MARIZ,
Vasco
*diplomata;
emb. Bras. Peru 1982-1983.
Vasco Mariz nasceu
no Rio de Janeiro, então Distrito Federal, no dia 22 de janeiro de 1921, filho
de Joaquim José Domingues Mariz e de Ana da Cunha Vasco Mariz.
Bacharel
em ciências jurídicas e sociais pela Faculdade de Direito da Universidade do
Brasil (1943), ingressou na carreira diplomática por concurso direto, no antigo
Departamento Administrativo do Serviço Público (DASP), sendo nomeado cônsul de
terceira classe em dezembro de 1945. Na Secretaria de Estado das Relações
Exteriores, instalada no palácio Itamarati do Rio de Janeiro, ficou à
disposição da missão especial da Suíça nas solenidades de posse do presidente
da República (1946) e da missão cultural uruguaia (1946). Fez o curso de
história diplomática no Instituto Rio Branco (1947) e exerceu a função de
assessor do secretário-geral das Relações Exteriores, embaixador Hildebrando
Acióli, na Conferência Interamericana para a Manutenção da Paz e Segurança no
Continente (1947). Transferido para Portugal, desempenhou as funções de
vice-cônsul no Porto (1948-1949). Removido para a Iugoslávia, serviu como
terceiro secretário na embaixada em Belgrado (1950-1951).
Enviado à Argentina trabalhou em Rosário como vice-cônsul
(1952). Promovido a cônsul de segunda classe em outubro de 1952, assumiu o
consulado até 1954. Nesse período foi professor extraordinário dos cursos
livres de português e estudos brasileiros. De volta ao Itamarati, em 1955 foi
nomeado secretário da Comissão de Estudos dos Textos de História do Brasil, chefe
da seção de publicações do Serviço de Documentação e chefe do Serviço de
Informações. Cônsul em Nápoles (1956-1959), segundo-secretário na embaixada em
Washington (1959-1961) e, após ser promovido por antigüidade em março de 1961,
primeiro-secretário (1961-1962), recebeu o título de conselheiro em abril de
1962. Ao longo desses anos participou das XV, XVI e XVII sessões da Assembléia
Geral das Nações Unidas, em Nova Iorque.
Novamente no Rio de Janeiro, em 1963 foi designado chefe da
Divisão de Política Comercial e da Divisão de Conferências, Organismos e
Assuntos Gerais, bem como substituto do secretário-geral adjunto para
Organismos Internacionais. Nessas funções participou de numerosas reuniões de
caráter multilateral, inclusive da reunião preparatória da Conferência das
Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD) e da sessão do conselho
das partes contratantes do Acordo Geral sobre Tarifas e Comércio (GATT).
Nomeado chefe da Divisão de Difusão Cultural e, no exercício dessa função
(1964-1966), vice-presidente da comissão de seleção de filmes brasileiros para
os festivais internacionais de cinema (1964), representou o Brasil no Festival
Internacional de Cannes (1965) e chefiou a seção brasileira na comissão mista
do Acordo de Co-Produção Cinematográfica Brasil-Espanha (1965-1966).
Promovido
a ministro de segunda classe por merecimento em janeiro de 1967, serviu como
ministro-conselheiro na missão junto à Organização dos Estados Americanos (OEA)
em Washington, até 1969, período durante o qual chefiou a delegação brasileira
à Reunião Extraordinária do Conselho Interamericano Econômico e Social (1968) e
presidiu o Conselho Interamericano de Música da OEA (1967-1969).
Comissionado embaixador no Equador, permaneceu à frente da
legação em Quito até 1974. Promovido a ministro de primeira classe em 1975,
exerceu cumulativamente as funções de embaixador em Nicósia, Chipre (1978-1982)
e em Tel-Aviv, Israel (1979-1982). Em 1982 sucedeu ao embaixador Manuel Guilhon
na chefia da embaixada em Lima, no Peru, cargo que transferiu no ano seguinte
ao embaixador Luís Augusto Souto Maior. Depois foi enviado à Alemanha Oriental,
como embaixador em Berlim (1985-1987).
Em
1990, ao completar 15 anos como ministro de primeira classe, passou para o
quadro especial, aposentando-se em janeiro de 1991.
Paralelamente à carreira diplomática, Vasco Mariz foi membro
do Instituto Histórico Brasileiro (1982) e presidente da Academia Brasileira de
Música (1991-1993). Publicou diversas obras sobre música e compositores
brasileiros, entre as quais o Dicionário biográfico musical (1949; 1984;
1991) e História da
música no Brasil (1981; 7ª ed. - 2009), além de livros e artigos biográficos sobre compositores
brasileiros, destacando-se Heitor Villa-Lobos, compositor
brasileiro (12ª ed., 2006, além de duas edições nos
EUA, uma na União Soviética, uma na França, uma na Itália e uma na Colômbia). Laureado com o Prêmio José Veríssimo, da Academia
Brasileira de Letras (1983), presidiu ainda a Câmara de Artes do Ministério da
Cultura (1987-1989) e dirigiu o Instituto Brasil-Estados Unidos.
Em 1993, a revista norte-americana Inter-American
Music Review, de Los Angeles, publicou um “Tribute to Vasco Mariz”,
comentando a sua obra como musicólogo. Em 1996, tornou-se sócio benemérito do
PEN Clube do Brasil. Em 2000, foi agraciado pela Associação Paulista de
Críticos de Arte (APCA) com o grande “Prêmio da Crítica Musical” pelo conjunto de sua
obra musicológica e pela divulgação da música clássica brasileira no Brasil e
no exterior. Anos depois, em 2007 recebeu o “Prêmio Clio” da Academia
Paulista de História e em 2009 foi mais uma vez homenageado pela APCA dessa vez
com o “Prêmio
Personalidade Musical de 2008”.
Foi casado com Teresinha Dutra Mariz, com quem teve duas
filhas. Em segundas núpcias desposou Regina Mariz.
FONTES: INF. Ana Mariz Gudiño; MIN. REL. EXT. Anuário
(76 e 83).