1° Entrevista: 10.03.2015
Arquivo 1:
Origens familiares; a entrada do pai da entrevistada no Partido Comunista Brasileiro (PCB); a educação da mãe da entrevistada e a entrada na Faculdade de Direito de Niterói; a eleição do pai da entrevistada para deputado constituinte pelo Partido Comunista Brasileiro, em 1946; a cassação do mandato do pai, em 1948, sua posterior prisão e a entrada na clandestinidade; a ida da entrevistada e seu irmão para morar com a tia materna; a noção, na infância, da vida política dos pais e os encontros com eles nas férias; a ida do pai à União Soviética e a saída da clandestinidade; o envolvimento da entrevistada com a Federação de Mulheres; a relação do pai com Luís Carlos Prestes; a importância e a grande presença do Partido Comunista na vida de seus militantes; a politização na família da entrevistada; os anos de estudo na Escola Pública Pedro Ernesto; a volta do pai da entrevistada, em 1958; a ida da entrevistada para a colônia de férias Kinderland e a aproximação com a Associação Sholem Aleichem (ASA); a importância da tia materna no sustento da família; a mudança do Rio de Janeiro para Niterói e a continuação dos estudos no Liceu Nilo Peçanha; as dificuldades no início da vida em Niterói; as reorganizações dentro do Partido Comunista e o início da participação partidária; o ingresso na Faculdade Nacional de Filosofia, da Universidade do Brasil, atualmente Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), em 1963; o cursinho preparatório para o vestibular, a entrada na Faculdade, as amizades e a participação nas atividades estudantis; as tensões nas assembleias estudantis e a identificação da entrevistada com o recente Partido Comunista do Brasil (PCdoB); o trabalho do pai na direção do jornal A Classe Operária e sua aproximação com a juventude a partir de um curso sobre marxismo; a suspensão da Faculdade, a aproximação de alunos ligados ao PCB e o início do trabalho no diretório estudantil; o retorno à Universidade, a relação com Marina São Paulo Vasconcelos e o interesse por antropologia física; a difícil relação com alguns professores e professoras da Universidade, apesar das boas notas; comentários sobre o golpe militar; o fechamento da Universidade.
Arquivo 2:
Comentários sobre o dia do golpe militar; o ataque militar à Faculdade de Direito, onde se reuniam estudantes e lideranças do PCB; as dificuldades de voltar para casa no dia do golpe; a incredulidade diante da confirmação do golpe; a fuga de casa dos pais na véspera do golpe e a fuga da entrevistada para a casa de uma tia materna na Tijuca no dia seguinte ao golpe; a expulsão da entrevistada da Universidade; a ida para São Paulo, ainda na clandestinidade; a ida de Gilberto Olímpio Maria, namorado da entrevistada, à China; o casamento com Gilberto, em dezembro de 1964; o início do trabalho de mapeamento para uma possível guerrilha; a não participação em células do PC e o trabalho de logística e apoio ao marido; comentários sobre a expulsão da faculdade e o seu dossiê feito pelo Dops; a ida para Guiratinga, Mato Grosso; comentários sobre a ida à Porto Alegre, logo após o golpe, para entregar documentos do PCdoB a uma intermediária que os levariam a Leonel Brizola; a aquisição de documentos falsos em Porto Alegre, adquirindo a alcunha de Teresa da Rosa Freitas; a ida para o Mato Grosso e trabalho como professora particular; a visita do pai à Guiratinga, o desmanche das operação naquela cidade e a volta a São Paulo; a recusa em se mudar para o Rio Grande do Sul e ser enfermeira e a gravidez; o nascimento do filho no Rio de Janeiro; a decisão do Partido de mandar a entrevistada para a Europa e a tentativa de aquisição de um passaporte; comentários sobre a escolha da entrevistada para a ida a Europa; o rompimento do pai da entrevistada com o governo chinês pós-Revolução Cultural; comentário sobre as quatro viagens à Europa; o aprendizado de francês e inglês; comentários sobre a viagem à Roma, onde ficou por três semanas aguardando o pai retornar da China; o registro de nascimento do filho; as mudanças de casa ao longo da clandestinidade e as dificuldades envolvidas; a descoberta de um delegado de polícia ligado ao esquadrão da morte que morava no mesmo prédio que a entrevistada e sua família.
Arquivo 3:
A mudança para um cortiço no bairro do Jabaquara, em São Paulo; a parceria de Maurício Grabois e João Amazonas na escrita dos documentos do PCdoB; a ida do irmão da entrevistada, André Grabois, para a China; comentários sobre a última vez que a entrevistada viu o irmão, André, e o marido, Gilberto; a ida para Buenos Aires; os sofrimentos e as dificuldades da vida na clandestinidade; comentário sobre os questionamentos de gênero nesse período; o culto à personalidade e a relação com o pai; a recusa em ir para a guerrilha e o desejo de criar o filho; o rompimento com o marido e a última vez que o vê; a pouca informação sobre a situação da guerrilha do Araguaia e o trabalho de suporte na compra de roupas e medicamentos; a notícia do fim da guerrilha do Araguaia, através de João Amazonas, e a nova mudança de endereço; comentários sobre o retorno aos estudos e o vestibular para Letras; a mudança de nome do filho e a sua matrícula na escola; as primeiras amizades nos anos de clandestinidade; o início do curso de Letras em uma faculdade em Moema; o início do trabalho como professora; comentários sobre a notícia da morte do irmão; a importância de João Amazonas.
