GUANAIS, Oliveiros
*pres. UNE
1960-1961.
Oliveiros Guanais de Aguiar
nasceu em Caetité (BA) no dia 19 de agosto de 1936, filho de Galdino Borges de
Aguiar, proprietário agrícola, e de Etelvina Guanais de Aguiar.
Cursou
o primário em sua cidade natal e os preparatórios em Salvador, como aluno
interno do Colégio Jesuíta Antônio Vieira. Aprovado em primeiro lugar no
vestibular para a Faculdade de Medicina da Universidade da Bahia, desde o
começo de seu curso universitário participou ativamente da política estudantil.
Quando estava no quarto ano, foi eleito presidente da União dos Estudantes da Bahia
(UEB).
Durante
sua gestão, a UEB promoveu campanha em defesa da Superintendência do
Desenvolvimento do Nordeste (Sudene), autarquia federal criada em dezembro de
1959 e que vinha sofrendo pressões dos latifundiários nordestinos, editou uma
seção intitulada “Unidade” no jornal A Tarde, de Salvador, e organizou o
I Seminário Estudantil sobre Problemas Econômicos do Nordeste. Sob o patrocínio
da União Nacional dos Estudantes (UNE), realizou o I Seminário Latino-Americano
sobre Reforma e Democratização do Ensino, encontro que reuniu em Salvador
representantes de 13 países da América Latina e do qual surgiram as bases
políticas para o lançamento do Movimento de Reforma Universitária.
O período em que Guanais permaneceu à frente da UEB foi
também caracterizado pela eclosão de vários conflitos na Universidade da Bahia,
que culminaram numa greve geral que duraria 120 dias. No decorrer da
paralisação, realizou-se em Belo Horizonte, em julho de 1960, o XXIII Congresso
da UNE, quando Guanais foi eleito presidente da entidade. Assumiu o cargo no
mês seguinte, no Rio de Janeiro — então Distrito Federal — antes do término do
seu mandato na UEB, sucedendo a João Manuel Conrado.
Logo no início do seu mandato de presidente da UNE, ainda em
agosto de 1960, a greve deflagrada na Bahia e em outros estados resultou numa
greve nacional que, embora sem alcançar seus objetivos, obteve grande
repercussão no país. Sob a liderança da UNE, os estudantes universitários
participaram de inúmeros movimentos, inclusive do protesto contra a
participação de Pedro Calmon, reitor da Universidade do Brasil, atual
Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), na comitiva do presidente da
República, Juscelino Kubitschek, em sua visita a Portugal, então sob a ditadura
salazarista, em agosto de 1960.
A
gestão de Guanais foi marcada pela luta pela reforma universitária, embora a
campanha eleitoral para a presidência da República tenha polarizado o debate
político no país e atraído as atenções dos estudantes. Nas eleições
presidenciais de outubro de 1960, o vencedor foi Jânio Quadros, que derrotou
por expressiva margem o marechal Henrique Lott, apoiado pela UNE, pela maior
parte das organizações sindicais e pelo Partido Comunista Brasileiro (PCB),
então Partido Comunista do Brasil.
Durante
a presidência de Guanais, foi criado no ano de 1961 um grupo denominado UNE
Volante, cujo objetivo era percorrer os estados para promover um movimento
nacional de cultura popular e, ao mesmo tempo, discutir os problemas ligados à
unidade da organização estudantil. Ainda em 1961, a UNE realizou em Recife o I Seminário de Estudos do Nordeste e, em Salvador, o I Seminário
Nacional de Reforma Universitária, no qual foi elaborada a Declaração da
Bahia, documento que propunha mudanças radicais para a universidade
brasileira. Naquele ano, conflitos entre alunos e a direção da Faculdade de
Direito de Pernambuco levaram Guanais a Recife para participar das negociações
entre as partes. O movimento foi encerrado após a intervenção direta do governo
do presidente Jânio Quadros, que enviou para a capital pernambucana aviões a
jato para intimidar os manifestantes e tanques para reprimir passeatas.
Em julho de 1961, ao terminar seu mandato, Guanais passou a
presidência da UNE a Aldo Arantes. De volta à Bahia, concluiu o curso de
medicina, especializando-se em anestesiologia. Desenvolveu intensa atuação nos órgãos de representação de sua especialidade,
sobretudo na Sociedade Brasileira de Anestesiologia, de cuja seção regional do
estado da Bahia foi presidente em 1968 e 1969, diretor científico de 1976 a 1977 e presidente da comissão de estatutos, regulamentos e regimentos, de 1979 a 1980. Tornou-se membro do conselho editorial da Revista Brasileira de Anestesiologia.
FONTES: CURRIC. BIOG.;
POERNER, A. Poder.