REICHSTUL,
Henri Phillipe
*pres.
Petrobras 1999-2001.
Henri Phillipe Reichstul nasceu em Paris no dia 12 de abril de 1949, mas
naturalizado brasileiro, filho de Selman Reichstul e Ethel Reichstul.
Foi militante da Vanguarda Popular Revolucionária (VPR), junto
com sua irmã Pauline Phillipe Reichstul, tendo sido preso e torturado em maio
de 1970, mas logo solto. Já Pauline foi presa em 1973, assassinada sob tortura,
no Massacre da Chácara São Bento, no município de Paulista, em Pernambuco.
Em 1971, graduou-se em economia na Faculdade de Economia e
Administração da Universidade de São Paulo (FEA-USP).
Transferindo-se para a Inglaterra e obteve o título de Mestrado
e Doutorado na Hertford College na Universidade de Oxford, em Oxford. Ainda na Inglaterra, trabalhou durante três anos (1976-1979) no Instituto Brasileiro
do Café, em Londres.
Reichstul voltou ao Brasil em 1979 tornou-se então pesquisador
da Fundação de Pesquisas Econômicas (FIPE) da USP, em que permaneceria até 1983.
E Professor da FEA-USP, no período de 1981 a 1989.
Paralelamente à vida acadêmica, em 1982, quando Franco
Montoro foi eleito governador de São Paulo, e João Sayad foi nomeado secretário
de Fazenda, Reichstul assumiu a coordenadoria da Coordenação
das Entidades Descentralizadas da Secretaria de Estado dos Negócios da Fazenda
de São Paulo (CED), sendo encarregado de controlar as empresas estatais
paulistas. Cargo em que permaneceria até 1985.
João Sayad assumiu o cargo de Ministro da Secretaria de
Planejamento da Presidência da República (SEPLAN) em 1985, dando início ao
grupo dos novos economistas paulistas no poder (formado por José Serra, Andrea
Calabi, Luciano Coutinho, Marcos Fonseca, André Franco Montoro Filho, entre
outros). Reichstul que fazia parte desse grupo assumiu a Secretaria de
Coordenação e Controle das Empresas Estatais (SEST), e o Conselho
Interministerial de Salários de Empresas Estatais (CIDE) nesse mesmo ano. No
SEST, entre outras coisas, era responsável pela aprovação do orçamento, como
também do investimento das empresas estatais.
Em 1986 assumiu a Secretaria Geral do SEPLAN e a presidência
do Instituto de Planejamento Econômico e Social (IPEA), substituído Andrea
Calabi. Segundo, o capítulo quatro do livro IPEA – 40 anos: Apontando
Caminhos, publicado em 2004, pelo IPEA, em depoimento, Reichstul diz ter
enfrentado problemas devido à falta de diálogo entre o SEPLAN e o IPEA. No
período em que esteve à frente desses dois órgãos, tomou duas providências, a
primeira determinou que, tanto as reuniões para a aprovação do orçamento, como
também do investimento à empresas públicas, deveriam ser realizada,
necessariamente, com a presença do IPEA e, a outra medida foi a criação de uma
vice-presidência executiva no IPEA, nomeou Edson Nunes para assumir o cargo. Reichstul
afirmou, nesse depoimento, que a criação desse cargo possibilitou que ele se
dedicasse exclusivamente a Secretaria Geral do SEPLAN. Permaneceu no governo
até 1987, sendo substituído por Michal Gartenkraut.
Em 1988, Reichstul fundou ao lado de João Sayad e Francisco
Vidal Luna, a SRL Projetos S/C Ltda e se associaram com a Manufactore
Hannover. No mesmo ano, tornou-se sócio e vice-presidente da empresa. Essa
Instituição financeira atuou no mercado, durante um longo período como
tesouraria e operações com grandes empresas. Em 1997, o Conselho Monetário,
autorizou a Manufactore Hannover transferir a sua participação da
empresa para a American Express. Ainda no mesmo ano, a instituição
financeira passou a ser chamada de Banco Interamerican Express. Com a
mudança dos sócios, a empresa também teve o seu perfil descaracterizado, passou
a atuar mais na área de financiamento ao consumo. Segundo, o Jornal Valor
Online publicado em 13º de fevereiro de 2002, Reichstul e seus sócios,
Sayad e Luna resolveram vender as suas ações a sua sócia, American Express,
não consta os motivos da venda, mas consta na reportagem, que apenas Luna
continuava trabalhando diretamente na empresa, enquanto Reichstul havia pedido
licença para presidir a Petrobrás, e mesmo com a sua saída desta empresa em
2001, não havia retornado e, Sayad estava de licença, porque ocupava o cargo de
Secretário de Finança da Prefeitura de São Paulo.
Assumiu o cargo de Presidência da Petrobrás em substituição a
José Coutinho Barbosa, em março de 1999. Em sua posse, Reichstul ressaltou que
a Petrobrás e a BR Distribuidora não seriam privatizadas. Durante a sua gestão
foi encontrado na Bacia de Campos, o primeiro campo de petróleo em águas
ultraprofundas (acima de 2 mil metros) do país, no estado do Espírito Santo e
uma nova reserva de petróleo na região localizada entre os municípios de Cabo
Frio e Arraial do Cabo, no estado do Rio de Janeiro. Como também a descoberta
da existência de gás na bacia de Camamu-Almada, no estado da Bahia. No campo
internacional, a Petrobras ganhou a concessão de dois novos blocos na Nigéria e
inaugurou a primeira unidade de processamento de gás em San Alberto, na Bolívia, gás que seria produzido na Bolívia para o Brasil.
