BICALHO,
Maurício
*pres. Bco. Bras. 1959-1960.
Maurício Chagas Bicalho
nasceu em Oliveira (MG) no dia 19 de março de 1913, filho de Edmundo Dias
Bicalho e de Maria da Conceição Moura Chagas Bicalho.
Fez os primeiros estudos em sua cidade natal, concluindo-os
em Juiz de Fora (MG). Ingressou na Faculdade de Direito de Belo Horizonte,
diplomando-se em 1935.
Passou
desde logo a advogar em Belo Horizonte, tendo entrado para o contencioso do
estado. Nomeado diretor do Departamento de Estudos Econômicos e de Legislação
Fiscal de Minas Gerais, organizou a Consolidação da legislação fiscal do
estado. Em 1936, foi designado assistente técnico do secretário das Finanças de
Minas Gerais, Ovídio de Abreu (1935-1941), mantendo-se no cargo até 1940 e
exercendo também as funções de seu oficial-de-gabinete.
Por
duas vezes, em 1938 e 1939, foi representante de Minas Gerais na Conferência
Nacional de Contabilidade Pública e Assuntos Fazendários, tornando-se em 1946
chefe de gabinete de Jair Negrão de Lima, secretário das Finanças do governo
João Beraldo. Com a nomeação de Ovídio de Abreu para a presidência do Banco do
Brasil (julho de 1948-dezembro de 1950), foi indicado para assistente do mesmo.
Durante
o período em que Juscelino Kubitschek exerceu o governo de Minas Gerais
(1951-1955), ocupou, de 1952 a 1954, o cargo de diretor das Centrais Elétricas
de Minas Gerais S.A. (Cemig). Em fevereiro desse último ano, tornou-se
secretário do Interior, acumulando com este o cargo de chefe de polícia do
estado.
Diretor-consultivo da Carteira de Redescontos do Banco do
Brasil em 1958, foi presidente do Sindicato das Indústrias Hidro e
Termelétricas do Estado de Minas Gerais até fevereiro de 1959.
No curso de uma transformação nos rumos da política econômico-financeira
do governo Juscelino Kubitschek, provocada pela elevação dos índices
inflacionários e pelas críticas do Fundo Monetário Internacional (FMI) aos
programas de estabilização monetária do governo, Maurício Bicalho foi
designado, em junho de 1959, para substituir na presidência do Banco do Brasil
a Sebastião Pais de Almeida. Este, por sua vez, substituiu Lucas Lopes na pasta
da Fazenda, afastado pelo presidente da República juntamente com Roberto
Campos, substituído no Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico (BNDE) por
Lúcio Meira. Ao optar por este remanejamento, Juscelino Kubitschek rompeu com o
FMI e, através de novos empréstimos contraídos no exterior, voltou a acelerar
os planos destinados à expansão industrial do país, ainda que sob os riscos de
uma crescente espiral inflacionária. De setembro de 1959 a julho de 1960, Bicalho ocupou por diversas vezes, em caráter interino, o Ministério da
Fazenda.
De 1960 a 1966, foi diretor-executivo do FMI em Washington,
onde representou o Brasil, a Colômbia, o Peru, o Panamá e a República
Dominicana. Entre 1967 e 1968, Bicalho exerceu a presidência do Banco
Hipotecário e Agrícola de Minas Gerais, do Banco Mineiro da Produção, do Banco
de Crédito Real de Minas Gerais e do Banco do Estado de Minas Gerais.
Diretor da Associação Comercial de Minas Gerais, da
Associação Comercial do Rio de Janeiro, do Banco de Belo Horizonte S.A. e das
Centrais Elétricas de Furnas S.A., Bicalho atuou ainda como delegado do Brasil
a várias assembléias mundiais da Organização Internacional do Trabalho (OIT).
Foi,
também, advogado para assuntos internacionais e advogado fiscal e consultor do
estado em Belo Horizonte e, no Rio de Janeiro, professor de direito fiscal no
curso de especialização da Secretaria das Finanças e procurador da Fazenda
estadual junto ao Conselho de Contribuintes, além de membro do Conselho
Superintendente de Moeda e Crédito, do Círculo de Juristas Católicos, do
Instituto dos Advogados e da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB).
Ao deixar a vida pública, passou a dedicar-se exclusivamente
à advocacia, tornando-se consultor jurídico de firmas nacionais e estrangeiras.
Faleceu em Belo Horizonte no dia 14 de dezembro de 1999.
Era casado com Célia Roscoe Chagas Bicalho, com quem teve
cinco filhos.
Autor de diversos artigos publicados na Folha de Minas,
publicou em livro Consolidação das leis fiscais do estado de Minas
Gerais e Aulas de técnica fiscal.
Roberto
Pechman
FONTES: ANDRADE, F.
Relação; ARQ. MUSEU HIST. BANCO DO BRASIL; CONSULT. MAGALHÃES, B.;
COUTINHO, A. Brasil; Encic. Mirador; FONSECA, L. História; Globo
(21/12/99); MIN. FAZ. Ministros; MONTEIRO, F. Banco; QUADROS, J. História.