RAMOS,
Celso
*gov. SC 1961-1966; sen. SC 1967-1975.
Celso Ramos nasceu
em Lajes (SC) no dia 18 de dezembro de 1897, filho de Vidal José de Oliveira
Ramos e de Teresa Fiúza Ramos. Sua família, proprietária de grandes extensões
de terra no planalto catarinense, constituiu com a família Konder-Bornhausen —
também de Santa Catarina — uma das poucas oligarquias que acompanharam todos os
movimentos políticos mais importantes do século XX sem ceder à primazia da
política estadual. Os Ramos cultivaram sempre, na vida política, uma rivalidade
com os Konder. Seu pai foi deputado provincial no Império e, depois da
proclamação da República, ocupou uma cadeira na Assembléia Legislativa, durante
várias legislaturas. Exerceu por duas vezes o governo de Santa Catarina (de 1902 a 1905 e de 1910 a 1914), foi deputado federal e senador. Seu irmão, Nereu Ramos, foi deputado
federal, governador e interventor em Santa Catarina de 1935 a 1945 e senador por esse estado até 1951. Entre 1946 e 1951 foi vice-presidente da República e em
1955-1956 exerceu a presidência da República. Outro irmão, Joaquim Ramos, foi
deputado federal por Santa Catarina de 1947 a 1971. Três primos seus também se destacaram na política catarinense: Saulo Ramos cumpriu um mandato na Câmara
Federal de 1951 a 1955 e foi eleito senador para o período de 1955 a 1963; Aristiliano Ramos foi interventor no estado entre 1933 e 1935, e Cândido de Oliveira
Ramos, interventor em 1932, foi também senador em 1935 e deputado federal entre
1935 e 1937.
Celso Ramos fez o curso primário no Colégio São José, em
Lajes, e o secundário no Colégio Catarinense, em Florianópolis. Iniciou o curso de engenharia de minas na cidade de Ouro Preto (MG),
abandonando-o por razões de saúde. Voltando a residir em Lajes, passou a se
dedicar à pecuária.
Em
fins de 1938, transferiu-se de Lajes para Florianópolis, onde passou a
trabalhar na indústria e no comércio, sendo nomeado agente da Companhia de
Navegação Costeira, cargo em que se aposentaria mais tarde. Fundou a Companhia
Florestal de Santa Catarina, uma das maiores firmas madeireiras do estado, e a
C. Ramos Indústria e Comércio, além do Sindicato da Indústria de Extração de
Madeiras de Santa Catarina, órgão que congregava grande parte dos produtores de
madeira do estado e do qual foi presidente por vários anos. Conhecedor dos
problemas da classe industrial, foi, em 1950, fundador e primeiro presidente da
Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina (FIESC), sendo reeleito
por três períodos consecutivos. Como presidente da FIESC, foi presidente do
conselho regional e diretor do Serviço Social da Indústria (Sesi), considerado
o maior órgão de assistência social de Santa Catarina. Dividido em vários
núcleos regionais, o Sesi dava, entre outras, assistência médica, alimentar e
jurídica. Nesse período criou ainda a Fundação Vidal Ramos, mantenedora da
Faculdade de Serviço Social. Em 1954, organizou em Santa Catarina o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), presidindo seu conselho
regional e atuando também como representante de seu estado na Confederação
Nacional da Indústria (CNI). Construiu ainda as escolas do Senai em Joinville,
Blumenau, Siderópolis e Lajes, no interior catarinense, e em Florianópolis.
Nas
eleições de 3 de outubro de 1958, candidatou-se a senador por Santa Catarina,
na legenda do Partido Social Democrático (PSD), sendo derrotado, com 190.993
votos, pelo candidato da União Democrática Nacional (UDN), Irineu Bornhausen,
ligado à família Konder, que obteve 216.700 votos. Em 1960 idealizou e
dirigiu o I Seminário Socioeconômico de Santa Catarina, patrocinado pela FIESC
e sob os auspícios da CNI. Nesse mesmo ano, deixou a presidência da federação
para se dedicar à política.
No governo de Santa Catarina
Em
3 de outubro de 1960, elegeu-se governador de Santa Catarina, na legenda da
coligação do PSD com o Partido Democrata Cristão (PDC), derrotando Irineu
Bornhausen, candidato da UDN, com uma margem de 20 mil votos. Tomou posse em 31
de janeiro de 1961 e, em 24 de março, realizou-se em Florianópolis a primeira
reunião de governadores, convocada pelo presidente Jânio Quadros (1961), com a
participação dos governadores do Rio Grande do Sul, Leonel Brizola, e do
Paraná, Ney Braga. Esses encontros foram a providência tomada por Jânio para
compensar a situação minoritária do governo federal e os contínuos desacordos
com o Congresso. Com relação a Santa Catarina, o presidente deu condições para
a criação do Banco de Desenvolvimento de Santa Catarina (que ocorreria ainda
durante o mandato de Celso Ramos), para o estabelecimento da universidade do
estado e para a ampliação do crédito agrícola. Concedeu também ajuda financeira
para a elevação da quantidade de energia elétrica produzida no estado e
facilidades para a criação de hospitais.
