SKAF,
Paulo
*pres. FIESP 2004- ; pres. CIESP 2007-
Paulo Antoine Skaf nasceu em São Paulo no dia 7 de agosto de 1955, filho do imigrante libanês Antoine Skaf e de Clotilde Skaf.
Foi escoteiro e presidente do grêmio estudantil do Colégio
Santo Américo, em São Paulo. Ao completar 18 anos prestou serviço militar no
Centro Preparatório de Oficiais da Reserva (CPOR), onde dirigiu a associação de
sua turma. Estudou administração na Universidade Presbiteriana Mackenzie e ainda no período da faculdade começou
a trabalhar na pequena tecelagem de seu pai. Foi o responsável pela expansão e verticalização
da produção, e transformou o negócio em uma empresa média e moderna.
Com a abertura do mercado em meados dos anos 1990, o setor
têxtil foi bastante atingido, e Skaf resolveu reestruturar sua vida
empresarial: vendeu as máquinas e instalações e passou a participar, como
acionista, de conselhos de outras companhias e de negócios no campo
imobiliário. Nesse mesmo período, passou a frequentar o sindicato do setor têxtil.
Dedicando mais tempo à vida institucional, tornou-se, em 1999, presidente da
Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecções (ABIT) e do Sindicato
da Indústria Têxtil do Estado de São Paulo (Sinditextil/SP), por duas gestões
consecutivas. No início de sua administração apontou, segundo a imprensa, como
prioridades do setor, a autossuficiência na produção de algodão, o aumento das
exportações e a ampliação do mercado interno.
Durante sua gestão na ABIT o número de associados passou de
80 para quatro mil, além de ter dobrado a receita, do setor têxtil, obtida com
as exportações. Também promoveu a aproximação entre os produtores de algodão e
a indústria, num momento em que o algodão era a fibra principal neste setor. Outras
realizações foram a valorização da moda brasileira, a modernização do setor e o
estímulo à criação de 70 mil empregos diretos.
Durante esse período, Skaf também era um dos vice-presidentes
da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP), na gestão do
empresário Horácio Piva, tendo participado do Grupo de Assuntos Fiscais e
coordenado os trabalhos pela aprovação do Programa de Recuperação Fiscal (Refis).
Com a posse do presidente Luís Inácio Lula da Silva em 2003, Paulo
Skaf apoiou o novo governo. Embora, tenha mantido a independência e criticado a
algumas medidas econômicas do governo, tais como os juros altos e a carga
tributária elevada.
Em 2004, seu nome foi lançado à presidência da FIESP contra o
do empresário Cláudio Vaz, diretor do Departamento de Pesquisas e Estudos
Econômicos da entidade e ex-presidente do Sindicato Nacional da Indústria de
Autopeças (Sindipeças), que contava com o apoio do presidente da FIESP, Horácio
Piva. Durante a campanha, Paulo Skaf contou com o apoio de grandes nomes da
indústria como o empresário Benjamin Steinbruch, da Companhia Siderúrgica
Nacional (CSN) e da empresa têxtil Vicunha, João Guilherme Ometo, da Cosan e Josué
Gomes da Silva, presidente da Coteminas e filho do vice-presidente José Alencar
e, também, conforme apresentado pela imprensa, com apoio de parte do governo
federal.
As eleições foram realizadas em 25 de agosto de 2004, Skaf
foi eleito presidente da FIESP. Sua vitória repetia o feito realizado em 1979,
última vez em que uma chapa de oposição vencera a disputa pela presidência da
FIESP. No entanto, Cláudio Vaz venceu no Centro das Indústrias do Estado de São
Paulo (CIESP) provocando uma situação inédita, que era a convivência de
presidentes diferentes em cada entidade. O CIESP é o braço civil da FIESP, e
enquanto esta é composta pelos presidentes dos sindicatos aquela congrega as
próprias empresas. Dessa forma, o colégio eleitoral do CIESP é bem mais
numeroso, com cerca de 7.500 empresas que votam diretamente, do que o da FIESP,
onde 122 delegados de sindicatos possuem direito ao voto. Vaz recebeu 2.235
votos diretos, enquanto Skaf obteve 1.816. Para Eli Diniz e Renato Boschi a
“vitória de Skaf expressa[va], antes de tudo, o realinhamento do empresariado
em torno não de uma dimensão econômica, mas de uma dimensão propriamente
política da estratégia empresarial”.
Empossado em setembro de 2004, convidou o deputado federal
Delfim Netto (PP-SP) para presidir o Conselho Superior de Economia da Fiesp, o
ex-embaixador Rubens Barbosa para o Conselho Superior de Comércio Exterior e o
ministro Sidney Sanches para o Conselho Superior de Assuntos Jurídicos.
Sua gestão foi marcada pela defesa e importância do tema do
desenvolvimentismo e pela união do empresariado contra a política econômica
conservadora do Banco Central. Nesse período, a FIESP também apoiou o projeto
do governo federal das Parcerias Público-Privado (PPP), que foi aprovado no
Senado, e fez uma campanha pela mudança na composição institucional do Conselho
Monetário Nacional (CMN), incluindo representantes de entidades empresariais,
sindicatos de trabalhadores e instituições acadêmicas, que não obteve sucesso.
Em 2007 foi reeleito, sendo que desta vez também conquistou a
presidência do CIESP, inclusive com o apoio de seu ex-presidente Cláudio Vaz.
Durante sua segunda gestão a FIESP liderou, ainda em 2007, uma campanha contra
a prorrogação da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF), em
que chamou atenção para o alto custo da carga tributária brasileira e o bom
momento da arrecadação do governo federal. Os trabalhos envolveram viagens a
vários estados, participação em audiências públicas na Câmara dos Deputados e
Senado Federal e a obtenção de um abaixo assinado com um milhão e meio de
assinaturas. Sua defesa da extinção do imposto gerou críticas do ministro da Fazenda,
Guido Mantega, que além de associar o fim da CPMF ao atraso da reforma
tributária e política industrial, também questionou a representatividade de
Skaf perante a indústria.
Instituiu também, em 2007, departamentos novos como o do
Agronegócio e da Indústria de Defesa, que se originaram de seus respectivos
comitês da cadeia produtiva e incorporou outros nomes de destaque nos conselhos
e assessorias da entidade, tais como os ministros Paulo Renato Sousa e Sergio
Amaral.
Na condição de presidente da FIESP ele também presidiu os
conselhos regionais do Serviço Social da Indústria (Sesi-SP), do Serviço
Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai-SP) e o Instituto Roberto Simonsen
(IRS), e ocupou a primeira vice-presidência da Confederação Nacional da
Indústria.
Foi ainda vice-presidente do Conselho de Administração da
Paramount Lansul, membro do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social
(CDES), da Presidência da República, membro do Conselho Administrativo do Banco
Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), membro do Conselho
Estadual de Relações Internacionais e Comércio Exterior (CERICE) do governo do
estado de São Paulo e membro do Conselho Deliberativo da Organização
Não-Governamental Apoio Fome Zero.
Casado com Luzia Helena Junqueira Pamplona de Meneses, teve
cinco filhos.
Fabrícia Guimarães
FONTES:
Diniz, Eli e Boschi, Renato. A Difícil Rota do Desenvolvimento: Empresários
e a Agenda Pós-Neoliberal. Belo Horizonte: Editora UFMG; Rio de Janeiro:
IUPERJ, 2007. Folha de São Paulo (25/5/1999, 21 e 27/9/2004); O Estado de São
Paulo (17/02/2003); Isto é (25/8/2004, 23/4/2007); Entrevista FGV.