PEDROSSIAN, Pedro
*gov. MT 1966-1971; sen. MS 1979-1980;
gov. MS 1980-1983; gov. MS 1991-1994
Pedro Pedrossian
nasceu em Miranda, então Mato Grosso, em 13 de agosto de 1928, filho de João
Pedro Pedrossian e de Rosa Mardini Pedrossian, ambos de origem armênia.
Fez os estudos secundários em Mato Grosso e
ingressou na Universidade Mackenzie, na cidade de São Paulo, formando-se em
engenharia civil. Em seguida, tornou-se engenheiro residente da Estrada de
Ferro Noroeste do Brasil em Três Lagoas (MS). Passou a chefe de divisão da
ferrovia em Campo Grande, então em Mato Grosso e atual capital de Mato Grosso
do Sul. Foi assessor do presidente da Rede Ferroviária Federal, no Rio de
Janeiro, e diretor superintendente da Estrada de Ferro Noroeste do Brasil em
Bauru (SP), de 1961 a 1964.
Em outubro de 1965 foi eleito governador
pela coligação do Partido Social Democrático (PSD) e do Partido Trabalhista
Brasileiro (PTB). Tomou posse em 31 de janeiro de 1966 sucedendo a Fernando
Correia da Costa. Foi o candidato a governador mais votado em toda a história
de Mato Grosso, com 109.905 votos.
Após a extinção dos partidos pelo Ato
Institucional nº 2 (27/10/1965) e a posterior instauração do bipartidarismo,
ingressou na Aliança Renovadora Nacional (Arena), partido de apoio ao regime
militar instalado em abril de 1964. Em agosto de 1967, foi apresentado pelo
deputado estadual Júlio Castro Pinto, também da Arena, um projeto pedindo à
Assembléia Legislativa a decretação do seu impedimento, sob a alegação de que
recebia o apoio sistemático da oposição. Conseguiu entretanto superar a crise,
mantendo-se no cargo.
Em seu governo, desdobrou as secretarias,
redividindo-as em Interior e Justiça, Fazenda, Agricultura, Segurança,
Indústria e Comércio, Saúde, Educação e Cultura, Governo e Coordenação
Econômica e Viação e Obras Públicas. Promoveu a construção da ponte Júlio
Müller, sobre o rio Cuiabá, na capital, e da estação para abastecimento de água
e serviço de captação; ampliou a produção de energia elétrica; levou à frente a
construção da usina hidrelétrica nº 3, do rio Casca; construiu o palácio do
Poder Legislativo; aparelhou os hospitais dos Tuberculosos e Adauto Botelho;
concluiu a maternidade do Hospital Geral de Cuiabá; criou uma escola de
recuperação de crianças excepcionais e fundou duas universidades, a Federal de
Mato Grosso, em Cuiabá, e a Estadual de Mato Grosso, em Campo Grande.
Em 15 de março de 1971, findo o mandato, passou o governo
ao arenista José Fragelli, eleito pela Assembléia Legislativa em outubro do ano
anterior.
Em outubro de 1977 foi sancionada a lei que dividiu em
dois o estado de Mato Grosso. Surgiria assim, a partir de janeiro de 1979, o
estado de Mato Grosso do Sul, tendo Campo Grande como capital e um governador
nomeado. O antigo estado de Mato Grosso permaneceria com Cuiabá como capital.
No início de 1978 a Arena viu-se dividida, na região que iria constituir o
futuro estado de Mato Grosso do Sul, em duas grandes correntes: a ortodoxa
(formada por antigos udenistas e pessedistas), que se denominava “ala democrática”,
e a “independente”, que agrupava os seguidores de Pedrossian. Muitos políticos
da “ala democrática”, supondo já muito provável a eleição de Pedrossian para o
governo do novo estado, tentavam impedir essa indicação. As divergências entre
as facções arenistas levaram o ex-governador ao palácio do Planalto em
fevereiro desse ano para entregar ao presidente da República um documento em
que se defendia das acusações que lhe eram feitas pelo governador Garcia Neto,
pelo ex-governador José Fragelli e pelo senador Mendes Canale. Essas acusações
caracterizavam sua administração como um período de irregularidades
administrativas, com apropriação de terras públicas e importações de materiais
que não chegavam a ser utilizados, e afirmavam ainda que fora demitido da
Estrada de Ferro Noroeste do Brasil, em 1967, por corrupção. Em fins de março,
Pedrossian entregou ao presidente Ernesto Geisel (1974-1979) outro documento,
em que renunciava à candidatura ao governo do estado. Em entrevista ao Jornal
do Brasil (13/3/1978), declarou que sua candidatura ao Senado, em eleição
direta, em vez de ao governo, por via indireta, seria uma forma de se submeter
ao julgamento popular.
