LOURENÇÃO,
Romeu
*const. 1946; dep. fed. SP 1946-1951 e 1953-1955.
Romeu de Andrade Lourenção
nasceu em Brotas (SP) no dia 16 de agosto de 1908, filho de João Lourenção e de
Belmira de Andrade Lourenção.
Ingressou na Faculdade de Direito de São Paulo e ali foi
escolhido, em 1930, primeiro orador do Centro Acadêmico 11 de Agosto. No final
de outubro desse ano, logo após a vitória da revolução que levou Getúlio Vargas
ao poder, discursou, em nome dos estudantes, no comício dos Campos Elíseos,
saudando Vargas e a comitiva revolucionária que o acompanhou a São Paulo.
Com a nomeação em novembro de 1930 do “tenente” João Alberto
Lins de Barros para a interventoria em São Paulo, o segmento da oligarquia política local que participara da revolução, especialmente o Partido Democrático
(PD), viu frustradas suas esperanças de chegar ao poder. Ao longo de 1931
cresceu a oposição entre as correntes políticas tradicionais do estado e as
forças tenentistas apoiadas pelo governo federal. Em julho desse ano o ministro
da Justiça, Osvaldo Aranha, chegou a São Paulo para empossar Plínio Barreto,
novo interventor nomeado por Vargas. O general Miguel Costa, comandante da
Força Pública e dirigente da Legião Revolucionária Paulista, organização
tenentista, opôs-se à posse. Os grupos políticos tradicionais, que
reivindicavam um interventor civil e paulista, solidarizaram-se com Plínio
Barreto, promovendo uma manifestação em frente de sua casa. Lourenção discursou
na ocasião juntamente com Osvaldo Aranha, mas Plínio Barreto desistiu do
governo, sendo substituído pelo desembargador Laudo Ferreira de Camargo. No mês
seguinte, Lourenção participou também de uma manifestação de estudantes da
Faculdade de Direito de São Paulo contra o Governo Provisório de Getúlio
Vargas. Nesse ano bacharelou-se em ciências jurídicas e sociais.
Em janeiro de 1932 foi um dos oradores do comício de
comemoração do IV Centenário da Capitania de São Vicente, transformado pelas
forças paulistas de oposição numa oportunidade para reivindicar a
reconstitucionalização do país e o retorno da autonomia estadual. O comício
terminou com a depredação da sede do Centro Gaúcho.
Depois da derrota da Revolução Constitucionalista de 1932,
Lourenção retirou-se da vida pública, passando a exercer a advocacia nos foros
de São Paulo e de Santos.
Em dezembro de 1945 elegeu-se deputado à Assembléia Nacional
Constituinte por São Paulo, na legenda da União Democrática Nacional (UDN).
Assumindo sua cadeira em fevereiro de 1946, participou dos trabalhos
constituintes e, com a promulgação da nova Carta (8/9/1946), passou a exercer o
mandato ordinário. Desde março de 1947 ingressou numa ala dissidente da UDN,
chefiada pelo deputado federal Paulo Nogueira Filho, que passou a apoiar o governador de São Paulo, Ademar de Barros (1947-1951), eleito pelo Partido
Social Progressista (PSP). Em janeiro de 1948, votou a favor da cassação do
mandato dos parlamentares comunistas, cujo partido havia sido posto na
ilegalidade em maio do ano anterior. Em 1949 a convenção nacional da UDN homologou sentença do seu diretório, eliminando dos seus quadros Lourenção e outros
membros da dissidência ademarista, acusados do descumprimento dos compromissos
partidários e de servir a outra agremiação política. Durante seu mandato foi
membro da Comissão Permanente de Transportes e Comunicação da Câmara.
Em
outubro de 1950 candidatou-se a deputado federal na legenda do Partido
Trabalhista Nacional (PTN), obtendo a primeira suplência. Ao concluir seu
mandato em janeiro de 1951, deixou a Câmara, voltando a ocupar uma cadeira
apenas em fevereiro de 1953. Em outubro de 1954 tornou a candidatar-se a
deputado federal na mesma legenda, obtendo desta vez uma segunda suplência. Em
janeiro do ano seguinte deixou a Câmara, voltando a ocupar uma cadeira entre
1956 e 1958. No pleito de outubro de 1958 candidatou-se novamente à Câmara dos
Deputados, também pela legenda do PTN, obtendo apenas uma suplência.
Não
mais retornando ao cenário político, continuou exercendo a advocacia, sendo
ainda membro da Associação dos Advogados de São Paulo e presidente do Santos
Futebol Clube.
Faleceu em São Paulo no dia 11de abril de 1990.
Era casado com Ausônia Schelini de Andrade Lourenção, com
quem teve quatro filhos.
FONTES: CÂM. DEP. Deputados;
CÂM. DEP. Deputados brasileiros. Repertório (1946-1967); CÂM. DEP. Relação
dos dep.; Diário do Congresso Nacional; GALVÃO, F. Fechamento; INF.
Romeu de Andrade Lourenção Filho; LEITE, A. História; LEITE, A. Páginas;
SILVA, H. 1930; SILVA, H. 1931; SOC. BRAS. EXPANSÃO
COMERCIAL. Quem; TRIB. SUP. ELEIT. Dados (1, 2 e 3).