No
seu governo, Celso Ramos deu prioridade aos setores da agropecuária, da
educação e da saúde. Em dezembro de 1962, reformou a Secretaria da Agricultura
para ampliar o mercado de trabalho dos profissionais de nível universitário,
ativou a assistência especializada à pecuária leiteira, transformou a Diretoria
de Terras e Colonização em Instituto de Reforma Agrária de Santa Catarina
(IRASC) e criou o Departamento de Caça e Pesca na Secretaria da Agricultura.
Fundou ainda a Universidade para o Desenvolvimento de Santa Catarina (Udesc), a
Escola Superior de Administração e Gerência e a Faculdade de Educação. No setor
da saúde, criou o Departamento de Engenharia Sanitária e construiu e equipou o
Hospital dos Servidores Públicos, que depois passaria a se chamar Hospital
Celso Ramos.
Também
durante sua gestão, foram construídas as rodovias SC-21, ligando Porto União a
São Francisco do Sul, e SC-22, ligando Itajaí a Curitibanos. Reorganizou a
Secretaria do Trabalho, à qual foi atribuída a execução da política
habitacional, e criou o Instituto de Previdência do Estado de Santa Catarina
(IPESC), além de estabelecer um Plano de Metas do Governo (Plameg). Foi ainda
responsável pela criação do Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul
(BRDES) e do Conselho de Desenvolvimento do Extremo Sul (Codesul) — juntamente
com os governadores do Paraná e do Rio Grande do Sul —, pela criação da
Secretaria de Negócios do Oeste — com sede em Chapecó (SC) — e do Fundo de
Desenvolvimento do Estado de Santa Catarina (Fundesc).
Em
1964, apoiou o movimento político-militar de 31 de março que depôs o presidente
João Goulart (1961-1964) e, no ano seguinte, deu seu apoio à candidatura ao
governo do estado do pessedista Ivo Silveira, que foi eleito, derrotando
Antônio Carlos Konder Reis, candidato da UDN apoiado por Irineu Bornhausen. Uma
dissidência dentro da UDN, comandada por Nílson Bender, também contribuiu para
a derrota do partido em Santa Catarina, pela segunda vez consecutiva. Com a
extinção dos partidos políticos pelo Ato Institucional nº 2 (AI-2), em 27 de
outubro de 1965, e a posterior instauração do bipartidarismo, filiou-se à
Aliança Renovadora Nacional (Arena), agremiação de apoio ao governo federal,
onde se congregavam tanto udenistas quanto pessedistas catarinenses. Em 31 de
janeiro de 1966, deixou o governo do estado, passando-o ao seu sucessor Ivo
Silveira, e voltou à presidência da FIESC.
No
pleito de 15 de novembro de 1966, elegeu-se senador por Santa Catarina, na
legenda da Arena, com um total de 380.245 votos, derrotando o candidato do
Movimento Democrático Brasileiro (MDB), Rodrigo Lobo. Assumiu o mandato em
fevereiro de 1967, tornando-se presidente da Comissão de Transportes,
Comunicações e Obras Públicas e membro das comissões de Finanças e de Serviço
Público. Deixou o Senado no final do mandato, em janeiro de 1975, e voltou a se
dedicar à pecuária, no interior da ilha de Santa Catarina, em Florianópolis,
sem, contudo, abandonar a política.
Com
o extinção do bipartidarismo em novembro de 1979 e a conseqüente reorganização
partidária, filiou-se ao Partido Democrático Social (PDS), de apoio ao governo.
Permaneceu nos quadros do partido até agosto de 1984 quando, por ocasião da
campanha às eleições presidenciais indiretas marcadas para outubro daquele ano,
decidiu apoiar a candidatura de Tancredo Neves, em detrimento do nome de Paulo
Maluf, candidato do PDS. Assim como os demais pedessistas que apoiaram o
candidato das oposições, aderiu à Frente Liberal, que posteriormente
organizou-se em torno de uma nova agremiação política, o Partido da Frente
Liberal (PFL), ao qual filiou-se em 1985.
Faleceu em Florianópolis, no dia 6 de julho de 1996.
Era casado com Edite Gama Ramos, com quem teve seis filhos.
FONTES: BENEVIDES,
M. Governo Kubitschek; CABRAL, O. Breve; CABRAL, O. Era;
CABRAL, O. História; CÂM. DEP. Anais; CÂM. DEP.
Deputados; CÂM. DEP. Súmulas; CONF. NAC. IND.; Diário do
Congresso Nacional; Encic. Mirador; Grande encic. Delta; JAMUNDÁ, T.
Catarinenses; Jornal do Brasil (16/10/66); Perfil (1972);
RICHARD NETO, G. Homens; SENADO. Dados (11); SENADO. Dados
biográficos; SENADO. Endereços; SENADO. Relação; SOC. BRAS.
EXPANSÃO COMERCIAL. Quem; VÍTOR, M. Cinco.