2° Entrevista: 13.03.2015
Arquivo 1
A falta de notícias sobre o pai e o marido da entrevistada; o nascimento do sobrinho; a manutenção do endereço da entrevistada; o fechamento do cerco aos militantes do Partido Comunista do Brasil (PCdoB) próximos da família; o término da ligação com o Partido; o restabelecimento do contato com João Amazonas; o retorno de alguns líderes do PCdoB ao Brasil pós-Lei da Anistia e o medo ainda presente de perseguição por parte da entrevistada e sua mãe; a volta da mãe para o Rio de Janeiro e o reencontro com a família; as tratativas para a saída da clandestinidade; a descoberta da mãe da entrevistada de que o filho havia morrido; a impossibilidade de chorar a morte do irmão; a decisão de sair da clandestinidade, o contato com o advogado Luiz Eduardo Greenhalgh, a confirmação da morte de Gilberto, seu marido, e as tratativas para retomar a identidade de Victoria Grabois; o retorno ao Rio de Janeiro; a despedida e a revelação da identidade para a amiga Liana Maria Casarolli, que a ajudou nos tempos de clandestinidade; a busca por emprego no Rio de Janeiro; o reencontro com a cunhada, Criméia, e o sobrinho, Joca; a descoberta por Igor, filho da entrevistada, de que o pai, Gilberto, havia morrido; comentários sobre o reencontro com João Amazonas; o ingresso no curso de direito na Faculdade Cândido Mendes.
Arquivo 2:
O encontro com Elza Monnerat e a participação no Comitê Brasileiro pela Anistia (CBA), em 1980; comentários sobre o processo de angariamento de recursos para a caravana ao Araguaia; a ajuda de artistas com verbas, como Chico Buarque; longo comentário sobre a viagem à região do Araguaia para localização e contato com a população; a ida para Marabá, Pará, e a relação da população local com os guerrilheiros; o trabalho feito pelos guerrilheiros e o legado deixado por eles na região; a viagem pelas localidade onde a guerrilha organizou destacamentos; o relato da morte do pai, Maurício Grabois; o aliciamento de moradores com ameaças e dinheiro e a difamação da guerrilha por parte do Exército nas comunidades ao largo do rio Araguaia; o acolhimento nas cidades visitadas; a ida para a cidade de Xambioá e os indícios de que os guerrilheiros pudessem estar enterrados na localidade; a descoberta de alguns sepultamentos e a posterior Operação Limpeza do Exército; breve menção a Valquíria, última guerrilheira morta pelo Exército que se tem notícia; comentários sobre o roteiro e a organização da viagem; a ida a Brasília e a visita ao Congresso Nacional; o fim do CBA e a fundação do grupo Tortura Nunca Mais.
Arquivo 3:
A recepção do grupo Tortura Nunca Mais por políticos em Brasília; a entrada do filho da entrevistada, Igor Grabois, no PCdoB; a entrada no PCdoB, em 1981, o trabalho na empresa de cosméticos Ana Pegova e a continuação das tratativas para a normalização dos documentos; a finalização da ação de justificação e a regularização dos documentos; o trabalho de gerente na Ana Pegova e a militância no PCdoB; a participação no Conselho Estadual dos Direitos das Mulheres do Rio de Janeiro; o início dos atritos com o PCdoB; a fundação da Associação Liberdade Mulher; a saída do PCdoB; o casamento e o nascimento do segundo filho; a entrada na Associação de Moradores do Flamengo e a atuação como representante no Comitê das Diretas Já do Rio de Janeiro; comentários sobre o trabalho da Associação Liberdade Mulher e o seu fechamento, em 1989; a maior participação dentro do grupo Tortura Nunca Mais e o convite para a vice-presidência; comentários sobre a organização dos familiares do Araguaia e a entrada de uma ação na Justiça Federal, em 1982, para saber a localização dos corpos e a identificação de vinte e cinco guerrilheiros; o não reconhecimento dos desaparecidos e da guerrilha do Araguaia pela justiça brasileira; a ida de uma caravana dos familiares ao Araguaia, para ir no cemitério de Xambioá, na tentativa de localizar os desaparecidos.
