CENTRAL
GERAL DOS TRABALHADORES DO BRASIL (CGTB)
A
Central Geral dos Trabalhadores do Brasil (CGTB), fundada em 2004, tem suas
raízes, nas tensões e divisões ocorridas no sindicalismo brasileiro nos anos
1980. Por isso ela defende que “nasceu” em 1981, na Conferência Nacional das
Classes Trabalhadoras (CONCLAT) e que foi “fundada” em 1986. Embora a
disputa central no movimento sindical fosse entre a Central Geral dos Trabalhadores
(CGT) e a Central Única dos Trabalhadores (CUT), este fato não acabou com as
disputas internas em ambos os campos. Neste sentido, se a CUT conseguiu se
manter e mesmo ampliar seu espectro de influência, na CGT, um duro processo de
divisão interna acabou por cindi-la.
A
tensão se estabeleceu entre os setores mais tradicionais do sindicalismo,
aliados dos partidos de esquerda atuantes na CGT, e um novo bloco que foi se
formando conhecido como sindicalismo de resultados, que, defensor da
economia de mercado, anticomunista e pragmático, divergia tanto do sindicalismo
de contestação da CUT, como de seus parceiros de esquerda dentro da CGT. Este
tinha como nomes de proa Antônio Rogério Magri (eletricitários de São Paulo) e
Luís Antônio de Medeiros (metalúrgicos de São Paulo).
O
crescente conflito entre as partes caminhou rapidamente para seu desfecho. Em
janeiro de 1988, em uma reunião da central, os militantes ligados a Magri e a
Medeiros conseguiram aprovar a proposta de negociação com setores do chamado Centrão,
na constituinte, visando a manutenção da contribuição sindical na constituição.
Com isso, derrotam a proposta contrária defendida pelos militantes do PC do B,
que se retiram da CGT, indo se organizar na Corrente Sindical Classista (CSC)
que, posteriormente, se integrou à CUT, saindo desta nos anos 2000 para fundar
a Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB).
Em
setembro de 1988, em uma reunião ocorrida em Brasília, a CGT resolveu alterar
seu nome para Confederação Geral dos Trabalhadores. Esta mudança tinha relação
direta com a tentativa da central de reivindicar recursos oriundos das
contribuições sindical e assistencial.
A
Central Geral dos Trabalhadores, através de um ação cartorial, deixava de
existir. Porém, isto não seria por muito tempo. As tensões internas na
Confederação Geral dos Trabalhadores, já oriundas de seu tempo de Central
Geral, não se atenuaram. No segundo congresso da central, agora, Confederação,
realizado entre os dias 27 de abril e 1º de maio de 1989, Magri, com apoio de
Medeiros, disputou e venceu a eleição para a direção da entidade, derrotando o
então presidente Joaquim dos Santos Andrade, o Joaquinzão. Figura
tradicional do sindicalismo metalúrgico de São Paulo, Joaquinzão era
considerado pelego pelos setores ligados à CUT, e, ironicamente, fora
substituído na direção de seu sindicato por Medeiros, então seu candidato.
Derrotados,
Joaquinzão e o setor tradicional, somados ao Partido Comunista
Brasileiro (PCB) e ao Movimento Revolucionário 8 de Outubro (MR8), resolvem
retomar a proposta da Central Geral dos Trabalhadores. Por algum tempo o Brasil
teria duas CGTs (conhecidas no movimento como a "CGT do Magri" e a
"CGT do Joaquinzão"). A entidade teve certa dificuldade
inicial de se firmar já que se via espremida entre outras tantas e fortes
concorrentes. A entidade tentou correr em raia própria. Por exemplo, enquanto a
CUT e a Confederação Geral dos Trabalhadores articulavam a greve geral de 12 de
junho de 1990, a CGT se pronunciou contrária ao movimento e defendeu a
negociação através da constituição de fóruns de empresários, trabalhadores e
governo. O quadro de dificuldades de inserção da entidade na vida
político-sindical brasileira, agravou-se ainda mais quando os militantes de
esquerda ligados ao PCB resolvem migrar para a CUT.
Em
maio de 1991, Joaquinzão desliga-se da CGT sendo substituído no comando
da entidade por Antônio dos Santos Neto. Neste ano, a central participa, junto
com as demais centrais, das discussões acerca da lei salarial votada naquele período
pelo Congresso Nacional. Em 1992, a entidade apoia o processo de impeachment
contra o presidente Collor de Mello, no sentido de superação da crise política
que se instalou. Ao mesmo tempo, entregou ao então vice-presidente Itamar
Franco, que estava em vias de assumir a presidência, uma pauta contendo
sugestões para seu programa de governo. Esta pauta tinha como ponto principal o
pedido de cancelamento do programa de privatização levado à cabo pelo governo,
solicitando, inclusive, que algumas das já realizadas fossem revistas. Além
disso, pedia liberação de recursos para a construção civil, assentamento
emergencial dos trabalhadores rurais e a redução das taxas de juros e da carga
tributária.
Anos
mais tarde, dirigentes da Confederação registram a CGT como uma marca exclusiva
e abrem processo na Justiça, impedindo que a Central Geral pudesse usar a
sigla. Até 2004, a CGT ficou conhecida como CGT Central, passando a se chamar,
então, CGTB. Em termos de grupos políticos, a CGTB tem forte influência da organização
de esquerda Movimento Revolucionário 8 de outubro (MR-8). Em termos de suas
bandeiras de luta, a central defende, entre outras: a contribuição negocial
para sustentação dos sindicatos, a reduçao dos juros, aumento real dos
salários, o desenvolvimento nacional e a mudança na legislação de extração de
petróleo tendo em vista o advento do chamado Pré-sal. Segundo dados do
Ministério do Trabalho e do Emprego (MTE), em 2008, a CGTB tinha a quinta
posição entre as centrais, com 5,38% de entidades sindicais existentes
filiadas.
FONTES:
http://www.cgtb.org.br/
- acessado em 03/11/2009; http://www.mte.gov.br/ - acessado em
07/11/2009.