ALMEIDA,
Manuel de
*militar; rev. 1930; dep. fed. MG 1959-1979.
Manuel José de Almeida nasceu
em Januária (MG) no dia 23 de outubro de 1912, filho do militar José Antônio de
Almeida e de Rita Dias de Almeida.
Cursou o secundário no Colégio Estadual, em Oliveira (MG).
Ingressou na Força Pública Mineira em Diamantina (MG) no ano de 1929. Por
ocasião da Revolução de 1930, ainda recruta, participou de combates ao lado dos
revoltosos na tomada de Carinhanha (BA), seguindo com sua tropa pelo vale do
São Francisco até Juazeiro (BA). Nesta cidade, suas forças uniram-se às de
Juarez Távora, que descia do Nordeste, e tiveram notícia da queda de Washington
Luís. Regressou dessa campanha aos 18 anos de idade e com o posto de
segundo-sargento.
Em 1932, participou da repressão à Revolução
Constitucionalista de São Paulo e penetrou naquele estado até Ribeirão Preto.
Nos anos seguintes, concluiu, em 1934, o curso da Escola de Sargentos de
Infantaria do Exército, localizada no Rio de Janeiro, e, dois anos mais tarde,
o de formação de oficiais da Força Pública, em Minas Gerais, tornando-se instrutor da Força Pública em Belo Horizonte.
No ano de 1939, foi nomeado delegado especial no sul de Minas
Gerais, com jurisdição sobre as cidades de Alfenas, Machado e Boa Esperança,
entre outras. Em 1941, deu prosseguimento à sua formação, fazendo o curso de
educação física na fortaleza de São João, no Rio, e especializando-se em
psicologia educacional e pedagogia.
De
volta a Minas, foi convocado para servir no gabinete do chefe de polícia, o
major Ernesto Dorneles, e publicou uma série de trabalhos sobre psicologia e
pedagogia aplicadas à formação de policiais. Ainda com a mesma preocupação,
lançou, em 1946, as bases de uma reforma da preparação dos membros da Força
Pública, introduzindo o ensino de direito penal e de diversas técnicas modernas
de investigação, numa tentativa de ampliar os conhecimentos dos policiais. No
espírito dessa reforma, criou-se também em Belo Horizonte o Ginásio Tiradentes, destinado a abrigar filhos de militares.
Em seguida, Manuel de Almeida, no comando da Polícia Militar
de Minas Gerais (1949-1951), interessou-se pela fundação de uma rede de escolas
para assistência ao menor abandonado, especialmente no campo. De seu esforço,
resultou a criação das escolas Caio Martins, num total de sete
estabelecimentos, iniciativa que mereceria atenção dos governos estaduais de
Juscelino Kubitschek (1951-1955), Clóvis Salgado (1955-1956) e José Francisco
Bias Fortes (1956-1961). O plano de criação das escolas foi publicado em 1951.
Essa atividade pública acabou atraindo Manuel de Almeida à
vida política. Elegeu-se deputado estadual pela legenda do Partido Social
Democrático (PSD) em outubro de 1954, cumprindo o mandato de fevereiro de 1955 a janeiro de 1959. Neste período, preocupou-se principalmente com o desenvolvimento das escolas
Caio Martins e com a construção da barragem de Três Marias. Foi presidente e
membro das comissões de Educação e Cultura e de Ordem Social da Assembléia
Legislativa mineira.
Em outubro de 1958, elegeu-se deputado federal pela legenda
do PSD, sendo empossado no cargo em fevereiro seguinte. Durante a legislatura,
participou do chamado Bloco Mudancista, formado pelos partidários da mudança da
Capital Federal do Rio de Janeiro para Brasília.
Reelegeu-se em outubro de 1962 pelo mesmo partido e em 1966,
1970 e 1974 pela legenda da Aliança Renovadora Nacional (Arena), partido de
apoio ao regime militar instaurado no país em abril de 1964. Na Câmara dos
Deputados, presidiu uma comissão parlamentar de inquérito (CPI) sobre Furnas e
foi membro das comissões de Obras (1971), do Polígono das Secas (1974), de
Educação e Cultura (1974-1975) e de Fiscalização Financeira e Tomada de Contas
(1975). Participou ainda das comissões de Orçamento e de Serviço Público e
realizou uma viagem oficial à Índia para conhecer as atividades de pecuária
desenvolvidas naquele país.
Candidato à reeleição pela Arena em novembro de 1978, Manuel
de Almeida conseguiu apenas uma suplência. Com isso, deixou a Câmara em janeiro
do ano seguinte, ao final de seu quinto mandato federal. Proprietário rural,
sua carreira parlamentar esteve voltada para a situação do campo,
principalmente para as questões ligadas à pecuária e à eletrificação e educação
rural.
Afastado das atividades legislativas, em maio de 1979
tornou-se diretor administrativo da Comissão de Construção, Ampliação e Reforma
de Prédios Escolares (Carpe), vinculada ao governo mineiro. Desempenharia essas
funções até o seu falecimento.
Coronel aposentado da Polícia Militar de Minas Gerais, desde
então passou a dedicar-se exclusivamente às escolas Caio Martins.
Faleceu em Belo Horizonte no dia 9 de maio de 1988.
Era casado com Márcia Sousa de Almeida, com quem teve seis
filhos.
Publicou Escolas Caio Martins — desenvolvimento do seu
programa de ação (1951), Reforma agrária (1951), O problema de Furnas e o
condomínio rural, Pecuária nacional em crise; carne de boi é moeda forte, Os
alicerces da obra de São Francisco, Fundação Nacional de Educação de Base,
Brasília e sua missão histórica, Município: célula base do desenvolvimento
nacional, Política de incentivo ao produtor rural — potencial da bacia do São
Francisco e O drama do São Francisco.
FONTES: ASSEMB.
LEGISL. MG. Dicionário biográfico; CÂM. DEP. Deputados; CÂM. DEP.
Deputados brasileiros. Repertório (1967-1971, 1971-1975, 1975-1979); Grande
encic. Delta; INF. FAM.; NÉRI, S. 16; Perfil (1972); Rev.
Arq. Públ. Mineiro (12/76); VAITSMAN, M. Sangue.