PARTIDO
SOCIAL CRISTÃO (PSC)
Partido
político nacional criado em julho de 1985.
Origens e programa
Atuação
Em novembro de 1985, o PSC concorreu pela primeira vez a uma eleição
majoritária. Lançou seu presidente e organizador, Vítor Jorge Abdalla Nousseis,
candidato a prefeito de Belo Horizonte, mas não teve êxito.
Em novembro de 1986, Dirce Tutu Quadros elegeu-se deputada federal por
São Paulo na legenda do PSC, tornando-se a única representante do partido na
Assembleia Nacional Constituinte. Diante da eleição de Orestes Quércia, do
Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB), para o governo de São
Paulo, a seção paulista do PSC lançou um documento intitulado Manifesto
ao povo de São Paulo, assinado pelo presidente de honra do partido, Herbert
Levy, pelo vice Sérgio Bueno e pelo secretário geral Alberto Rollo. O documento
sintetizava a posição do PSC, de oposição ao governador, classificando sua
eleição como um “retrocesso” para o estado. O manifesto ressaltava também a
posição de independência do PSC em relação ao governo do presidente José Sarney
(1985-1990).
Nos meses que antecederam as votações da Assembleia Nacional
Constituinte, em 1988, o PSC, mesmo tendo perdido sua representante Dirce Tutu
Quadros, que se transferiu para o Partido Trabalhista Brasileiro (PTB),
manifestou-se através de Herbert Levy favorável à restrição do acesso ao
horário político gratuito a partidos com pouca representação política. Nas
eleições municipais de novembro de 1988, o PSC elegeu 27 prefeitos em todo o
Brasil, 22 na região Nordeste e cinco no Sudeste.
O PSC destinou, em maio de 1989, 45% do seu programa no horário
eleitoral gratuito ao então candidato à presidência da República pelo Partido
da Reconstrução Nacional (PRN), Fernando Collor de Melo. Segundo explicações
dadas pelo secretário-geral Sérgio Bueno, o partido havia gravado dois
programas; na gravação não exibida, fora lançada a candidatura do ex-deputado
Vasco Neto; essa candidatura foi, contudo, prontamente descartada. Logo depois
o partido ingressou formalmente na coligação que sustentava Fernando Collor de
Melo, que se utilizou da legenda para apresentar, em 18 de maio, um dos seus
três programas de televisão no horário gratuito destinado aos partidos que
alavancaram sua subida ao primeiro lugar nas pesquisas de intenção de voto.
Esse ingresso acarretou, inclusive, a cessão do número de registro eleitoral do
PSC (20) ao candidato do PRN. Em Alagoas, ainda 1989, o PSC recebeu a filiação
de Geraldo Bulhões, egresso do PMDB.
Após assistir à eleição de Collor em 1989, nas eleições de 1990 o PSC
obteve sua primeira vitória expressiva, elegendo Geraldo Bulhões governador de
Alagoas. Na Câmara o partido experimentou um razoável crescimento, elegendo
quatro deputados por Alagoas e um pelo Maranhão. Também em 1990, o PSC
conseguiu seu registro eleitoral definitivo.
Nas eleições de 1992, o PSC elegeu os prefeitos de 41 municípios em todo
o país, a maioria absoluta (37) no Nordeste, confirmando assim seu bom
desempenho na região.
No início de 1994 o PSC obteve, junto com o Prona, a alteração do artigo
5º da lei eleitoral promulgada em setembro de 1993, que vedava a participação
dos pequenos partidos nas eleições presidenciais. Foi-lhe permitido então
lançar candidato próprio à presidência da República. Não obstante, em maio o
PSC entrou com um mandado de segurança no Superior Tribunal Federal (STF)
visando adiar por 99 dias as eleições gerais marcadas para outubro. Alegava o
partido “prejuízo irreparável devido à impossibilidade inicial de lançar a sua
própria candidatura” e afirmava que o adiamento do pleito compensaria o tempo
perdido. Não tendo êxito nessa tentativa, o PSC lançou, ainda em maio, a
candidatura do almirante Ernani Goulart Fortuna à presidência. O candidato
ficou em sétimo lugar, com 238.257 votos. Na Câmara o partido teve sua bancada
reduzida a três representantes, dos estados do Maranhão, Alagoas e Roraima, e
para o Senado não elegeu nenhum candidato.
