UEKI,
Shigeaki
* min. Minas e Energia 1974-1979; pres.
Petrobrás 1979-1984.
Shigeaki Ueki
nasceu em Bastos (SP) no dia 15 de agosto de 1935, filho de Torizi Ueki e de
Masako Ueki.
Fez os primeiros
estudos na cidade natal, concluindo o primeiro grau no Ginásio São José, sob a
direção dos frades franciscanos. Cursou depois a Escola Técnica de Comércio
Brás Cubas, em Moji das Cruzes (SP) e bacharelou-se em direito pela Faculdade
de Direito da Pontifícia Universidade Católica (PUC), de São Paulo, em 1959,
obtendo o diploma de contabilidade na Fundação Álvares Penteado. Ainda
estudante, trabalhou como escriturário no Banco Moreira Sales, hoje União de
Bancos Brasileiros, e como contador de custos num laboratório farmacêutico.
Depois de formado fez vários cursos de
especialização sobre organização e superintendência de empresas, projetos
industriais, mercado financeiro, contabilidade e custos de produção, além de
atuar como consultor de empresas comerciais, elaborando projetos nos setores de
café solúvel, têxtil, petroquímica e indústria elétrica.
Assessor do Ministério da Indústria e
Comércio na gestão de Paulo Egídio Martins – durante o governo do marechal
Humberto Castelo Branco – foi vice-presidente da Bekol e da Cevekol Indústria e
Comércio (1967-1968), tendo integrado delegações brasileiras junto à Associação
Latino-Americana de Livre Comércio e junto à Organização dos Estados
Americanos.
No final de 1969, pouco depois de o general
Ernesto Geisel ser empossado na presidência da Petrobrás,
foi nomeado diretor de comercialização e relações internacionais da empresa.
Concomitantemente, assumiu a presidência da Petrobrás Distribuidora e passou a
integrar o Conselho de Empresas Subsidiárias e Associadas à estatal. Em outubro
de 1973 conduziu as negociações que culminaram transferência do controle
acionário da refinaria União, localizada em Capuava (SP). No final do ano, em
meio à crise que abalava a economia brasileira e mundial, acompanhou o ministro
Paulo Nogueira Batista, chefe do Departamento Econômico do Itamarati, em missão
oficial enviada aos países do Oriente Médio, a fim de garantir o fluxo normal
de petróleo para o Brasil.
Convidado pelo
presidente Ernesto Geisel (1974-1979) para ocupar a pasta das Minas e Energia
tomou posse em março de 1974. De acordo com o II Plano Nacional de
Desenvolvimento, divulgado em agosto, enfatizando entre outros pontos a
necessária diminuição da dependência do país das fontes externas de energia,
coube à equipe de Ueki promover importantes iniciativas.
Em junho de 1975 acertou com o governo e
empresas alemãs ocidentais o Acordo Nuclear Brasil-Alemanha, determinando a
construção de oito centrais nucleares (a primeira das quais prevista para Angra
dos Reis, no estado do Rio de Janeiro), uma usina de enriquecimento de urânio e
empresas destinadas ao reprocessamento do combustível atômico, além de
trabalhos de prospecção de minérios radiativos. Com vistas à implementação do
acordo foram criadas diversas empresas binacionais vinculadas pelo lado
brasileiro à Nuclebrás. O tratado não foi bem recebido no Brasil, tanto por
parte da comunidade científica como por grande número de parlamentares de
oposição, que criticavam sobretudo a centralização das decisões e a reduzida
transferência de tecnologia, além de ignorar o vasto potencial hidrelétrico
ainda não aproveitado dos rios brasileiros e o inevitável aumento na dívida
externa.
Outra medida ligada à pasta de Ueki
igualmente criticada foi a adoção anunciada em outubro de 1975 de contratos de
risco entre a Petrobrás e empresas estrangeiras, visando a prospecção de
petróleo na plataforma continental do país, pondo fim ao monopólio estatal. Ao
longo daquele ano Ueki anunciou a descoberta de seis novos campos petrolíferos:
quatro na bacia de Campos, no litoral fluminense, um em Sergipe e um no Rio
Grande do Norte.
Em janeiro de 1979, pouco antes da
conclusão do mandato presidencial do general Ernesto Geisel, foi convidado para
ocupar a presidência da Petrobrás,
indicação mal acolhida pelos sindicatos operários na indústria de petróleo e
petroquímica, que acusavam o ministro de ter dado pouco impulso à pesquisa e de
ter promovido um programa de privatizações contrário aos interesses dos
trabalhadores.
Em 15 de março de 1979 - data da posse do
general João Batista Figueiredo na presidência da República - deixou a pasta
das Minas e Energia. Onze dias depois, foi empossado na presidência da
Petrobrás em substituição ao general Araquém de Oliveira, acumulando a
presidência de duas subsidiárias da empresa: a Petrobrás Distribuidora e a
Braspetro.
