MARINHO,
Gilberto
*militar; rev. 1930; sen. DF 1955-1960; sen. GB
1960-1971.
Gilberto Marinho nasceu
em Pelotas (RS) no dia 15 de setembro de 1907, filho de Gonçalo Marinho e de
Nena Marinho.
Estudou
no Colégio Militar de Porto Alegre, ingressando em março de 1925 na Escola
Militar do Realengo, no Rio de Janeiro, então Distrito Federal. Declarado
aspirante-a-oficial da arma de engenharia em junho de 1928, dois meses depois
foi promovido a segundo-tenente, sendo designado para servir no 3º Batalhão de
Engenharia, em Cachoeira do Sul (RS).
Participou da Aliança Liberal (1929-1930), ingressando nesse
movimento através de João Alberto Lins de Barros, militar que tivera destacada
participação na Coluna Prestes (1925-1927). Após a derrota de Getúlio Vargas,
candidato aliancista, nas eleições presidenciais de 1930, e sobretudo depois do
assassinato de João Pessoa, seu companheiro de chapa, em julho seguinte, a
direção da Aliança Liberal decidiu promover um movimento armado com o objetivo
de derrubar o presidente Washington Luís (1926-1930).
No dia 3 de outubro de 1930 eclodiu o movimento
revolucionário, tendo Gilberto Marinho, que em agosto desse ano fora promovido
a primeiro-tenente, sublevado o batalhão em que servia, comandando-o durante a
revolta. No transcorrer das ações militares, foi comissionado no posto de major
por Getúlio Vargas, chefe supremo do movimento. Com a vitória dos
revolucionários e a posse de Vargas na chefia do Governo Provisório em 3 de
novembro de 1930, foi nomeado ajudante-de-ordens do interventor federal em São Paulo, João Alberto, e posteriormente do general Pedro Aurélio de Góis Monteiro. Em
seguida tornou-se auxiliar de ensino e depois catedrático no Colégio Militar de
Porto Alegre. Em outubro de 1934 foi promovido a capitão e em fevereiro de 1938
alcançou o posto de major. Durante esse período colaborou no jornal Diário de
Notícias, de Porto Alegre.
Durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), foi chefe de
gabinete de João Alberto na Coordenação de Mobilização Econômica, e em seguida
chefiou o gabinete do Departamento Federal de Segurança Pública. Posteriormente
tornou-se professor da Escola Militar do Realengo. Promovido a tenente-coronel
em março de 1945, em dezembro seguinte — após a deposição de Getúlio Vargas
pelos chefes militares em outubro do mesmo ano — candidatou-se a uma cadeira na
Assembléia Nacional Constituinte, na bancada do Distrito Federal. Lançado pelo
Partido Social Democrático (PSD), não logrou ser eleito. Em 1946 foi designado
subchefe do Gabinete Militar da Presidência da República pelo general Eurico
Gaspar Dutra, eleito em dezembro de 1945 e empossado em janeiro de 1946.