Ainda durante a campanha eleitoral de 1994, o PSC ingressou, em julho,
com uma ação na Justiça Eleitoral contra os deputados do Partido dos
Trabalhadores (PT) José Dirceu, de São Paulo, e Vladimir Palmeira, do Rio de
Janeiro. O presidente do partido e candidato à vice-presidência da República,
Vítor Jorge Abdalla Nousseis, acusou os dois deputados de terem infringido a
legislação eleitoral ao enviar correspondência contendo propaganda eleitoral
por conta da Câmara dos Deputados.
As mudanças previstas na lei eleitoral de 1995 visavam extinguir
automaticamente partidos como o PSC e mais 11 outros que não estavam alcançando
o mínimo de 5% do eleitorado. Graças a manobras partidárias, as mudanças
acabaram não vingando. O PSC teve, contudo, que suportar o assédio e a pressão
por parte do prefeito de São Paulo, Paulo Maluf, que buscava dissidentes ou simpatizantes
nas pequenas agremiações para a formação de um bloco sob sua liderança.
Nas eleições de 1996, o PSC deu apoio ao candidato do Partido da Social
Democracia Brasileira (PSDB), Sérgio Cabral Filho, na disputa pela prefeitura
do Rio de Janeiro. Na capital paulista o partido decidiu, em convenção,
lançar candidatura própria: a chapa era liderada pelo
engenheiro Pedro Camilo Neto, tendo Fortunato Montone como vice.
Sérgio Cabral Filho foi derrotado no segundo turno da eleição carioca pelo
candidato da situação, Luís Paulo Conde, do Partido da Frente Liberal (PFL),
enquanto Pedro Camilo Neto obteve apenas 1.451 votos, ficando em
último lugar na disputa pela prefeitura de São Paulo. Em todo o país o PSC
obteve um total de 49 prefeituras, nenhuma delas em capital. A maior
parte, ou seja, 21, se localizava em estados da região Nordeste, principalmente
Bahia e Alagoas. O melhor desempenho do partido, porém, foi em Minas
Gerais, onde obteve 12 prefeituras. Também na região Norte o PSC teve razoável desempenho,
conquistando dez prefeituras, seis delas no Pará.
Nas eleições de 1998, o candidato a presidente da República lançado pelo
PSC foi o advogado Sérgio Bueno, que obteve apenas 0,18% dos votos, terminando
em penúltimo lugar. Para o governo do estado do Rio de Janeiro o partido apoiou
o candidato do Partido Renovador Trabalhista Brasileiro (PRTB), o advogado
Fábio Tenório Cavalcanti, que terminou a disputa em nono lugar. Já em São
Paulo o PSC lançou a candidatura de Edson Falanga, que obteve apenas o
penúltimo lugar. Para o Congresso Nacional o partido elegeu dois deputados
federais: Dino Fernandes, do Rio de Janeiro, e Paulo Marinho, do Maranhão.Em
2000, o PSC apresentou concorreu a prefeitura de 170 municípios, elegendo 33
candidatos. Os resultados mais expressivos da legenda foram obtidos,
respectivamente, na Bahia, em Minas Gerais e em Goiás.
Nas eleições gerais de 2002, o partido não apresentou candidatura
própria à presidência da República, nem se coligou oficialmente para isso. O
PSC lançou candidatos próprios aos governos de três estados, Paraná, Rio Grande
do Norte e Rio Grande do Sul, mas não elegeu nenhum. Apenas um representante do
partido chegou à Câmara dos Deputados: Renato Cozzolino Sobrinho, do Rio de
Janeiro.
Em 2003, o PSC aceitou a filiação de grupos políticos ligados Anthony
Garotinho, ex-governador do Rio de Janeiro. Dos 180 candidatos a prefeito
lançados pelo partido nas eleições municipais de outubro de 2004, 26 tiveram
sucesso, uma marca ligeiramente inferior aos das eleições municipais
anteriores. Dessa vez, os estados de melhor desempenho comparativo do PSC,
foram Minas, Maranhão e Rio de Janeiro.
