1ª Entrevista: 11.05.2010
Arquivo em áudio 1: As origens familiares do entrevistado: a “descendência intelectual”; o ramo familiar espanhol, materno, basco e catalão; a história do bisavô, especialista em Morse, autor e tradutor de livros; a história do avô, engenheiro de telecomunicações; a história da família no contexto da Guerra Civil Espanhola; menção à ajuda recebida pela família por parte do, então “Ministro da Gobernacíon, Julián Zugazagoitia para fugir da Espanha; origens do ramo familiar paterno; semelhanças e diferenças entre os dois ramos genealógicos; memória e influências da família do pai; a história de vida do avô, Joaquim Manuel Cabral – médico, militar, republicano, positivista e maçon – e a sua Memória, escrita pelo entrevistado; menção ao fato de pertencer a uma família composta por “altos funcionários públicos”; comentários acerca da união matrimonial dos pais, sob o contexto da Segunda Guerra Mundial; menção à como os pais se conheceram; o regresso da mãe à Barcelona; o seu nascimento em Ponta Delgada, Portugal; a posição política de esquerda da sua família; a formação de famílias republicanas liberais de tendência esquerdista como reação ao fascismo; comentários acerca da sua infância e juventude; os primeiros anos de estudo; os estímulos à leitura, através do pai; a influência do livro, O Émile, de Jean Jacques Rousseau, na sua educação; a relação carinhosa com o irmão mais novo e a mãe e a relação um pouco mais afastada com o pai; o estudo como um refúgio para os problemas em família; a politização prematura, por influência do pai; comentários acerca do processo da escolha profissional; a indecisão inicial para escolher o curso; o interesse pela arquitetura, a sua entrada e saída do curso; a mudança curricular do curso de Arquitetura durante a ditadura; o primeiro emprego, no setor de contabilidade da Federação Nacional dos Produtores de Trigo (FNPT); a transferência do setor de contabilidade para o da Biblioteca e Informação, onde teve contato com o livro: História econômica geral, de Max Weber; a experiência no Movimento dos Cineclubes; o contato com o pintor Mequias Capinan; a entrada no Partido Comunista Português (PCP); o contato com o escritor Mário Henrique Leiria; a sua primeira reunião como militante; comentários acerca do funcionamento do partido comunista luso e dos papéis que ocupou; mais comentários sobre a carreira profissional na FNPT; os trabalhos como tradutor; menção ao breve namoro com Maria Emília Dias Coelho; o emprego na editora Europa-América, substituindo um companheiro de partido, que estava desaparecido; menção à visita do papa Bento XVI à Portugal e breves críticas a atuação de Joseph Ratzinger enquanto Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé; menção à criação do Movimento Reorganizativo do Partido do Proletariado (MRPP) e da participação de Durão Barroso, em sua criação; o exílio político de 1963 em Paris; os precedentes do exílio; a tentativa de captura pela Polícia Internacional e de Defesa de Estado (Pide)..........pp. 1-40.
Arquivo em áudio 2: A fuga com a esposa com destino à Madri, para viajar para Paris no dia seguinte; o exílio político de 1963 em Paris; observações acerca do serviço militar português na época da ditadura; comentários sobre o grande número de imigrações de jovens portugueses do sexo masculino durante o Estado Novo; o primeiro contato com as ciências sociais; menção ao papel fundacional de Adérito Sedas Nunes, com relação à sociologia portuguesa; os empregos em editoras de Paris; a entrada na Faculdade de Letras na França e os motivos que o levaram a escolher o curso; menção a fundação da Frente Ação Popular (FAP), em Portugal; participação no Comitê Marxista-Leninista Português (CMLP) e na Revista Revolução popular; a influência de Ernesto de Souza, e o trabalho na revista A Imagem; os encontros com Luis Buñuel; a licenciatura em literatura francesa e comparada, concluída em 1968; o primeiro Comitê Marxista-Leninista, em sua casa, no ano de 1965; a influência de Georg Lukács e Antonio Gramsci; a publicação da revista Cadernos de Circunstância; comentários acerca do trabalho como tradutor; a dissolução do grupo da revista; mais comentários sobre a experiência do Maio de 1968, na França; observações acerca de João Freire; a sua primeira pesquisa histórica, sobre a questão da reforma agrária – menção á interiorização do “vírus acadêmico”, nos termos de Pierre Bourdieu; a dissolução do grupo da revista e o destino de cada um dos membros; breve introdução sobre sua tese de doutorado...........pp.41-62.