Em 15 de novembro de 1978 foi eleito com
107.519 votos. Assumindo o mandato em fevereiro de 1979, fez parte das
comissões de Agricultura, de Educação e Cultura, de Relações Exteriores, de
Serviço Público Civil e Transportes e de Comunicação e Obras Públicas. Com a
extinção do bipartidarismo, em 29 de novembro de 1979, e a conseqüente
reformulação partidária, filiou-se ao novo partido governista, o Partido
Democrático Social (PDS).
Com a nomeação de Harry Amorim para o
governo do estado, Pedrossian, com os senadores Saldanha Derzi e Mendes Canale,
acusou-o de ter cometido erros administrativos, entre eles a importação de
tecnocratas de outros estados, aos quais ofereceu mordomias e salários
principescos. Em junho de 1979, entregou pessoalmente um documento ao
presidente João Figueiredo (1979-1985) em que acusavam formalmente o governador
de instaurar um política de concessão de favores e barganhas e, inclusive, de
distribuir recursos do estado a prefeitos e deputados da Arena visando a minar
as bases políticas das tradicionais lideranças e criar o seu próprio grupo, com
a ajuda de Levi Dias, deputado federal e ex-prefeito de Campo Grande. O
signatário solicitava para a solução do impasse político instaurado no estado a
nomeação do então prefeito de Campo Grande, Marcelo Miranda, para o governo de
Mato Grosso do Sul, o que foi feito.
Em outubro de 1980, Marcelo Miranda foi exonerado por
motivos político-eleitorais e Pedrossian foi indicado por Figueiredo para
ocupar o cargo. A indicação ocasionou uma dissidência no PDS, tendo como um dos
líderes o suplente da vaga, José Fragelli, e provocou uma manobra por parte do
ministro da Justiça, Ibrahim Abi-Ackel, na qual o Senado concederia uma licença
ao parlamentar, evitando a sua renúncia e, conseqüentemente, a perda do mandato
e a posse de Fragelli. Contudo, Pedrossian não teve outra saída senão a
renúncia. Assumiu o governo em 6 de novembro de 1980, após seu nome ter sido
aprovado pelo Senado por maioria simples, com 33 votos a favor, 24 contra e
duas abstenções. Ainda nesse mesmo mês, no dia 17, perdeu a maioria na
Assembléia Legislativa, em razão de terem seu presidente, deputado Londres
Machado, e os deputados Ari Rigo e Getúlio Gideão abandonado o PDS.
Em agosto de 1981 acusou os parlamentares de
seu estado que haviam passado para a oposição de procurar indispô-lo com o
governo federal, com a acusação de que estaria sofrendo de insanidade mental.
Nessa ocasião, estava de fato internado num clínica, segundo seus assessores,
para se submeter a um tratamento da coluna. Seus opositores, no entanto, diziam
tratar-se de uma clínica psiquiátrica.
Em abril de 1982, demitiu o prefeito de Campo Grande, Levi
Dias, medida que gerou protestos e agravou a crise no PDS. O declínio de seu
prestígio refletiu-se em novembro de 1982, quando o candidato do PDS ao
governo, José Elias Moreira, foi derrotado por Wilson Martins, do Partido do
Movimento Democrático Brasileiro (PMDB).
Em 1986 deixou o PDS e filiou-se ao Partido
Trabalhista Brasileiro (PTB), assumindo a liderança do partido no estado. Em
novembro desse ano, disputou uma das duas vagas ao Senado. Embora tenha sido o
segundo mais votado, devido às regras da sublegenda, que privilegiavam os
candidatos mais votados das sublegendas que obtivessem maior número de votos,
foi derrotado por Wilson Martins e Saldanha Derzi, lançados pela Aliança
Democrática, integrada por PMDB, Partido da Frente Liberal (PFL), Partido
Comunista Brasileiro (PCB) e Partido Democrático Trabalhista (PDT).