No pleito de outubro de 2006, o PSC lançou candidatos para os governos
da Bahia, Mato Grosso e São Paulo, mas nenhum deles obteve êxito. O mesmo
ocorreu com os postulantes do partido ao Senado Federal, que concorreram por
Mato Grosso, Paraná e São Paulo. Já para
a Câmara, o PSC logrou aumentar sua representação e elegeu nove deputados
federais, dos quais três foram eleitos pelo estado do Rio de Janeiro. Apostando
em tal crescimento, o partido lançou 257 candidatos a prefeitos no pleito de
2008, dentre os quais quatro em capitais – Pastor Neto, em Fortaleza; Moises
Souza, em Macapá; Carlos Eduardo Cadoca, em Recife; e Filipe Pereira, no Rio de
Janeiro. Apesar de não ter saído vitorioso nas capitais que pleiteou, obteve
desempenho destacado na comparação com as últimas eleições municipais, tendo
recebido mais de um milhão de votos e conquistado 60 prefeituras.
Já nas eleições de 2010, o PSC coligou-se com o Partido dos
Trabalhadores (PT), tendo apoiado a candidatura bem-sucedida de Dilma Rousseff
à sucessão presidencial. Lançou candidato a governador apenas no Distrito
Federal, onde o postulante Joaquim Roriz teve a candidatura indeferida e foi
substituído pela esposa, Weslian Roriz, também do partido. Apesar da boa
votação recebida, que levou a representante do PSC à disputa do segundo turno,
acabou derrotada pelo petista Agnelo Queirós. Por sua vez, o partido obteve
bons resultados nas eleições para o Congresso, tendo eleito Eduardo Amorim
senador por Sergipe, além de ampliado sua bancada na Câmara, que passaria a
contar com 17 deputados na nova legislatura.
Em
julho de 2011, um representante filiado ao partido, pela primeira vez, assumiu
a presidência da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj),
durante a licença do então presidente da Casa, Jorge Piciani.
Nas eleições municipais realizadas em Outubro de
2012, o partido lançou candidatos para cerca de 300 prefeituras em todos os
estados, tendo obtido êxito na eleição de 83 prefeitos, O pleito trouxe aumento
significativo ao partido, que, em 2008, havia eleito 57 prefeitos. Dentre as
candidaturas para os executivos municipais, o PSC pleiteou duas capitais,
Curitiba e Rio Branco, nas quais os candidatos Ratinho Junior e Antonia Lúcia,
receberam, respectivamente, 387.483 e 3.390 votos, tendo o paranaense chegado à
disputa do segundo turno. Para os legislativos municipais, o PSC lançou mais de
14 mil candidatos a vereador e também aumentou o número de vereadores
empossados nas respectivas câmaras, que, em 2009, foi de 1.146, e nesta nova
legislatura iniciada em 2013, foi de 1.468.
Em fevereiro de 2013, o partido indicou o deputado
Pastor Marco Feliciano para a disputa da presidência da Comissão de Direitos
Humanos e Minorias, fato que gerou críticas entre movimentos sociais e
parlamentares, em virtude de declarações supostamente homofóbicas e racistas
feitas pelo deputado. Eleito presidente da Comissão em sessão conturbada e
esvaziada pelos opositores de sua candidatura, recebeu onze votos de seus
pares, e, empossado, afirmou que havia sido mal interpretado e que trabalharia
como um magistrado. A atuação do PSC, porém, seguiu suscitando polêmicas quanto
à questão homo afetiva, tendo o partido recorrido ao Supremo Tribunal Federal
(STF), em maio, a fim de contestar resolução do Conselho Nacional de Justiça
(CNJ) acerca da legalidade do registro de união estável entre pessoas do mesmo
sexo.
Em março de 2014, então com vistas às eleições que
seriam realizadas em outubro, o PSC deixou de integrar a base de apoio ao
governo federal, tendo o líder do partido na Câmara, deputado André Moura,
anunciado o posicionamento pela independência de seus correligionários. À
época, o rompimento foi tratado como primeiro indício de que o partido não mais
apoiaria a mandatária Dilma Rousseff no pleito pela reeleição, mas lançaria
candidatura própria. No mês seguinte, a seis meses das eleições, o PSC lançou a
pré-candidatura do vice-presidente do partido, pastor Everaldo Pereira à
Presidência da República, conforme veio a ser oficializado em convenção
nacional realizada em São Paulo, no mês de junho.
