LUCA,
Valmor de
*dep. fed. SC 1975-1991; const. 1987-1988.
Valmor Paulo de Luca nasceu
em Criciúma (SC) no dia 22 de março de 1938, filho de Jorge Elias de Luca e
de Gilia Rizzieri de Luca.
Fez os estudos primários e secundários em sua cidade natal e
transferiu-se para Curitiba, onde ingressou na Faculdade de Farmácia da
Universidade do Paraná. Destacado líder estudantil, diplomou-se
farmacêutico-bioquímico em 1962, passando a exercer suas atividades
profissionais no município de Içara (SC).
Filiado
ao Movimento Democrático Brasileiro (MDB), partido de oposição ao regime
militar instalado no país em abril de 1964, iniciou sua carreira política ao
eleger-se vereador de Içara. Empossado no início de 1967, foi líder do seu
partido na Câmara Municipal até o final da legislatura, em 1970. Em novembro de
1974 elegeu-se deputado federal por Santa Catarina, sempre na legenda
emedebista, tendo recebido expressiva votação de toda a região mineira
carbonífera do estado. Assumiu o mandato em fevereiro de 1975, tornando-se
vice-presidente da Comissão de Minas e Energia, suplente da Comissão de Saúde e
vice-presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) sobre aquisição de
hospitais pelo Instituto Nacional de Previdência Social (INPS). Em novembro de
1978 reelegeu-se deputado federal na mesma legenda, iniciando seu segundo
mandato em fevereiro do ano seguinte.
Com
a extinção do bipartidarismo em 29 de novembro de 1979 e a conseqüente
reformulação partidária, filiou-se ao Partido do Movimento Democrático
Brasileiro (PMDB), legenda oposicionista que deu continuidade ao MDB. Em 1980
integrou a missão parlamentar brasileira que visitou o Líbano e a Síria, a
convite da Organização para a Libertação da Palestina (OLP). No ano seguinte,
fez nova viagem ao exterior, dessa vez como delegado observador à II
Conferência da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre o direito do mar,
realizada em Nova Iorque. Na Câmara dos Deputados, foi quarto-secretário
(1979-1981) e vice-líder do PMDB (1981-1982).
Em novembro de 1982 reelegeu-se deputado federal, assumindo
sua cadeira em fevereiro de 1983. Ao longo de toda a legislatura (1983-1987),
foi membro da Comissão de Finanças e integrou também a CPI sobre minerais
estratégicos (1985-1986) e a CPI sobre o pólo petroquímico do Sul do país
(1986). Permaneceu como um dos vice-líderes do PMDB na Câmara até 1986, ano em
que foi eleito segundo-tesoureiro da executiva nacional do partido. Ainda em
1986, fez parte de uma missão parlamentar que visitou Angola a convite do
governo daquele país.
Nos primeiros meses de 1984, teve início uma ampla campanha
popular pelo restabelecimento de eleições diretas para a escolha do sucessor do
general João Figueiredo (1979-1985) na presidência da República, que ficou
conhecida como movimento das Diretas Já. No Congresso Nacional, tramitava o
projeto de emenda constitucional apresentado pelo deputado Dante de Oliveira
(PMDB-MT), propondo o restabelecimento do pleito direto para novembro daquele
ano. Em 25 de abril de 1984, Valmor de Luca manifestou-se a favor da emenda
Dante de Oliveira, que, apesar do clamor popular por sua aprovação, não
alcançou na Câmara o quórum necessário para que pudesse ser encaminhada à
apreciação pelo Senado, faltando 22 votos.
Em 15 de janeiro de 1985, quando o Colégio Eleitoral se
reuniu para escolher o novo presidente da República, Valmor de Luca votou no
candidato oposicionista Tancredo Neves, eleito pela Aliança Democrática —
coligação formada pelo PMDB e pela dissidência da legenda governista Partido
Democrático Social (PDS), abrigada na Frente Liberal. Tancredo, contudo,
adoeceu, e não chegou a ser empossado na presidência, vindo a falecer em 21 de
abril de 1985. Seu substituto foi o vice José Sarney, que já vinha exercendo
interinamente o cargo desde 15 de março.
Em novembro de 1986 foi eleito deputado federal constituinte
na legenda do PMDB, assumindo seu novo mandato em fevereiro do ano seguinte,
quando tiveram início os trabalhos da Assembléia Nacional Constituinte. Ainda
em 1987, foi membro titular da Subcomissão do Sistema Financeiro, da Comissão
do Sistema Tributário, Orçamento e Finanças. Nas principais votações da
Constituinte, pronunciou-se a favor da legalização do aborto, da estabilidade
no emprego, do rompimento diplomático com países que adotavam uma política de
discriminação racial, da limitação do direito de propriedade privada, do turno
ininterrupto de seis horas, da unicidade sindical, do voto aos 16 anos, da
estatização do sistema financeiro e da limitação dos juros reais em 12% ao ano.
Foi contra o mandato de cinco anos para o presidente José Sarney, a pena de
morte e a jornada semanal de 40 horas. Parlamentarista, propôs a dissolução do
Congresso após a promulgação da nova Carta e a convocação de eleições gerais.
Disputou novo mandato em outubro de 1990, pelo PMDB, mas
dessa vez obteve apenas uma suplência. Deixou a Câmara dos Deputados em janeiro
de 1991, ao final da legislatura. Entre 1991 e 1992 foi assessor
parlamentar do Ministério da Saúde de 1993 a 1995 presidente da Telecomuicações de Santa Catarina (TELESC). Em janeiro de 2003 foi nomeado presidente da
Companhia Catarinense de Águas e Saneamento (Casan) e também do
Conselho de Administração da empresa. Em 2007, assumiu o cargo de diretor vice-presidente
da Associação das Empresas de Saneamento Básico Estaduais (AESBE).
Casou-se com Ada Lili Faraco de Luca, filha do prefeito de
Criciúma Vânio Faraco, cassado pelo movimento político-militar de 31 de março
de 1964. Ada foi também deputada estadual eleita em 2006. O casal teve duas
filhas.
Denise
Duque Estrada
FONTES: ASSEMB.
LEGISL. SC. Dicionário político; ASSEMB. NAC. CONST. Repertório (1987-1988);
CÂM. DEP. Deputados; CÂM. DEP. Deputados brasileiros.
Repertório (1975-1979 e 1979-1983); COELHO, J. & OLIVEIRA, A. Nova;
Jornal do Brasil (18/11/74); NÉRI, S. 16.
http://abelardoluz.sc.gov.br/conteudo/?item=328&fa=1&cd=5640
http://www.casan.com.br/index.php?sys=21