A sua gestão também foi marcada pela greve dos petroleiros e
pelo vazamento de 1,3 milhões de litros de óleo na Baía de Guanabara, pela
Petrobrás. Mas o que ganhou grande destaque na época nos principais jornais do
país foi Reichstul ter anunciando a criação da marca fantasia Petrobrax, que
segundo o jornal Valor Online publicado em 26º de dezembro de 2000, essa
marca seria utilizada internacionalmente, tendo em vista uma pesquisa realizada
em sete países da América Latina e nos Estados Unidos, pelo escritório
paulista UND S/A, que detectou uma forte resistência ao sufixo “bras” e as
cores verde e amarelo da empresa.
A idéia de mudar o nome de Petrobrás para Petrobrax gerou
diversas manifestações contrarias. Dois dias após a declaração da mudança da
marca, segundo o jornal Valor Online publicado em 28º de dezembro de
2000, o então Presidente Fernando Henrique Cardoso, pediu ao líder do governo
do Senado na época, José Roberto Arruda para convencer Reichstul a suspender a
mudança do nome da empresa. Reichstul acabou acatando o pedido e manteve o
nome da empresa de Petrobrás. Em dezembro de 2001 se retirou da empresa, sendo
substituído por Francisco Gros.
Em fevereiro de 2002, Reichstul assumiu a Presidência e o
comando do processo de reestruturação da Globopar. A empresa, segundo, o Jornal
Valor Online publicado em 15º de março de 2002, havia acumulado
um dívida de UR$ 1,75 bilhões de dólares em dezembro de 2000 e UR$ 1,77 bilhões
de dólares em dezembro de 2001. Em junho do mesmo ano as Organizações Globo anunciaram
a criação da Globo S.A, que reuniria todas as empresas do grupo, e o nome de Reichstul
para presidir a empresa. Mas em setembro do mesmo ano, a criação da Globo S.A
foi postergada e Reichstul acabou saindo da presidência da Globopar e,
assumindo um cargo de membro do Conselho de Administração das Organizações
Globo.
Em meados de 2003 Reichstul prestou assessoria para Klabin, companhia
de papel e celulose, e tinha como objetivo negociar a venda de ativos da
empresa.
Em 2007 Reichstul criou a Brazil Renewable Energy Company
(Brenco), um megafundo de investimentos para entrar no mercado brasileiro de
álcool, entre os sócios David Zylbersztajn, ex-diretor geral da Agência
Nacional de Petróleo (ANP), os americano Vinod Khosla, um dos fundadores da Sun
Microsystems e sócio da firma de capital de risco Kleiner Perkins Caufield
& Byers, James Wolfenson, ex-presidente do Banco Mundial, Steve
Case, criador da America Online e Bill Clinton, ex-presidente dos Estados
Unidos. No comando da empresa, Reichstul convidou para compor a equipe Rogério
Manso, ex-diretor da área de abastecimento, refino e comercialização da
Petrobrás.
O objetivo inicial da empresa era criar dez usinas no Brasil,
que produziriam etanol, que atenderia tanto o mercado brasileiro, como o
internacional. Em 2008 a empresa de participações do Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e Social (BNDESPar) entrou no quadro de sócios da
empresa. Nesse mesmo ano a empresa Brenco assinou um importante contrato de
venda de álcool anidro para a companhia petrolífera americana Lyondell.
Em 2009, a Brenco assinou um acordo com a ETH Bioenergia, controlada pelo grupo
Odebrecht. O acordo garantia a permanência dos sócios e a combinação de ativos
e operações entre as duas companhias.
Foi membro do Conselho Administrativo do Grupo Pão de Açúcar,
Tam S/A, TELEBRAS S/A , ELETROBRAS S/A, SIDERBRAS S/A, BNDES, da Repsol,
Casou-se com Maria Augusta Marsiaj Gomes e teve três filhos
anteriores ao casamento.
Patricia Burlamaqui
FONTES:
Jornais e Revistas: Estadão (28/02, 16/05/2002) Folha de S. Paulo (24, 25/03,
16/04/1999, 24, 21/10, 16, 17, 27, 29, 30/12/2000, 04, 07, 11, 14, 15, 16,
18/01/2001 02/10/2002, 15/03/2007, 13/03/2008, 15/05, 30/06, 14/08, 09/10/2009)
Valor Online (02, 16/10, 07, 09/11, 15, 21, 22, 26, 27, 28, 29/12/2000, 09, 16,
17, 24/01, 19/02/2001 13/02, 28/02, 15/03, 19/06, 20/06, 25/09/2002, 22,
29/05/2003, 13, 23/02, 15/03, 15, 21/05, 04/07, 17, 18, 25/09, 05, 09/11, 13/12/2007,
28/05, 14/08, 03/10/2008, 25/05, 25/08, 08, 09/10/2009); Revista ISTOÉ
(09/02/2000); www.ipea.gov.br. IPEA. IPEA
– 40 anos: Apontando Caminhos. 2004.