2ª Entrevista: 14.05.2010
Arquivo em áudio 1: O primeiro ano de doutorado na École Pratique des Hautes Études, com Fernando Medeiros; o curso do economista e historiador Charles Bettelheim, abandonado em seguida; a aproximação com Pierre Villar; comentários acerca da tese, produzida em conjunto com Fernando Medeiros; menção a participação no grupo “Potere Operaio”, e à influência do seu líder Toni Negri; a ida para Londres, e a divisão entre trabalho e atividade política revolucionária; lembrança do exílio na França e do grupo dos “Cadernos de circunstância”; a influência do pensamento e dos movimentos ultra-esquerdistas, em Portugal; a importância do filósofo José Gil e a amizade com seu irmão, Fernando Gil; a distinção entre “exilados”, “emigrantes” e “expatriados”, e a importância dessas categorias na história de Portugal, sobretudo desta última; breves comentários sobre o colonialismo português e a gestão do império português antes e durante o Governo Salazar; a Revolução dos Cravos e suas repercussões; a versão portuguesa de O desenvolvimento do capitalismo, escrita por ele; a tese de História sobre o século XIX; a importância da dependência de Portugal à Inglaterra, para manutenção de seus territórios; a ida à Portugal por ocasião da revolução em 25 de Abril, de 1974; a entrada no ISCTE (Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa) como professor; a decisão de, iniciada a carreira acadêmica no ISCTE, abandonar a carreira política; menção aos trabalhos de Salazar, anteriores ao Estado Novo português; a bolsa de estudos em Oxford; a origem da bolsa e a experiência vivida por causa desta; ; a entrada para o Gabinete de Investigações Sociais (GIS), em 1976; o curso, dado pelo entrevistado, de sociologia rural e a questão da articulação do urbano com o rural em Portugal; comentários acerca dos temas de pesquisa e publicações feitas pelo entrevistado; menção à saída do ISCTE; o papel que exerceu na informatização da Biblioteca Nacional de Portugal; o trabalho na Biblioteca Nacional de Portugal; o Clube de Esquerda Liberal – grupo criado por ele e outros estudiosos; breves comentários sobre a relação com Adérito Sedas Nunes; a saída da Biblioteca Nacional; a relação com o Brasil: a ida ao Brasil em 1979 por ocasião da criação do IDESP (Instituto de Estudos Econômicos, Sociais e Políticos de São Paulo) por Bolívar Lamounier; a relação com os amigos brasileiros, Sérgio Miceli e José Guilherme Merquior; o trabalho apresentado na IPSA (Instituto de Pesquisas Sociais Aplicadas) , em 1982, sobre o fascismo português..................................pp.1-38.
3ª Entrevista: 09.09.2010
Primeiro contato com o Brasil a partir do Centro de Estudos Latino-Americanos em Oxford; o contato com Fernando Henrique Cardoso; relações políticas no Brasil; o convite de Bolívar Lamounier a Manuel Villaverde para a primeira ida ao Brasil, em 1981; publicações sobre o tema do regime de Salazar; a criação do Instituto de Estudos Econômicos, Sociais e Políticos de São Paulo (IDESP); o encontro de sociologia em Higienópolis, São Paulo, organizado por Bolívar Lamounier; a origem da ciência política portuguesa; a emancipação dos campos da história e da ciência política; a colaboração entre o Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro (IUPERJ), o Instituto de Ciências Sociais (ICS) e o Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa (ISCTE); o encontro com Renato Lessa; a investigação científica em Portugal; o Clube da Esquerda Liberal e o presente de Mário Soares a Villaverde Cabral, a Biblioteca Nacional; a volta ao Brasil, em 1982, para o Congresso Mundial de Ciência Política na Universidade Cândido Mendes e concessões no IUPERJ; o congresso Luso-Afro-Brasileiro em 1990; a importância do Brasil para os Portugueses; as colaborações entre Brasil e Portugal ao nível das ciências sociais; o intercâmbio luso-brasileiro de teorias; sociólogos importantes de Portugal, a exemplo de José Machado Pais; avaliações sobre as ciências sociais no Brasil e em Portugal; a bolsa Afro-Brasileira oferecida pelo ICS; a conexão com o Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano e Regional (IPPUR); projetos realizados com brasileiros; o Centro de Estudos Sociais (CES) da América Latina, sediado em Minas Gerais; momentos marcantes de passagens pelo Brasil; o encontro de sociologia e antropologia, em 2000; o contato com o candomblé em Salvador, Bahia e na baixada fluminense, Rio de Janeiro; a escolha de exercer apenas a carreira de pesquisador, e não mais lecionar; a entrada de Villaverde Cabral na carreira de sociólogo; o problema das publicações internacionais e o inglês como língua científica hegemônica;o ensino da sociologia em Portugal; as críticas de João Freire; a criação da Associação Portuguesa de Sociologia (APS), a partir do ISCTE, que engloba todas as instituições de sociologia; a qualidade do ensino da sociologia em Portugal, relacionada a um corpo docente constantemente ligado à pesquisa; avaliações sobre o Brasil hoje; a questão dos imigrantes brasileiros em Portugal; o problema da massificação do ensino das ciências sociais; a utopia do ensino massificado e de qualidade; o problema do capital humano relacionado às desigualdades sociais; a possível emigração qualificada de portugueses ao Brasil.