SOUSA,
Heitor Lopes de
*militar; comte. CFN 1964-1971.
Heitor Lopes de Sousa nasceu em Porto Alegre no dia 31 de janeiro de 1915, filho de Cássio Paiva de Sousa e de Severina Lopes
dos Santos Sousa.
Segundo a revista Veja, quando tinha 15 anos ofereceram-lhe
um título de eleitor para votar em Getúlio Vargas para a presidência da República nas eleições de março de 1930, que deram vitória ao candidato oficial Júlio
Prestes. Nesse mesmo ano ingressou no curso da Escola Naval. Ao eclodir a
Revolução de Outubro de 1930, participou de manifestações como líder
estudantil. Em 1938 foi declarado guarda-marinha, sendo destacado para o Corpo
de Fuzileiros Navais.
Instrutor da Escola Naval a partir de 1953, no ano seguinte
tomou parte na conspiração para depor o presidente Getúlio Vargas. Deixou o
cargo na Escola Naval em 1955 e, após as eleições de outubro desse ano, em que
o general Juarez Távora foi derrotado por Juscelino Kubistschek, conspirou
contra a posse do presidente eleito, chegando a participar de um plano
destinado a prendê-lo a bordo do cruzador Tamandaré durante uma viagem.
Instrutor
da Escola de Guerra Naval de 1956 a 1959, em 1961 assumiu o comando do Centro
de Instrução e Adestramento da ilha do Governador, no Rio. Decepcionado com a
renúncia de Jânio Quadros em agosto de 1961, tornou-se um opositor ao governo
do presidente João Goulart (1961-1964). Na luta contra os “gregórios”, que
eram, em sua opinião, elementos favoráveis a Getúlio Vargas, a Juscelino
Kubistchek ou a João Goulart, devolveu sua medalha de Mérito Naval juntamente
com seu colega, oficial fuzileiro naval Edmundo Drumond Bittencourt, em
protesto contra o agraciamento do então deputado Leonel Brizola. No mesmo
período dividiu com Edmundo Bittencourt uma prisão de dez dias, enquanto sua
esposa empenhava-se na fundação da Campanha da Mulher pela Democracia. Exerceu
o comando do Centro de Instrução e Adestramento até fevereiro de 1962. A partir desse ano permaneceu sem função na Marinha por manifestar discordância com o governo.
Participou, já na patente de capitão-de-corveta, da
conspiração contra João Goulart, articulada pelos seguidores do almirante
Sílvio Heck, cujo esconderijo de armas, a 27km do Rio de Janeiro, foi
descoberto em setembro de 1963. Tornando-se alvo de maior vigilância, foi
transferido para o quartel-general, onde conspirou em 1964 pela derrubada do
governo. Nomeado verbalmente comandante do Corpo de Fuzileiros Navais na
madrugada do dia 31 de março de 1964, quando irrompeu o movimento político-militar,
assumiu o cargo no dia seguinte, na patente de capitão-de-mar-e-guerra. Nesse
comando sucedeu ao almirante Cândido Aragão, militar que se destacara no
governo Goulart por alinhar-se às campanhas nacionalistas e de esquerda. Ainda
em abril de 1964 prendeu Cândido Aragão numa das unidades sob seu comando. Seis
meses após assumir o cargo teve sua nomeação confirmada e foi promovido a
contra-almirante. Durante sua gestão remodelou o Corpo de Fuzileiros Navais,
instalando novos quartéis e novos cursos e criando unidades como o Comando da
Tropa de Reforço com sua Companhia de Viaturas Anfíbias, os batalhões Humaitá e
Paissandu, este último na ilha das Flores, e a Bateria de Canhões Antiaéreos.
Em 1965 manifestou-se contrário à posse do governador do
antigo estado da Guanabara, Francisco Negrão de Lima (1965-1971), eleito na
legenda do Partido Social Democrático (PSD). No ano seguinte chegou a
vice-almirante. Grande amigo do general Artur da Costa e Silva, foi um dos
articuladores de sua candidatura para a presidência da República. Deixou o
comando do Corpo de Fuzileiros Navais em abril de 1971, quando entregou o cargo
ao almirante Edmundo Drumond Bittencourt e passou para a reserva. Assumiu então
um posto na diretoria da empresa Crown Editores, ao lado do ex-senador do
Maranhão Vitorino Freire (1947-1971).
Tornou-se posteriormente presidente da Associação Brasileira
de Empresas de Leasing. Em julho de 1976 assumiu a vice-presidência da
Hidroconsult, do grupo Real. Deixou a presidência da Associação Brasileira de Leasing
em fevereiro de 1977.
Fez ainda o curso da Escola de Guerra Naval, o curso superior
para oficiais fuzileiros da mesma escola, um curso de operações para
capitães-tenentes e capitães-de-corveta nos Estados Unidos e os cursos da
Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais e da Escola Superior de Guerra.
Faleceu na cidade do Rio de Janeiro no dia 10 de março de
1990.
Era casado com Heloísa Soares dos Santos Lopes de Sousa, com
quem teve três filhos.
FONTES: ENTREV.
BIOG.; Globo (11 e 12/3/90); Jornal do Brasil (2/5/74, 9/7/75,
7/7 e 19/12/76, 6/1, 16/2 e 7/11/77); Veja (7/4/71).