Aliado político de Fernando Collor,
empossado na presidência em março de 1990, candidatou-se ao governo em outubro
daquele ano. Eleito, assumiu seu terceiro mandato como governador em 15 de
março de 1991, sucedendo a Marcelo Miranda (1987-1991). No discurso de posse,
após destacar o estado falimentar que se encontrava Mato Grosso do Sul, com os
servidores em greve e uma dívida que ultrapassava um bilhão de dólares,
anunciou o corte de 25% dos cargos em comissão e extinguiu as secretarias de
Cultura e de Assuntos Fundiários. Ao mesmo tempo, porém, criou pastas para as
áreas de habitação e comunicação. Além disso, suspendeu todos os pagamentos de
dívidas do governo anterior e, visando a pôr um ponto final na greve dos
servidores, deu prioridade ao pagamento dos salários atrasados. Ainda durante a
campanha, havia prometido regularizar o pagamento dos servidores, atrasados
quatro meses até maio de 1991. Em abril, recorrendo a empréstimos bancários,
regularizou o pagamento dos servidores.
Em maio de 1992, Pedro Collor, irmão de Fernando, fez
denúncias que envolviam o presidente em casos de corrupção promovidos pelo
tesoureiro da sua campanha eleitoral, Paulo César Farias. Pedrossian, a
princípio, assumiu uma posição cautelosa, recusando-se a comentar o teor das
acusações e o pedido de impeachment. Em agosto desse ano, porém, após a
divulgação do relatório da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) instituída para
investigar as atividades de Paulo César Farias, e quando crescia o movimento
popular pró-impeachment de Collor, embora não tenha ficado abertamente a favor
da abertura do processo, liberou a bancada para que votasse de acordo com sua
consciência. Em 29 de setembro o pedido para abertura do processo de
impedimento foi votado e aprovado pela Câmara. Afastado da presidência logo
após a votação, Collor renunciou em 29 de dezembro de 1992, pouco antes da
conclusão do processo pelo Senado, que decidiu pelo impedimento. Foi efetivado
o vice Itamar Franco, que vinha exercendo o cargo interinamente desde a decisão
da Câmara.
Em março de 1994 Pedrossian foi considerado pelas
pesquisas de opinião um dos governadores com maiores índices de aprovação. Com
esse respaldo, nas articulações para definição da coligação que apoiaria o
candidato a presidente Fernando Henrique Cardoso, combateu a aliança entre o
Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB) e o PMDB regional, que
sustentava a candidatura de Wilson Martins ao governo. No decorrer das
articulações, deixou claro a Fernando Henrique que só o apoiaria caso ele mesmo
indicasse o candidato à sua sucessão. Fernando Henrique decidiu manter o apoio
de Pedrossian, resolução que provocou uma divisão no PSDB regional. Pedrossian
acabou abstendo-se de lançar um nome à sua sucessão. Passou o governo em 1º de
janeiro de 1995 para o candidato eleito, o peemedebista Wilson Martins.
Em 1998, disputou pela terceira vez o
governo à frente de uma coligação do PTB com o PFL. Apontado pelas pesquisas de
opinião, nos meses que antecederam o pleito, como franco favorito, acabou em
terceiro, ultrapassado pelo candidato do PSDB, Ricardo Bacha, e pelo candidato
do Partido dos Trabalhadores (PT), José Orcino Miranda dos Santos, o Zeca do PT.
No segundo turno, apoiou o candidato petista, que foi eleito.
Voltou às urnas em outubro de 2002,
disputando uma das duas vagas em disputa no Senado. Concorrendo na legenda do
Partido Social Trabalhista (PST), foi derrotado por Ramez Tebet, do PMDB, e Delcídio
Gomes, do PT. Posteriormente, filiou-se ao Partido Republicano Brasileiro
(PRB), agremiação ligada à Igreja Universal do Reino de Deus.
Em maio de 2006 lançou o livro de
memórias Pedro Pedrossian – O pescador de sonhos, publicado pelo Instituto
Histórico e Geográfico de Mato Grosso do Sul.
Em março de 2009, filiou-se ao Partido da
Mobilização Nacional (PMN).
Recebeu título de doutor honoris causa da
UFMT, em 2010.
Casou-se com Maria Aparecida Pedrossian,
com quem teve cinco filhos. Um deles, Pedro Pedrossian Filho, foi deputado
federal na legislatura 1999-2003.
FONTES: CÂM. DEP. Internet;
CORRESP. GOV. EST. MT; Estado de S. Paulo; Folha de S. Paulo; Globo ; Grande
encic. Delta; INF. FAM. PEDRO PEDROSSIAN FILHO; Jornal do Brasil; MENDONÇA, R.
Dic.; MENDONÇA, R. História; NÉRI, S. 16; Perfil (1980); Perfil
parlamentar/IstoÉ; Veja; Portal da Universidade Federal do Mato Grosso.
Disponível em <http://www.ufmt.br>.
Acesso em 02/09/2013.