A candidatura representou um entrave aos
postulantes tidos como favoritos, por mobilizar para si o apoio de grande parte
do eleitorado evangélico. Ao menos entre os considerados minoritários, o PSC
despontou, chegando inclusive a figurar entre os quatro mais votados nas
pesquisas de intenção de voto que antecederam o pleito, com a preferência de
cerca de 3% dos entrevistados. Em campanha conturbada que contou com o óbito de
um dos principais postulantes, Eduardo Campos, o candidato do PSC vocalizou
pautas tidas como conservadoras em termos de direitos, moral e costumes, mas
liberais no que concerne à economia, tendo defendido a gestão privada para
todas as áreas, exceto educação.
Realizado o pleito em outubro, Everaldo Pereira
recebeu 780 mil votos, correspondentes a 0,75% do total válido na ocasião. Com
a quinta colocação na disputa que levou ao segundo turno a mandatária Dilma
Rousseff e o senador tucano Aécio Neves, o PSC apoiou o candidato
oposicionista, mas a petista acabou reeleita com 51,64% dos votos. Para os
postos de governador, por sua vez, o partido lançou candidatos em dois estados:
Sergipe e Piauí. No primeiro, o senador Eduardo Amorim obteve 415 mil votos, mas
não superou o então governador Jackson Barreto, que foi reeleito ainda em
primeiro turno; e, no segundo estado, o candidato Mão Santa recebeu menos de 2%
dos votos válidos.
Já para o Legislativo, o PSC lançou Gustavo
Henrique como candidato ao Senado Federal pelo Piauí, mas não obteve êxito no
tento, mantendo, assim, Eduardo Amorim como único representante do partido
naquela Casa. E, para a Câmara, o partido elegeu 12 deputados, com destaque
para a votação recebida pelo parlamentar paulista Marco Feliciano, que foi o
quarto mais votado naquela ocasião, com 398 mil votos.
A origem do PSC remonta a 1970, quando Pedro Aleixo tornou-se o
principal articulador da criação do Partido Democrático Republicano (PDR), com
que visava romper o bipartidarismo vigente desde 1965 e recompor a ordem
constitucional. Obstaculizada pelas exigências da legislação, o partido não
conseguiu registro eleitoral. Apesar disso, em março de 1971, foram lançados o
manifesto, o programa e o estatuto do PDR, que contaram com 105 assinaturas,
sobretudo de profissionais liberais. A proposta do partido expressa no programa
consistia na manutenção, defesa e aperfeiçoamento do regime democrático
definido na Constituição, além do compromisso de procurar “assegurar e
preservar os direitos fundamentais da pessoa humana”. Após o falecimento de
Pedro Aleixo em 1975, seu filho Maurício Aleixo deu prosseguimento à
organização do PDR que, em 1981, já após a reforma partidária de 29 de novembro
de 1979, conquistou registro provisório.
Em 1982,
o advogado mineiro Vítor Jorge Abdalla Nousseis, então presidente da
agremiação, sugeriu a mudança do nome para Partido Social Cristão. Entendia ele
que o termo “social” tornaria mais dinâmica a mensagem partidária. Em julho de
1985, já com a nova denominação, o PSC obteve seu registro no Tribunal Superior
Eleitoral (TSE). Tinha como símbolo um peixe e a cor verde-água em fundo
branco. Caracterizava-se de toda forma pela defesa do parlamentarismo, da
reforma agrária e da consolidação da democracia no Brasil, tendo como
fundamento os princípios cristãos. O partido tinha na época diretórios em
São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Paraná, Brasília, Alagoas, Ceará, Rio
Grande do Norte, Goiás e Espírito Santo.
André Guerra/Jean Spritzer
FONTES:
NICOLAU, J. Multipartidarismo. Portal da Câmara dos Deputados.
Disponível em: <http://www.camara.gov.br/>. Acesso em 03/07/2014; Portal
Congresso em Foco. Disponível em:
<http://www.congressoemfoco.uol.com.br/>. Acesso em 03/07/2014; Portal do
jornal O Estado de S. Paulo. Disponível em: <http://www.estadao.com.br/>.
Acesso em 13/01/2016; Portal do Partido Social Cristão. Disponível em: <http://www.psc.org.br/>.
Acesso em 03/07/2014; Portal do Tribunal Superior Eleitoral. Disponível em:
<http://www.tse.jus.br/>. Acesso
em 03/07/2014.