OURO
PRETO, Carlos Celso de
*diplomata; emb. Bras. Chile 1946-1950; emb. Bras.
França 1950-1953.
Carlos Celso de Ouro Preto nasceu
no Rio de Janeiro, então Distrito Federal, no dia 14 de outubro de 1891, filho
de Afonso Celso de Assis Figueiredo, visconde de Ouro Preto. Seu pai,
magistrado e político, ocupou durante o Império os cargos de ministro da
Marinha em 1865, ministro da Fazenda em 1879 e 1889, e ainda em 1889 foi o
último presidente do Conselho de Ministros do imperador Pedro II.
Bacharelou-se
em ciências jurídicas e sociais pela Faculdade de Direito do Rio de Janeiro,
ingressando na carreira diplomática em maio de 1913 como terceiro-secretário.
Promovido a segundo-secretário, exerceu funções administrativas, no Ministério
das Relações Exteriores até 1916, quando foi designado segundo-secretário de
embaixada em Berlim, na Alemanha, durante a Primeira Guerra Mundial
(1914-1918). Permaneceu nessa função de setembro desse ano até junho de 1917,
sendo então transferido em caráter provisório para a embaixada brasileira em
Londres, de onde foi removido em agosto para Berna, na Suíça, ali assumindo no
mesmo mês o cargo de segundo-secretário. Em outubro de 1917 o Brasil declarou
guerra à Alemanha, rompendo relações diplomáticas com este país e com o Império
Austro-Húngaro e a Turquia, seus aliados no conflito internacional. Carlos
Celso de Ouro Preto permaneceu em Berna até julho de 1918, quando retornou à embaixada
em Londres, ali permanecendo até janeiro de 1919.
Após o armistício, foi nomeado para servir na Conferência de
Paz, reunida em Versalhes, na França, para estabelecer as condições de rendição
incondicional da Alemanha e as sanções contra este país, acusado de iniciador
da guerra. Participou da conferência como secretário da delegação brasileira de
janeiro a agosto de 1919, sendo em seguida removido para Paris, onde permaneceu
até março de 1920. Transferido para Bruxelas, na Bélgica, lá chegando no dia 17
do mesmo mês, recebeu ordens para retornar a Paris, onde assumiu suas funções
no dia 19 seguinte. Em janeiro de 1926 foi promovido a primeiro-secretário e em
agosto do mesmo ano deixou a capital francesa.
Removido para Santiago, no Chile, assumiu seu posto em
setembro de 1926, tendo exercido a função de encarregado de negócios naquela
cidade de novembro seguinte até janeiro de 1927. Regressando ao Brasil, passou
a servir no Ministério das Relações Exteriores como oficial-de-gabinete do
ministro Otávio Mangabeira de fevereiro de 1927 até outubro de 1930. Em
fevereiro de 1931 assumiu o posto de primeiro-secretário da embaixada do Brasil
em Viena, na Áustria, para a qual fora designado em caráter provisório, sendo
confirmado no mesmo em março. Em janeiro de 1934 passou a conselheiro de
embaixada e de abril a maio seguinte exerceu a função de encarregado de
negócios.
Designado
para a embaixada brasileira junto à Santa Sé, lá permaneceu de maio a novembro
de 1934, tendo atuado como encarregado de negócios durante o mês de junho.
Transferido novamente para Santiago, assumiu em dezembro de 1934 as funções de
encarregado de negócios, tendo chefiado a representação brasileira naquele país
por três vezes: de abril a agosto de 1935, de dezembro seguinte a janeiro de 1936
e de junho a julho deste último ano. Em agosto de 1936 foi promovido a ministro
de segunda classe, deixando Santiago em novembro do mesmo ano, quando foi
removido para a Secretaria do Itamarati, no Rio de Janeiro, e nomeado
secretário-geral da delegação do Brasil à Conferência Interamericana de
Consolidação da Paz.
Em janeiro de 1937 assumiu interinamente a chefia dos
serviços políticos e diplomáticos do Itamarati, sendo designado em fevereiro
presidente da comissão encarregada de examinar o regulamento de passaportes e
propor modificações. Ainda em 1937 presidiu a comissão incumbida de receber a
Missão Econômica Holandesa que visitou o Brasil em março. Em maio seguinte foi
designado para assumir o expediente da secretaria do ministério nos impedimentos
do titular, e a partir de novembro tornou-se membro da Comissão de Eficiência
do Itamarati.
Em
abril de 1938 foi designado membro da comissão encarregada de proceder ao
estudo das principais teses da agenda da Conferência Pan-Americana. Em novembro
do mesmo ano assumiu em caráter interino as funções de secretário-geral do
ministério com a saída de Ciro de Freitas Vale, durante a gestão de Osvaldo
Aranha. Ainda em dezembro de 1938 foi promovido a ministro de primeira classe,
tendo permanecido como secretário-geral interino até janeiro de 1939, quando
transmitiu o cargo a Maurício Nabuco. Permaneceu a serviço do ministério no Rio
de Janeiro até março de 1939, assumindo em abril seguinte as funções de
embaixador do Brasil em Bucareste, na Romênia. Pouco depois, em setembro de
1939, a Alemanha invadiu a Polônia, dando início à Segunda Guerra Mundial
(1939-1945). Ouro Preto permaneceu na embaixada em Bucareste até março de 1942,
seguindo depois para Ancara, na Turquia, a fim de assumir no mês seguinte as
funções de embaixador do Brasil naquele país. Ali permaneceu até março de 1945,
regressando em seguida ao Brasil, onde, em junho, passou a servir na Secretaria
do Ministério das Relações Exteriores. Ainda em agosto de 1945 foi designado
para integrar a Comissão de Planejamento Econômico ligada à Presidência da
República.
Nomeado
embaixador do Brasil em Santiago, em substituição a José de Paula Rodrigues
Alves, assumiu o cargo em março de 1946, tendo sido em junho de 1948
delegado-chefe da representação brasileira à I Reunião da Comissão Econômica
para a América Latina (CEPAL), realizada na capital chilena. Permaneceu como
embaixador no Chile até janeiro de 1950, quando foi substituído por Artur
Guimarães de Araújo Jorge. Designado embaixador do Brasil em Paris, exerceu
suas funções de abril de 1950 a 4 de abril de 1953, quando faleceu.
Foi casado com Maria Lúcia de Ouro Preto, com quem teve três
filhos e uma filha. Seus três filhos, Carlos Silvestre, Gil Roberto Fernando e
Afonso Celso de Ouro Preto seguiram também a carreira diplomática, tendo o
primeiro chefiado a representação do Brasil na Alemanha de 1962 a 1966, em
Portugal de 1966 a 1968, na Venezuela de 1970 a 1972, e na Suíça de 1972 a
1977.
FONTES: CURRIC.
BIOG.; GUIMARÃES, A. Dic.; MIN. REL. EXT. Anuário (1953).