CANTANHEDE,
Plínio
*pref. DF 1964-1967.
Plínio Reis de Cantanhede Almeida nasceu no Rio de Janeiro,
então Distrito Federal, no dia 27 de julho de 1910, filho de Luís de
Cantanhede Almeida e de Arminda Reis de Cantanhede Almeida.
Formou-se em engenharia em 1931.
Em 1932 iniciou sua vida pública como atuário do antigo
Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio. Em meados de 1936 presidiu a
Caixa de Aposentadoria e Pensões dos Estivadores e, em 3 de janeiro de 1938, no
início do Estado Novo (1937-1945), foi designado, pelo presidente Getúlio
Vargas, presidente do Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Industriários
(IAPI), cargo que exerceu até agosto de 1945. Paralelamente a sua gestão nesse
órgão, presidiu interinamente o Instituto de Aposentadoria e Pensões dos
Comerciários (IAPC) de 1943 a 1944. Após a deposição de Vargas em outubro de
1945, Plínio Cantanhede passou a ocupar, em novembro, já no governo de José
Linhares (1945-1946), a chefia do gabinete do ministro do Trabalho, Indústria e
Comércio, Roberto Carneiro de Mendonça, permanecendo no cargo até a posse do
presidente Eurico Gaspar Dutra (1946-1951), em 31 de janeiro de 1946.
Afastado de cargos públicos durante o governo Dutra, fundou o
Jornal de Debates, cujo primeiro número circulou em 28 de junho de 1946, ao
lado de João Augusto de Matos Pimenta e de Mário de Brito. Pretendendo ser uma
tribuna livre que refletisse o conflito de idéias acerca das principais
questões nacionais, o jornal era abertamente simpático às causas nacionalistas
e à política trabalhista, além de publicar matérias polêmicas que eram fontes
inesgotáveis de choques de opiniões. Plínio Cantanhede foi um dos diretores do
Jornal de Debates até o início da década de 1950 e, seguindo a sua linha
editorial, aderiu à campanha do petróleo, então em efervescência, redigindo
artigos que defendiam duas opções para sua exploração no Brasil: através do
monopólio total do Estado ou mediante a criação de uma sociedade de economia
mista, controlada majoritariamente pelo Estado. Cantanhede sustentava que a
participação de capitais estrangeiros não seria necessária, por ser altamente
lucrativa a extração petrolífera, o que a tornava praticamente autofinanciável
pouco depois de instalada. Além disso, argumentava que o Estado brasileiro
poderia arcar com grande parte do investimento, na medida em que avalizava um
vultoso empréstimo para a empresa Brazilian Traction, Light & Power na
ocasião.
Com a volta de Getúlio Vargas à presidência da República em
1951, Plínio Cantanhede foi designado, em agosto do mesmo ano, presidente do
Conselho Nacional do Petróleo (CNP), órgão criado por Vargas durante o Estado
Novo para pesquisar questões relativas ao petróleo. Como presidente do CNP,
defendeu desde o início o projeto de criação da Petrobras, sustentando também a
instituição do monopólio estatal do petróleo. Em sua gestão, integrou ainda as
comissões de construção das refinarias de Mataripe (BA) e de Cubatão (SP). Ao
deixar o CNP em fevereiro de 1955, já no governo de João Café Filho (1954-1955)
passou a integrar a diretoria da refinaria de Capuava (SP), sendo nomeado, em
abril, chefe do Departamento de Controle de Aplicações do Banco Nacional de
Desenvolvimento, cargo que deixou em dezembro de 1956.
Durante o regime parlamentarista que se seguiu à renúncia do
presidente Jânio Quadros (1961) e possibilitou a posse de João Goulart, Plínio
de Cantanhede foi subsecretário do ministro da Viação e Obras Públicas, Hélio
de Almeida, cargo que ocupou até janeiro de 1963, quando foi realizado o
plebiscito que restaurou o presidencialismo e restituiu todos os poderes ao
presidente João Goulart (1961-1964). Ainda no governo Goulart, foi
superintendente da administração do porto do Rio de Janeiro e diretor da
Companhia Siderúrgica Paulista (Cosipa), entre setembro de 1963 e maio de 1964.
Também no início da década de 1960, em 1962, tornou-se presidente
do Instituto Brasileiro do Petróleo, cargo que ocuparia até 1984.
Após
o movimento político-militar de 31 de março de 1964 que depôs João Goulart,
Cantanhede foi nomeado prefeito de Brasília, no dia 13 de maio, pelo presidente
Humberto de Alencar Castelo Branco (1964-1967), sucedendo ao tenente-coronel
Ivan de Sousa Mendes. Deixou o cargo em 15 de março de 1967, data em que Castelo Branco transmitiu a presidência da República ao marechal Artur da Costa e Silva.
Foi substituído por Wadjó da Costa Gomide.
No
governo do presidente Ernesto Geisel (1974-1979) assumiu a presidência da
Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) preocupando-se em ampliar a produtividade
da empresa. Nesse sentido, mostrou-se favorável à construção da Usina
Siderúrgica de Tubarão, no Espírito Santo, cuja produção, além de permitir que
a CSN atendesse à crescente demanda do mercado interno, abriria uma corrente de
exportações para os mercados japonês e italiano. Em 1977 declarou-se contrário
ao restabelecimento da liberdade sindical por considerar que havia um bom nível
de entendimento entre a CSN e os sindicatos — notadamente o dos metalúrgicos —
de Volta Redonda (RJ), onde estava sediada a empresa. Em março de 1979 deixou a
CSN e, em setembro, foi eleito presidente do Clube de Engenharia do Rio de
Janeiro, onde manifestou intenção de levar a entidade a participar da “vida
econômica, política e social do país”. Ocupou esse cargo até 1982, passando
depois a membro vitalício do conselho diretor da entidade.
Tornou-se ainda membro do conselho técnico da Confederação
Nacional do Comércio.
Ocupava a presidência do conselho de administração do
Instituto Brasileiro do Petróleo, quando faleceu na cidade do Rio de Janeiro em
4 de fevereiro de 1986.
Era casado com Zilda Morais Rego Cantanhede, com quem teve
dois filhos.
Publicou Alguns aspectos da previdência social: o problema
da aplicação das reservas (1946).
FONTES: COHN, G. Petróleo;
CONF. NAC. COMÉRCIO, 20; Correio Brasiliense (5/11/69); CORRESP.
CONF. NAC. COMÉRCIO; CORRESP. GOV. DF; ENTREV. BIOG.; Globo (6 e
20/2/86); Jornal do Brasil (9 e 30/5/75, 11 e 28/8/77 e 13/9/79, e
5/2/86); LIMA, M. Petróleo; Veja (20/2/86).