MARIANO,
Olegário
*const. 1934; dep. fed. DF 1935-1937; emb. Bras.
Portugal 1953-1955.
Olegário Mariano Carneiro da Cunha nasceu em Recife no dia 23 de março de 1889, filho de José
Mariano Carneiro da Cunha, tabelião, e de Olegária Carneiro da Cunha. Seu pai
participou da campanha pela abolição da escravatura e da campanha republicana,
tendo sido ainda deputado geral no Império (1881 e 1885) e constituinte em
1891.
Iniciou os estudos primários em Pernambuco, mudando-se em
1897 para o Rio de Janeiro, então Distrito Federal, onde completou o secundário
no Colégio Pio-Americano. Cedo começou suas atividades literárias, que viriam a
consagrá-lo como poeta, cronista, prosador e teatrólogo, escrevendo aos 13 anos
seus primeiros versos. Matriculado na Faculdade de Direito, não chegou a
cursá-la, começando a trabalhar no cartório de seu pai, onde entrou em contato
com grande número de personalidades ligadas à literatura e à política. Tornou-se
em seguida colaborador das revistas Fon-Fon, Careta e Para Todos.
Em 1911 casou-se com Maria Clara Sabóia de Albuquerque,
passando em seguida quase um ano na Europa. Ainda em 1911 publicou seu primeiro
livro de poemas: Angelus. Em 1926 recebeu o título de Príncipe dos Poetas
Brasileiros, sucedendo a Alberto de Oliveira e, em dezembro desse ano,
foi eleito para ocupar a cadeira nº 21 da Academia Brasileira de Letras, na
vaga de Mário de Alencar.
Após
a Revolução de 1930, recebeu do presidente Getúlio Vargas um cartório de
registro de imóveis, no Rio de Janeiro. Por essa época tornou-se membro do
Clube 3 de Outubro, organização criada em maio de 1931 para congregar as
correntes tenentistas dispostas a manter e aprofundar as reformas instituídas
pela Revolução de 1930. Ingressando na política, filiou-se ao Partido
Autonomista do Distrito Federal, elegendo-se em maio de 1933 deputado à
Assembléia Nacional Constituinte. Empossado em novembro desse ano, participou
dos trabalhos constituintes e, após a promulgação da nova Carta (16/7/1934),
teve o mandato estendido até maio de 1935. Reeleito deputado pelo Distrito
Federal em outubro de 1934, cumpriu o mandato até novembro de 1937, quando, com
o advento do Estado Novo, os órgãos legislativos do país foram suprimidos.
Em 1940 participou da Missão Melo Franco à Bolívia como
secretário de embaixada e, em 1945, atuou como delegado da Academia Brasileira
de Letras à Conferência Interacadêmica de Lisboa para o Acordo Ortográfico
representando ainda o governo na Convenção Ortográfica de Lisboa. Em 1953 foi
indicado para assumir o cargo de embaixador do Brasil em Portugal. A decisão do
Itamarati gerou dissensões pelo fato de não ser ele diplomata. Criou-se então
uma Comissão de Justiça que deu o parecer final favorável à sua indicação.
Exerceu a função de dezembro de 1953 a janeiro de 1955, tendo participado, em
julho de 1954, da delegação encarregada de negociar a renovação dos acordos que
regiam o intercâmbio comercial entre Brasil e Portugal.
De volta ao Rio de Janeiro, foi ainda inspetor federal do
ensino secundário e censor teatral. Cognominado o “João da avenida”, teve
participação também como letrista na música popular brasileira, destacando-se
as composições que fez com Joubert de Carvalho, que lhe musicou os poemas Tutu
Marambá e Cai, cai, balão, com Gastão Lamounier, seu parceiro nas valsas
Arrependimento e Suave recordação e no tango Reminiscência.
Era membro da Academia das Ciências de Lisboa, da qual
recebeu a Palma de Ouro.
Faleceu no Rio de Janeiro no dia 28 de novembro de 1958.
Além do livro já citado, publicou Sonetos (1912), Evangelho
da sombra e do silêncio (1913), Água corrente (1917), Últimas cigarras (1920),
Castelos na areia (1922), Cidade maravilhosa (1923), Bataclan (crônicas em
versos, 1927), Canto na minha terra (1930), Destino (1931), Coletânea de
tradutores (1932), O amor na poesia brasileira (1933), Vida, caixa de
brinquedos (crônicas em versos, 1933), O enamorado da vida (1937), Da cadeira
nº 21 (conferências e crônicas, 1935), Quando vem baixando o crepúsculo (1944),
A vida que já vivi (1945), Cantigas de encurtar caminho (1948), Tangará conta
histórias (1953), Toda uma vida de poesia (1957), Poemas de amor e de saudade,
Teatro e Poesias escolhidas.
FONTES: ARQ. CLUBE
3 DE OUTUBRO; ASSEMB. NAC. CONST. 1934. Anais; AUTUORI, L. Quarenta; BEHAR, E.
Vultos; BRINCHES, V. Dic.; CÂM. DEP. Deputados; Câm. Dep. seus componentes;
CONSULT. MAGALHÃES, B.; CORTÉS, C. Homens; Encic. Mirador; GODINHO, V.
Constituintes; Grande encic. Delta; HIRSCHOWICZ, E. Contemporâneos; MACEDO, N.
Aspectos; MAIA, S. Crônicas; MENESES, R. Dic.; MIN. REL. EXT. Anuário (1955);
MIN. REL. EXT. Quem; NEVES, F. Academia; OLIVEIRA, C. Biografias; SILVA, G.
Constituinte.