Arquivo 4:
A tentativa de localizar os desaparecidos da guerrilha do Araguaia, a partir da exumação de possíveis corpos; o reconhecimento de Maria Lúcia Petit, que é a primeira identificada como guerrilheira do Araguaia; comentários sobre as outras idas à região do Araguaia e as tentativas de identificação dos guerrilheiros; comentários sobre a aprovação da Lei 9.140, que reconhece como mortas pessoas desaparecidas em razão de participação ou acusação de participação em atividades políticas, no período de 2 de setembro de 1961 a 5 de outubro de 1988; a luta pelo reconhecimento dos mortos pela ditadura; comentários sobre a criação e o trabalho da Comissão de Familiares de Mortos e Desaparecidos; comentários sobre o andamento da ação judicial; comentários sobre a criação da Comissão da Verdade; a criação do Grupo de Trabalho Araguaia, com a participação do Exército, Secretaria de Direitos Humanos, Ministério da Justiça e familiares e a recusa da entrevistada em participar; críticas às mudanças e interrupções dos trabalhos nas mudanças de governo; a relação com as Comissões da Verdade; a importância do grupo Tortura Nunca Mais do Rio de Janeiro e de São Paulo; o problema de grupos receberem financiamento do governo, uma vez que entram em conflito com o Estado; a difícil relação dos familiares com o Estado brasileiro; comentários sobre a necessidade de abertura dos arquivos da ditadura; a dificuldade de acesso aos arquivos dos órgãos públicos, compartilhados à conta-gotas; comentários sobre as recomendações da Comissão da Verdade.
3° Entrevista: 06.05.2015
Arquivo 1:
Comentários sobre o relatório acerca da guerrilha do Araguaia produzido pelas Forças Armadas, em 1993; a não presença dos camponeses mortos no Araguaia no relatório das Forças Armadas; comentários sobre a Lei 9.140 e a luta do grupo Tortura Nunca Mais do Rio de Janeiro e da Comissão de São Paulo pela inclusão dos mortos na Lei; a luta para que os cartórios emitissem certidões de óbito a partir da Lei 9.140; a criação da Comissão Especial de Mortos e Desaparecidos, em 1994, e a escolha de um familiar para compor a comissão; a crítica ao fato de que o ônus da prova de que um militante havia morrido coubesse aos familiares; comentário sobre a indenização paga peço governo Fernando Henrique Cardoso aos familiares; a elaboração de um dossiê pelo grupo Tortura Nunca Mais do Rio de Janeiro, entregue ao Ministério Público Federal; a ida do de representantes do Ministério Público à região do Araguaia; comentários sobre as duas idas da entrevistada ao Araguaia, em 1980 e 1992; a primeira pessoa identificada da guerrilha do Araguaia, Maria Lucia Petit; a ida ao Araguaia, em 1996, organizada pela Secretaria de Direitos Humanos e a identificação do segundo guerrilheiro, Bergson Farias; comentários sobre a informação de que após 1973 as Forças Armadas não enterravam mais os guerrilheiros, os decapitavam e mandavam para Brasília; a retirada dos corpos na Operação Limpeza, após a visita dos familiares à região do Araguaia; comentários sobre as informações colhidas pelo Ministério Público na ida à Araguaia e a descoberta de uma casa de espionagem ainda mantida pela Abin; comentários sobre a Comissão de Anistia e o processo de anistia da entrevistada, que se inicia em 1994.
Arquivo 2:
O processo de anistia da entrevistada, facilitado pelo trabalho como supervisora no Programa Nacional de Alfabetização (PNA); a lotação na Delegacia Regional do Ministério da Educação (Demec) e a opção por seguir trabalhando; comentários sobre os processos de anistia pós Constituição de 1988, antes do regime do anistiado político em 2002; a anistia do filho e do sobrinho; a organização dos familiares e companheiros de mortos e desaparecidos para a elaboração e envio de um carta ao então presidente Luís Inácio Lula da Silva, para que não recorresse da sentença judicial que pede a identificação e a circunstância das mortes dos guerrilheiros do Araguaia; comentários sobre a atuação da Comissão Especial de Mortos e Desaparecidos; a não esperança de que os corpos do Araguaia sejam encontrados e a necessidade de se abrir os arquivos da Ditadura; comentários sobre a criação de um grupo de trabalho, em 2009, para realizar atividades de localização, recolhimento e identificação dos corpos dos guerrilheiros, de iniciativa do Ministério da Defesa; os resultados das idas à região do Araguaia e do trabalho do grupo criado pelo Ministério da Defesa, Grupo Araguaia; as informações desencontradas e não oficiais e o mal-estar que elas podem causar aos familiares; o diário de Maurício Grabois, pai da entrevistada; crítica aos livros escritos sobre a guerrilha do Araguaia; comentários sobre os escritos do pai; a importância do pai dentro do PCdoB e sua proeminência como teórico marxista-leninista; o aprendizado e a lembrança dos pais; comentários sobre o caráter conservador da sociedade brasileira; o atraso brasileiro em relação aos direitos humanos em comparação com outros países da América Latina; os resquícios da ditadura militar na sociedade brasileira; a falta de uma política de direitos humanos mais eficaz e os problemas que decorrem disso.
Arquivo 3:
Longo comentário sobre os princípios de Reconciliação e Pacificação; comentários sobre as dificuldades enfrentadas pela sociedade brasileira; comentários sobre o movimento dos escrachos; a necessidade de uma outra interpretação da Lei da Anistia, para que seja possível punir torturadores da ditadura.