TRUDA,
Francisco de Leonardo
*jornalista; rev. 1930; pres. Bco. Bras. 1934-1937.
Francisco de Leonardo Truda nasceu
em Porto Alegre no dia 19 de setembro de 1886, filho de imigrantes italianos.
Realizou seus estudos na Escola Brasileira. Em 1907
bacharelou-se em ciências jurídicas e sociais pela Faculdade de Direito de
Porto Alegre, especializando-se em ciências econômicas. Foi colega de faculdade
de diversos futuros líderes políticos nacionais, dentre os quais Getúlio
Vargas, que integraram a “geração de 1907” gaúcha.
Jornalista,
fundou e dirigiu o Diário de Notícias, de Porto Alegre, principal propugnador
da campanha da Aliança Liberal (1929-1930) no Rio Grande do Sul. Participou da
Revolução de 1930, tendo sido o emissário responsável pela negociação da
rendição do 7º Batalhão de Caçadores, sediado em Porto Alegre, última unidade
que resistia ao assédio dos rebeldes. Com a vitória do movimento, foi
designado, ainda em novembro do mesmo ano, diretor do Banco do Brasil, no Rio
de Janeiro, então Distrito Federal, tendo assumido a superintendência da
Carteira de Liquidações.
Em dezembro do ano seguinte foi nomeado pelo presidente
Getúlio Vargas (1930-1945) primeiro presidente da Comissão de Defesa da
Produção do Açúcar, criada com o objetivo de executar uma política econômica de
emergência para a defesa da produção do açúcar. Foi o organizador e o primeiro
presidente do Instituto do Açúcar e do Álcool (IAA), criado em junho de 1933, a
partir da fusão da Comissão de Defesa da Produção do Açúcar com a Comissão de
Estudos sobre Álcool Motor. Esse instituto foi criado com o objetivo de
estabelecer uma política de defesa, de caráter permanente, da produção do
açúcar e do álcool, de forma a manter o equilíbrio entre a produção e o consumo
mediante o estabelecimento de cotas de produção para as fábricas de açúcar, a
exportação dos excedentes e a transformação da cana em álcool anidro. Os órgãos
anteriores ao IAA haviam desenvolvido uma política de emergência em defesa da
produção do açúcar e do álcool, em virtude dos reflexos da crise geral
verificada na economia a partir da grande depressão de 1929.
Nomeado
presidente do Banco do Brasil em julho de 1934, sucedendo a Artur de Sousa
Costa (1932-1934), Truda foi responsável pela ampliação da rede de agências do
banco. Em maio de 1937 renunciou à presidência do IAA, sendo substituído por
Alberto de Andrade Queirós (1937-1938). Com o advento do Estado Novo
(1937-1945), deixou o cargo no Banco do Brasil em 30 de novembro de 1937, sendo
substituído por João Marques dos Reis (1937-1945).
Membro do Conselho Federal de Comércio Exterior de 1939 a
1940, chefiou a primeira Missão Econômica Brasileira, realizada em 1940,
visando promover o intercâmbio comercial com vários países da América. Em 1941
passou a dirigir a Câmara de Intercâmbio Comercial, Crédito, Câmbio e
Propaganda do Conselho Federal de Comércio Exterior. Integrante do Conselho Técnico
de Economia e Finanças do Conselho Federal de Comércio Exterior, participou da
elaboração do projeto de nacionalização dos bancos, posicionando-se, juntamente
com Roberto Simonsen, favorável à nacionalização apenas dos bancos de
depósitos, tese vencedora, instituída por decreto em abril de 1941, embora não
viesse a ser implementada. Foi o organizador e primeiro diretor da Carteira de
Exportação e Importação do Banco do Brasil, criada em maio de 1941. Em janeiro
do ano seguinte participou como assessor-técnico da delegação do Brasil à III
Reunião de Consulta dos Chanceleres das Repúblicas Americanas, realizada no Rio
de Janeiro. Foi o fundador e primeiro presidente do Banco Nacional de
Descontos.
Colaborador do jornal A Reforma, de Porto Alegre, dirigiu o
Correio do Povo, da mesma capital, e O Dever, de Bajé (RS).
Sócio-fundador e primeiro secretário, durante vários anos, do
Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Sul, presidiu a Sociedade
Brasileira de Economia Política, a Associação Bancária do Rio de Janeiro, o
Instituto Brasil-México e a Comissão Brasileira de Fomento Interamericano.
Faleceu na cidade do Rio de Janeiro no dia 18 de julho de
1942, durante sua gestão na direção da Carteira de Exportação e Importação do
Banco do Brasil.
Publicou
O Brasil e a doutrina de Monroe (1942), Colonização alemã no Rio Grande do Sul
(1930), O crédito agrícola no Brasil (1937), Reflexões sobre o problema do
ferro (1938), A defesa da produção açucareira (1940), Um novo órgão de
ação econômica (1942), além de diversos estudos econômicos, pareceres e
conferências.
FONTES: CARONE, E.
Estado; CORRESP. SUP. TRIB. MILITAR; COUTINHO, L. General; MELO, L. Subsídios;
MONTEIRO, F. Banco; MONTEIRO, F. Figuras; MUSEU DO BANCO DO BRASIL; OLIVEIRA,
H. Presidentes; Personalidades.