Em janeiro de 1947, na chapa encabeçada por Mário Ramos,
elegeu-se suplente de senador pelo Distrito Federal na legenda da coligação
formada pelo PSD, o Partido Democrata Cristão (PDC), o Partido Trabalhista
Brasileiro (PTB), o Partido Proletário do Brasil (PPB), o Partido Republicano
(PR) e o Partido Trabalhista Nacional (PTN). Nesse mesmo ano tornou-se
secretário-geral da Prefeitura do Distrito Federal, durante a gestão do general
Ângelo Mendes de Morais. Em outubro de 1950 voltou a candidatar-se a suplente
de senador pelo Distrito Federal, como companheiro de chapa de João Alberto,
lançado pelo PSD. Nessa oportunidade, contudo, não conseguiu eleger-se. Em
abril de 1951, com a saída de Mendes de Morais, deixou a secretaria geral da
prefeitura, sendo nomeado diretor da Caixa Econômica do Rio de Janeiro. Em
junho de 1953 recebeu a patente de coronel, no quadro do magistério do
Exército. Eleito senador pelo Distrito Federal em outubro de 1954 na legenda da
coligação formada pelo PSD e o Partido Republicano Trabalhista (PRT), deixou
nessa ocasião a direção da Caixa Econômica do estado. Iniciando seu mandato em
fevereiro do ano seguinte, foi membro das comissões de Educação, de Relações
Exteriores, de Justiça, de Economia e de Serviço Público. Promovido a
general-de-brigada em agosto de 1958, nesse mesmo ano tornou-se vice-líder da
maioria e do governo no Senado. De 1959 a 1960 foi terceiro-secretário e, no ano seguinte, segundo-secretário daquela casa. Em outubro de 1962, após a
mudança da capital federal para Brasília (21/4/1960), foi novamente eleito
senador, dessa vez pelo recém-criado estado da Guanabara, na legenda do PSD. No
ano seguinte reassumiu seu posto de secretário no Senado.
Após a vitória do movimento político-militar de 31 de março
de 1964, que depôs o presidente João Goulart, com a extinção dos partidos
políticos pelo Ato Institucional nº 2 (27/10/1965) e a posterior instauração do
bipartidarismo, filiou-se à Aliança Renovadora Nacional (Arena), partido
governista, do qual foi um dos fundadores. Em fevereiro de 1967 foi eleito
vice-presidente e um ano depois presidente do Senado.
Em agosto de 1969, o presidente da República, general Artur
da Costa e Silva, empossado em março de 1967, foi acometido por grave
enfermidade. Nesse mesmo mês assumiu o governo uma junta militar composta pelos
ministros almirante Augusto Rademaker, da Marinha, brigadeiro Márcio de Sousa e
Melo, da Aeronáutica, e o general Aurélio de Lira Tavares, do Exército. Em 9 de
outubro desse mesmo ano Gilberto Marinho, como presidente do Senado, e José
Bonifácio de Andrada, como presidente da Câmara dos Deputados, foram convocados
pela junta, que lhes comunicou a decisão de dar prosseguimento ao calendário
político através da reabertura das duas casas legislativas, da convocação de
uma convenção da Arena para a escolha do candidato à presidência da República e
de sua eleição pelo colégio eleitoral. Em 25 de outubro de 1969 foi eleito o
novo presidente, o general Emílio Garrastazu Médici, empossado no cargo no dia
30 seguinte.
Candidato à reeleição no pleito de novembro de 1970, Gilberto
Marinho foi derrotado, assim como os demais candidatos lançados pela Arena
carioca — Luís Gama Filho e Ângelo Mendes de Morais. As três vagas da Guanabara
no Senado foram preenchidas por Nélson Carneiro, Benjamim Farah e Danton Jobim,
candidatos do Movimento Democrático Brasileiro (MDB). Marinho continuou a
presidir o Senado até o final de seu mandato, em janeiro de 1971, quando deixou
a casa. Em abril de 1975 tomou posse na presidência da Arena fluminense, após a
fusão, no mês anterior, do estado da Guanabara com o estado do Rio de Janeiro.
Advogado, em 1976 tornou-se presidente da Engenharia de
Sistemas e Processamento de Dados (Datamec) e membro do conselho fiscal do
Banco Novo Rio Investimentos.
Faleceu na cidade do Rio de Janeiro, no dia 11 de fevereiro
de 1985.
Era casado com Enilda Leite Marinho, com quem teve uma filha.
FONTES: CAFÉ FILHO,
J. Sindicato; CORTÉS, C. Homens; Grande encic. Delta; Jornal
do Brasil (16/3 e 27/7/76); MACEDO, N. Aspectos; MAGALHÃES, I. Segundo;
NÉRI, S. 16; Rev. Ciência Pol.; SENADO. Dados; SENADO. Relação;
SENADO. Relação dos líderes; Veja (20/2/85).