Em novembro do mesmo ano, por ocasião da
brusca elevação dos preços do petróleo no mercado livre, informou que a
estratégia da Petrobrás para garantir suas compras seria diversificar as
fontes no mercado internacional, adquirindo o produto de mais de 17 países,
entre os quais Iraque, Irã, Arábia Saudita e Nigéria. Depondo no mês seguinte
perante a comissão parlamentar de inquérito que investigava as atividades da
estatal admitiu que as mudanças no quadro internacional provocariam alterações
no contrato firmado em 1972 entre o Brasil e Iraque, prevendo que a produção e
o fornecimento de petróleo em troca da participação da Braspetro.
Em dezembro, na pretensão de centrar
esforços no aumento da prospecção e produção internas, envolvendo companhias
estrangeiras e nacionais, Shigeaki assinou contrato com o consórcio paulista
Paulipetro, formado pela Centrais Elétricas de São Paulo S/A (CESP) e Instituto
de Pesquisas Tecnológicas (IPT). Sua discordância com o governador do estado de
São Paulo, Paulo Maluf, que exigia 50% dos lucros, enquanto Ueki só concedia
37%, tornou necessária a intervenção do presidente Figueiredo, decidindo-se
então que o percentual seria 37%, mantido ao longo de toda a vida útil do poço.
Em maio de 1980 Ueki anunciou a descoberta
de dois novos campos de petróleo na bacia de Campos (RJ). Durante a guerra
entre o Irã e o Iraque, em outubro, articulou as negociações para a compra de
petróleo em conjunto com o diretor comercial Carlos Santana e o superintendente
do departamento comercial, Armando Guedes Coelho. Em novembro, mostrou-se
cauteloso face à notícia de que a Organização dos Países Exportadores de
Petróleo congelaria os preços até 1982; na sua opinião, embora estivesse
prevista uma baixa, a reconstituição do cartel certamente prejudicaria os
importadores.
Em março de 1982 acumulou a presidência da
estatal com a da subsidiária Petrobrás Comércio Internacional S/A (Interbrás),
transferindo Carlos Santana, que ocupava aquele cargo, para a Petrobrás
Distribuidora (BR). Outras alterações foram promovidas no comando de várias
subsidiárias com vistas à ‘otimização dos trabalhos’.
A partir de março de 1983 surgiram
desentendimentos com o ministro das Minas e Energia, César Cals, em torno da
permanência e alocação de funcionários que ocupavam postos de direção na
empresa. Certa vez, Ueki chegou a colocar o cargo à disposição, recorrendo ao
chefe do Serviço Nacional de Informações (SNI), general Otávio Medeiros, que
intercedeu a seu favor, conseguindo a anulação do decreto que a pedido de Cals
determinava a recondução de Orfila dos Santos ao cargo de diretor de produção
da estatal. Para o lugar de Orfila, fora indicado o engenheiro Hélio Lins
Falcão, mas Ueki acabou se acertando com Cals, sendo nomeado Joel Rennó.
Questionando o decreto 2.065, que determinava
a aplicação de um reajuste menor para as faixas de salários mais altas, em maio
Ueki encaminhou ao Conselho Nacional de Política Salarial (CNPS), em Brasília,
um pedido de aumento extraordinário para o pessoal mais qualificado da estatal.
Em agosto foi substituído na presidência da
Petrobrás por Telmo Resende Dutra. Sua indicação para dirigir a representação
brasileira junto à Comunidade Econômica Européia, embora aprovada em Bruxelas,
foi recusada pela Comissão de Relações Exteriores do Senado.
Presidente executivo da Construtora Camargo
Corrêa (1985), adquiriu a Camargo Corrêa Engenharia, pertencente ao mesmo grupo
(1987). Presidente do Conselho da Petroleum Finance
Corporation, em Washington, D.C. Em agosto de 1993 declarou-se
favorável à privatização da Petrobrás, a seu ver “a única forma de a empresa
tornar-se mais eficiente face à globalização da economia e às transformações do
mundo e do país”.
Casou-se com Luci
Ueki, com quem teve dois filhos.
/Verônica
Velloso
FONTES: Estado de São Paulo (15/8/93
e 29/4/94); Folha de São Paulo (2/12/84, 28/2, 19/5 e 30/7/95); Globo
(16/8 e 5/12/84); Jornal do Brasil (17/6/83, 20/3/85, 6/1/87); Veja
(25/4/79, 25/7, 15/8, 7/11/79, 12 e 19/12/79, 14/5, 30/7, 17/9 e 8/10/80, 17/6
e 4/11/81, 10/3, 7/4 e 15/12/82, 6, 13, 20 e 27/4, 18/5 e 1/6/83, 25/1, 18/4,
16 e 30/5, 29/8 e 12/12/84, 15/07/92).