UNIÃO
POPULAR PELA AUTONOMIA FLUMINENSE
Movimento político constituído em 1º de novembro de 1935 em
Niterói por vários partidos fluminenses com o objetivo de combater a
interferência federal e de outros estados na política interna do estado do Rio
de Janeiro, no início de 1937, foi rearticulada com o nome de Aliança
Autonomista Fluminense. Cessou suas atividades com o golpe do Estado Novo, em
novembro de 1937.
A disputa política travada em torno das eleições de setembro
de 1935 para o governo do estado do Rio sofreu a interferência do governo
federal e de alguns estados devido ao papel que o governo fluminense poderia vir
a desempenhar no momento da sucessão presidencial em 1938. Assim, enquanto o
governo de São Paulo, juntamente com o governo federal, apoiou o almirante
Protógenes Pereira Guimarães, ministro da Marinha e candidato da Coligação
Radical-Socialista, composta pelo Partido Popular Radical (PPR) e pelo Partido
Socialista Fluminense (PSF), os governos de Minas Gerais e do Rio Grande do Sul
prestigiaram o general Cristóvão de Castro Barcelos, candidato da União
Progressista Fluminense (UPF), apoiado também pelo Partido Evolucionista e por
um dissidente do PSF.
Realizada a eleição, Protógenes Guimarães foi eleito pela
Assembléia Constituinte fluminense por 23 votos contra 22. Entretanto, devido
ao tumulto em que transcorreu a votação — o deputado socialista Capitulino dos
Santos Júnior recebeu um tiro no momento em que depositava seu voto, e o
próprio Cristóvão Barcelos foi também alvejado —, a UPF interpôs recurso,
pedindo a anulação do pleito. Embora o resultado fosse mantido, a posse do
candidato eleito foi adiada.
Em
meados do mês de outubro, o líder da Assembléia, o deputado progressista
Bernardo Belo Pimentel Barbosa, anunciou que estava sendo organizado um
movimento denominado Aliança Automobilista Fluminense, reunindo vários partidos
em defesa da autonomia do estado do Rio perante os governos estaduais e
federal.
No dia 31 de outubro, vários membros da UPF, do PSF, do
Partido Evolucionista e do Partido Republicano Fluminense (PRF), além de
médicos, advogados, engenheiros, jornalistas e operários reuniram-se no
escritório de Bernardo Belo para discutir a constituição efetiva de um
movimento de opinião pública em defesa das liberdades democráticas e da
autonomia fluminense.
No dia seguinte, ficou definitivamente assentado que essa
organização seria denominada União Popular Autonomista Fluminense. Foi então
escolhido um comitê diretor provisório, formado pelo deputado federal do
Partido Evolucionista Galdino do Vale Filho, o deputado federal da UPF Artur
Lontra Costa e os deputados estaduais Bernardo Belo e Mário Alves, também da
UPF.
Entre
os principais objetivos da União Popular Automobilista Fluminense figuravam a
abolição dos impostos que incidissem diretamente sobre as camadas pobres da
população, bem como daqueles que prejudicassem o desenvolvimento da lavoura, da
indústria e do comércio, o estabelecimento de um imposto progressivo sobre as
grandes empresas industriais e agrícolas, o respeito a todas as crenças
religiosas, à liberdade de imprensa e ao direito de organização sindical e
política, o apoio irrestrito aos movimentos operários e populares em prol do
melhoramento econômico, político, cultural e social dessas camadas, a defesa do
ensino primário e profissional gratuito, o aperfeiçoamento do sistema médico, a
abertura de novas estradas estaduais e municipais e o saneamento da Baixada
Fluminense.
A União reconhecia também em seu programa a necessidade de
expandir sua penetração nas fábricas, nas fazendas, nos bairros, nas empresas,
nas escolas, nas cidades e nos povoados do interior.
A
campanha em defesa de autonomia do estado foi oficialmente lançada num comício
realizado no dia 5 de novembro de 1935, em Niterói. Nessa ocasião, foi eleito o
comitê diretor da União Popular Autonomista Fluminense, composto por deputados
federais e estaduais da UPF, do PSF, do PRF e do Partido Evolucionista. Entre
os deputados federais da UPF figuravam Asdrúbal Gwyer de Azevedo, Artur Lontra
Costa e José Eduardo Prado Kelly. O PSF e o Partido Evolucionista estavam
representados respectivamente pelos deputados federais José Alípio de Carvalho
Costallat e Galdino do Vale Filho.
No dia 6 de novembro, o Tribunal Superior Eleitoral anulou
finalmente o pleito de que saíra vitorioso Protógenes Guimarães. Ainda no mês
de novembro, no entanto, convocadas novas eleições, Protógenes Guimarães tornou
a ser eleito.
Em
maio de 1937, a União Popular Autonomista foi revivida sob a denominação de
Aliança Autonomista Fluminense, solidarizando-se com a candidatura de Armando
de Sales Oliveira à presidência da República. O programa em defesa do regime
democrático e da autonomia do estado do Rio foi mantido. No início de junho,
Prado Kelly, Alípio Costallat e Galdino do Vale Filho foram indicados para
formar a diretoria provisória do movimento.
Com
o golpe do Estado Novo, a Aliança cessou suas atividades, ao mesmo tempo em que
Armando Sales era preso e todos os estados perdiam sua autonomia.
FONTES: Diário de
Notícias, Rio (15/10 e 2 e 6/11/35); Estado, Rio (1, 2, 6 e 7/11/35, 18/5 e
3/6/37); Manhã, Rio (5/11/35).