MAR DE LAMA
MAR
DE LAMA
Expressão
utilizada pelos opositores do presidente Getúlio Vargas para designar a
corrupção que teria caracterizado seu segundo governo. A expressão é atribuída
ao próprio presidente Vargas, ao tomar conhecimento das transações ilícitas
realizadas por Gregório Fortunato, chefe da sua guarda pessoal. Essas
irregularidades vieram à tona em agosto de 1954, durante os inquéritos
conduzidos pela polícia e pela Aeronáutica para descobrir o mandante do
Atentado da Toneleros, no qual foi assassinado o major-aviador Rubens Vaz e
ficou ferido o jornalista da oposição Carlos Lacerda, dono do jornal
Tribuna da Imprensa.
Com
a prisão de Gregório, que foi responsabilizado pela contratação do pistoleiro
que atirou em Rubens Vaz e em Lacerda, e a apreensão do seu arquivo particular,
vieram a público notícias de corrupção em larga escala por ele praticada, tais
como subornos, empréstimos irregulares contraídos no Banco do Brasil, contatos
estreitos com criminosos profissionais e a compra irregular de uma fazenda de
um filho de Getúlio, Manuel Vargas, por quase quatro milhões de cruzeiros
antigos. As denúncias comprometiam diretamente o próprio palácio do Catete,
devido à posição oficial que Gregório ocupava junto ao presidente. Decepcionado
com toda aquela situação, habilmente explorada pela imprensa da oposição e
pelos parlamentares da União Democrática Nacional (UDN), Getúlio teria afirmado
ao coronel da Aeronáutica João Adil de Oliveira, responsável pelo inquérito
policial-militar que investigava o atentado da Toneleros: “Tenho a impressão de
me encontrar sob um mar de lama.”
Sérgio Lamarão
FONTES:
BALDESSARINI, H. Getúlio; DULLES, J. Getúlio; SILVA, H. 1954; SKIDMORE, T.
Brasil.