LAGOA,
Rocha
*min.
Saúde 1969-1972.
Francisco de Paula Rocha Lagoa nasceu em Ouro Preto (MG) no dia 16 de outubro de 1919,
filho do médico João Pereira Rocha Lagoa e de Maria Amélia d’Abreu Rocha Lagoa.
Seu tio, Francisco de Paula Rocha Lagoa Filho, foi ministro do Supremo Tribunal
Federal (STF) de 1950 a 1960.
Formado em 1940 pela Faculdade Fluminense de Medicina, em
Niterói, nesse mesmo ano iniciou o curso de aplicação do Instituto Osvaldo
Cruz, concluindo-o em 1941. Em 1942 ingressou naquela instituição de pesquisa
como biologista, em caráter interino, sendo efetivado em 1943 mediante
concurso. Entre 1944 e início de 1949 foi secretário do instituto, sendo neste
último ano enviado ao Paraguai em missão científica, encarregado de organizar o
Instituto de Higiene de Assunção. De volta ao Instituto Osvaldo Cruz em 1950,
lá permaneceu até 1953, quando, a convite do governo de Minas Gerais, assumiu a
direção do Instituto Ezequiel Dias, em Belo Horizonte. Em 1956 retornou mais uma vez ao Instituto Osvaldo Cruz, sendo nomeado chefe
da Seção de Rickettsias da Divisão de Virologia. Em 1963 fez o curso da Escola
Superior de Guerra (ESG) como representante do Ministério da Saúde.
Após
o movimento político-militar de 31 de março de 1964, que depôs o presidente
João Goulart, foi nomeado diretor do Instituto Osvaldo Cruz, assumindo o cargo
em junho seguinte. Nesse período, em depoimento prestado à comissão de
inquérito formada para apurar supostas atividades subversivas na instituição,
lembrou, segundo o Jornal do Brasil, que o grupo de cientistas acusados
de subversão havia assinado em 1946 um telegrama de solidariedade a Luís Carlos
Prestes, senador pelo Partido Comunista Brasileiro, então Partido Comunista do
Brasil (PCB). Acrescentou ainda que esses cientistas gozavam de privilégios na
instituição, como melhores condições de trabalho, maior número de pessoas
ligadas às suas pesquisas e material abundante. Ao concluir o inquérito, porém,
nada de mais grave foi apurado, não tendo ocorrido nenhuma punição.
Ainda em 1964 tornou-se membro do conselho deliberativo do
Conselho Nacional de Pesquisa (CNPq), como representante do Instituto Osvaldo
Cruz. Em 1966, em viagem aos Estados Unidos, conheceu as principais
instituições científicas privadas e oficiais do país. Dois anos depois visitou
os mais avançados centros de ciências médicas da Itália, Suíça, Alemanha
Ocidental, Bélgica, Inglaterra e França. Ainda em 1968 representou o Brasil no
XI Congresso Internacional da Estandartização Microbiológica, realizado em
Milão, na Itália, deixando nesse mesmo ano o conselho deliberativo do CNPq.
Segundo o Jornal do Brasil de 9 de março de 1978, durante o ano
de 1968 Rocha Lagoa tentou encaminhar várias vezes ao então ministro da Saúde,
Leonel Miranda, que exerceu o cargo entre 1967 e 1969, o pedido de punição para
uma relação de cientistas do Instituto Osvaldo Cruz, não obtendo êxito em sua
reivindicação.
Foi empossado no Ministério da Saúde em 30 de outubro de
1969, data da posse do general Emílio Garrastazu Médici na presidência da
República. Para assumir o ministério deixou a direção do instituto e
aposentou-se do serviço público. Durante sua gestão, o governo promoveu a
cassação dos direitos políticos e aposentou compulsoriamente dez pesquisadores
do Instituto Osvaldo Cruz, uma velha reivindicação sua. Os cientistas punidos —
entre os quais Haiti Moussatché, Herman Lent, Masao Goto e Fernando Braga
Ubatuba — estavam, em sua maioria, arrolados no inquérito instaurado em 1964.
Em junho de 1972 pediu demissão do Ministério da Saúde, pressionado pelo
governo, depois que o Tribunal de Contas da União detectou irregularidades na
utilização das verbas do ministério. Foi substituído por Mário Machado de
Lemos.
Ainda
em 1972 foi contratado pela Johnson & Johnson como consultor científico da
empresa, tornando-se no ano seguinte membro do conselho de desenvolvimento da
Pontifícia Universidade Católica (PUC) do Rio de Janeiro. Deixou a Johnson
& Johnson em 1974, sendo contratado no mesmo ano pela Silva Araújo-Russel,
mais uma vez como consultor científico, exercendo essa função até 1976. Fixando
residência em Petrópolis neste último ano, lecionou saúde pública na Faculdade
de Ciências Médicas de Nova Iguaçu (RJ) de 1978 a 1995. Em 1979 passou a integrar o conselho de patronos da Universidade Católica de Petrópolis,
cargo que ocupava em julho de 2000. Em 1990, tornou-se membro do Instituto
Histórico-Geográfico de Petrópolis e em junho de 1999 foi eleito para a
Academia Petropolitana de Letras, sendo empossado um ano depois.
Casou-se com Beatriz Toja Rocha Lagoa, com quem teve um casal
de filhos.
Publicou 65 trabalhos nas áreas de imunologia, virologia e
saúde pública em geral.
FONTES: Encic. Mirador;
Estado de S. Paulo (29/10/69); Grande encic. Delta; INF. BIOG.; Jornal
do Brasil (19/2 e 9/3/78).