assuntos
Econômicos, além da Comissão Parlamentar Conjunta do Mercosul.
Disputou o governo de Mato
Grosso nas eleições de outubro de 1998, à frente da coligação que incluía PFL,
PMDB, PL, PTB, PPB, além de agremiações de menor expressão, tendo sido
derrotado no primeiro turno por Dante de Oliveira, candidato à reeleição.
Deixou o Senado em janeiro de
1999, ao final da legislatura, quando passou a se dedicar às atividades
empresariais.
Ficou afastado da política até
o ano de
2008, quando concorreu ao cargo de prefeito de Várzea Grande pelo Democratas
(DEM),partido oriundo da refundação do PFL, um ano antes. Porém, com 45.688
votos recebidos, não obteve êxito, ficando com a segunda colocação no pleito.
Nas eleições de Outubro de 2010, voltou a
candidatar-se, desta vez por uma vaga na Câmara dos Deputados. Foi eleito com
72.560 votos para o mandato que iniciou em Fevereiro do ano seguinte.
Nesta legislatura, assumiu vaga na Comissão de
Ciência e Tecnologia e assumiu a
presidência da Frente Parlamentar Mista dos
Municípios e de Apoio aos Prefeitos e Vice-Prefeitos do Brasil
Como
empresário Júlio Campos atuou nas áreas da imprensa (jornal, rádio e TV),
agropecuária, mineração, construção civil e imobiliária.
Publicou Determinação
do teor total e solúvel em diversas soluções de cobre no solo; Titulação
de terra na colônia Rio Branco - uma luta vencida; Discursos
Parlamentares: Ponce de Arruda, um líder e Filinto
Müller – 15 anos de saudade.
De seu casamento com Isabel Coelho Pinto de Campos,
teve quatro filhos.
Christiane Jalles/Maria Letícia Correia
FONTES: CÂM. DEP. Deputados
brasileiros. Repertório (1987-1991); Jornal do Brasil (3/09/1985, 9/10/1985,
7/03/1986, 8/03/1986, 11/03/1986, 13/03/1986, 14/03/1986, 15/03/1986,
25/03/1986, 26/03/1986, 25/11/1986, 13/01/1993, 20/01/1993, 21/09/1994,
19/05/1995 e 10/10/95); Jornal Estado de São Paulo (8/03/1986, 10/04/1986,
15/05/1986, 29/09/1992, 9/04/1993 e 23/11/94); Jornal Folha de
São Paulo (26/02/1986, 27/02/1986, 8/05/1986, 11/05/1986, 25/03/1986,
11/05/1986, 14/05/1986, 15/05/1986, 14/01/1993, 11/04/1993, 28/06/1995 e 22/05/1996); Jornal
O Globo (15/06/1982,
13/09/1984, 6/02/1985, 7/08/1985, 15/12/1985, 11/03/1986, 22/03/1986, 25/03/1986,
4/04/1986, 11/05/1986, 14/01/1993, 19/01/93 e 4/8/94); Revista Isto É / Perfil Parlamentar (1991); Portal
G1 de Notícias. Disponível em: <g1.globo.com/?>. Acesso em
15/10/2013; Portal pessoal do deputado federal Julio Campos. Disponível em:
<http://deputadojuliocampos.com>. Acesso em 15/10/2013; Portal do
Tribunal Superior Eleitoral. Disponível em: <http://www.tse.jus.br/>.
Acesso em 15/10/2013.