TRIBUNA
POPULAR
Jornal
carioca diário, criado em 22 de maio de 1945 e fechado em dezembro de 1947,
vinculado ao Partido Comunista Brasileiro (PCB).
Com a decretação da anistia por Getúlio Vargas, em abril de
1945, e a legalização do Partido Comunista nesse mesmo ano, os antigos
militantes comunistas puderam voltar a atuar. Surgiu assim a necessidade de um
órgão de imprensa que servisse de instrumento para ampliar a ação do partido.
Dentro desse quadro, ocorreu a fundação da Tribuna Popular. Segundo Paulo Mota
Lima, embora tivesse vinculações com o PCB, o novo jornal não era seu órgão
oficial, pretendendo, antes, ser um jornal de massa.
Da direção coletiva da Tribuna Popular faziam parte Pedro
Mota Lima, Álvaro Moreira, Aidano do Couto Ferraz, Dalcídio Jurandir e Carlos
Drummond de Andrade. A equipe do jornal era integrada tanto por comunistas como
por não-comunistas.
Além
de participar de campanhas em que se envolveu toda a imprensa do país, a
Tribuna Popular caracterizou-se pela defesa constante do trabalhador em sua
luta contra os empregadores, posição essa que lhe valeu grande popularidade.
Logo nos primeiros meses de vida, o jornal manteve uma periodicidade diária,
chegando a atingir, segundo Aidano do Couto Ferraz, uma tiragem de 123 mil
exemplares.
Por outro lado, a abertura política trazida com o fim do
Estado Novo apresentava muitas limitações. Ainda no ano de 1945, a redação da
Tribuna Popular foi invadida e depredada, passando o jornal a sofrer
perseguições permanentes e a ter sua existência constantemente ameaçada.
A relativa autonomia de que gozava a Tribuna Popular com
relação ao PCB não significava, ainda segundo o depoimento de Aidano do Couto
Ferraz, que as interferências da direção do partido estivessem eliminadas. Na
verdade, era a cúpula partidária que definia a linha política do jornal, o que
muitas vezes acarretava um tratamento sectário dos temas.
Ainda
assim, a Tribuna Popular desempenhou um papel extremamente importante,
engajando-se em inúmeras campanhas de interesse popular. Seu primeiro grande
desempenho centrou-se na luta pela convocação da Constituinte de 1945 e na
campanha em favor dos candidatos comunistas ou a eles aliados para os pleitos
que se aproximavam. Nesse mesmo ano, o jornal defendeu vigorosamente a
candidatura de Iedo Fiúza à presidência da República, rechaçando as acusações
de Carlos Lacerda e combatendo os candidatos Eurico Gaspar Dutra e Eduardo
Gomes. Em janeiro de 1947, em virtude da aliança realizada entre o Partido
Social Progressista (PSP) e o PCB, o jornal defendeu a candidatura de Ademar de
Barros para o governo de São Paulo.
A
Tribuna Popular marcou ainda sua atuação criticando a ocupação de bases
militares brasileiras por norte-americanos, combatendo o rompimento das
relações diplomáticas entre o Brasil e a União Soviética, denunciando as
torturas praticadas durante o Estado Novo e pregando a necessidade de punição
dos culpados.
O
fechamento do regime, que resultou na cassação, em 7 de maio de 1947, do
registro do PCB, e, em janeiro de 1948, do mandato de seus representantes,
tornava cada vez mais difícil a existência do jornal, que por sua vez combatia
as investidas repressoras do governo. Essa situação conduziu finalmente à sua
suspensão, ocorrida no mês de dezembro de 1947.
Marieta de Morais Ferreira
FONTES: ENTREV.
FERRAZ, A.; LIMA, P. Dossiê.